segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Vai florescer um Brasil como nunca se viu

Reunião do Comitê de Minas debate Congresso do PCdoB

O Comitê Estadual do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) de Minas Gerais teve a oportunidade de coletivamente pela primeira vez debater o Programa Socialista que está em apreciação nos trabalhos do 12º Congresso. Foi neste sábado, dia 12, em uma reunião que iniciou com a apresentação do documentário Vai Florescer um Brasil como Nunca se Viu, produzido em Minas. Em seguida, as intervenções feitas destacaram que a questão nacional versus a questão classista esteve ocupando o centro das preocupações.

Para o dirigente Zito Vieira, “a construção do Estado moderno não é contraditório com a valorização da questão nacional, compreendendo essa como mecanismo propulsor da unidade e identidade nacional. Nenhum povo se libertará se ele não se auto-reconhece, se não tem a noção de pertencimento.” Já o também dirigente estadual Murilo Ferreira compreende que “ampliar a presença do Estado na economia brasileira. Fortalecer a participação do setor público no mercado interno é um indicativo para a construção desse projeto”. Celina Areias destacou que “é preciso superar algumas limitações ainda existentes. Na primeira parte, aonde conta a história do Brasil, o texto não coloca com destaque a luta dos trabalhadores. Exemplo é a questão da revolução de 30 que dá mais realce ao Getúlio do que à luta dos trabalhadores”.

O ex-vereador Paulão afirmou que “é preciso que o Partido ‘condimente’ o povo para lutar pelo socialismo”. O presidente do Sindicato dos Professores Gilson Reis ressaltou que “não conseguimos alcançar um nível de debate que pudesse aprofundar esse novo marco civilizatório que nós queremos alcançar. Temos que colocar como eixo de construção desse marco a mobilização popular e como centro do projeto a questão do trabalho”.

Na discussão de conjuntura, a presidente Jô Moraes e o membro do Comitê Central Wadson Ribeiro destacaram alguns aspectos que apontam para o acirramento do confronto político. Foram debatidos temas como um novo marco regulatório com o pré-sal, os novos passos na política de defesa nacional com o possível acordo com a França, a alteração dos critérios de produtividade para fins de reforma agrária e a votação da redução da jornada de trabalho. Foi feita uma análise de que se a direita está bem articulada e ofensiva, isso não acontece com as forças da base de sustentação do presidente Lula. Acompanhando a ampliação do papel do PMDB na dinâmica administrativa do governo, há uma relativa desarticulação das definições políticas e de uma melhor articulação dessa base.

O quadro político em Minas Gerais continua muito indefinido, por ser daqui um possível candidato à presidência, o governador Aécio Neves. Este componente condiciona a construção dos palanques estaduais tanto da situação como da oposição. Some-se a isso a disputa interna em dois importantes partidos da base de Lula, o PT e o PMDB. Mantém, também em Minas, a situação de desarticulação política. O CE definiu que devemos continuar insistindo em tentar a articulação dos principais partidos da base do Lula porque, caso isso se dê há possibilidade real das forças de centro-esquerda chegarem ao Palácio da Liberdade.

O Comitê Estadual passou em revista a organização das conferências municipais do Congresso que precisam ser melhor controladas e o balanço da direção para abrir o processo de construção da nominata para a nova direção. Constatou-se que ainda há um clima de pouca estruturação das conferências municipais, sobretudo nas grandes cidades. Realizaram-se apenas 27 conferências municipais, estando marcadas 118 e ainda sem referência de data 48 cidades. Esta realidade compromete gravemente as metas previstas que seria chegar a 8 mil mobilizados na base. A permanecer esse quadro será preciso um grande esforço para se chegar a 70% das metas.

O debate sobre o trabalho de direção tomou como base o documento de Balanço apresentado pela Comissão Política Estadual, a proposta de Critérios para a Construção da Nominata e uma auto-avaliação de cada um dos dirigentes. Um rico debate foi realizado. “O balanço de direção apontou uma pequena efetividade no trabalho do coletivo”, disse o dirigente Edson de Paula. “O que exige, continua ele, um olhar auto-crítico dos membros dessa direção buscando potencializar a contribuição de cada um, de forma complementar”. “Faço um balanço positivo pelas batalhas que essa direção enfrentou, particularmente no processo eleitoral com candidaturas majoritárias e com a conquista de duas prefeituras, pela primeira vez, pela legenda do partido. Mas acho que o principal desafio é estruturar e consolidar o partido nas principais cidades de Minas Gerais”, indicou outro dirigente. A reunião concluiu centrada na preocupação de dar um impulso aos trabalhos do 12º Congresso.


De Jô Moraes, para o Caderno Vermelho Minas

Foto: Kerison Lopes


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