terça-feira, 1 de setembro de 2009

Debate na UFMG aponta rumos para a democracia brasileira

Um debate sobre os rumos da democracia no Brasil realizado na noite da última sexta-feira, dia 28, com a presença do ministro Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, marcou mais uma atividade do ciclo de conferências promovido pelo Diretório Acadêmico (DA) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) em comemoração aos 30 anos da anistia no Brasil. Diante de uma platéia que lotou o auditório Sônia Viegas, Patrus analisou o processo de construção da cidadania no Brasil que, segundo ele, passa pela democracia participativa.

“Ela é o espaço do encontro. Não existe democracia sem que as pessoas disponham de canais de debate”, analisou o ministro, citando como exemplo o Orçamento Participativo (OP), implantando em Belo Horizonte e em outras cidades brasileiras.

Patrus Ananias destacou que a participação popular na vida pública deve ir além do voto. “As pessoas precisam acompanhar a administração dos governantes, fiscalizar, exigir seus direitos e exercer seus deveres.”

O ministro ressaltou também que o pensamento conservador tenta desqualificar a participação popular, mas a democracia, apesar de suas limitações, sempre se mostrou mais eficaz que o autoritarismo. “A ditadura representou um retrocesso para o Brasil”, disse. O ministro do Desenvolvimento Social também defendeu a liberdade dos meios de comunicação, a minoração das desigualdades sociais e a proteção ao meio ambiente como bandeiras democráticas.

A mesa-redonda que debateu os rumos da democracia no Brasil contou, ainda, com a vice-reitora Heloisa Starling, o professor do Departamento de Ciência Política (DCP) Juarez Guimarães, o vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Tiago Ventura, a presidente da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG), Luiza Lafetá, além do presidente do DA Fafich, Estevão Cruz.

Revolução democrática
Para o professor Juarez Guimarães, o Brasil evoluiu consideravelmente após o fim do regime militar, “mas a democracia pode oferecer muito mais”. De acordo com ele, os mecanismos da democracia representativa no Brasil precisam ser reformulados. “Os brasileiros não confiam nas instituições governamentais, não porque não acreditam na democracia, mas porque entendem que essas instituições estão contaminadas pela corrupção.”

Para o alcance da revolução democrática, o professor defendeu a ampliação da presença das mulheres na vida política brasileira e o incentivo ao ingresso dos negros nas universidades. A educação, a cultura, a imaginação e a esperança foram outros elementos abordados pelo professor como fundamentais à revolução democrática. “Não podemos nos acostumar com a pobreza e a violência. O desejo maior é não mais conviver com a desigualdade e, para isso, é preciso fazer com que os bens necessários à revolução social, como trabalho, escola, propriedade e saúde, sejam públicos neste país”, completou Juarez Guimarães.

Símbolo de resistência
O vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Tiago Ventura, afirmou que é necessário fortalecer a dimensão pública na democracia, o que passa pela democratização das universidades em todos os seus aspectos. “É importante pôr as instituições de ensino superior a serviço dos movimentos sociais e democratizar o conhecimento produzido na academia.”

Em sua participação no debate, a vice-reitora Heloisa Starling destacou o papel da Fafich como símbolo da resistência estudantil da UFMG e a necessidade que ela ajude a Universidade a exercer sua capacidade de reflexão. Outro objetivo do debate foi exatamente homenagear os 70 anos de criação da Unidade, completados em 2009.


Foto: Bruno Spada


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