segunda-feira, 30 de junho de 2008

A força que vem de todos

Ontem (29/6), o PCdoB de Montes Claros realizou sua Convenção Municipal para definir suas candidaturas. Por decisão unânime dos delegados e delegadas presentes, o PCdoB definiu o apoio à candidatura do deputado estadual Luiz Tadeu Leite (PMDB) à prefeitura. A Convenção também decidiu que a coligação com o PMDB se estenderá à chapa de vereadores. O presidente municipal do PCdoB, vereador Lipa Xavier, valorizou a vitória da unidade dos comunistas em mais essa batalha. “O PCdoB realizou uma Convenção vitoriosa, tanto quantitativa quanto qualitativamente, sobretudo porque demonstra um nível de unidade política nesse momento tão importante da vida partidária”, afirmou Lipa.

A decisão de apoiar Tadeu Leite levou em conta a necessidade de mudança no comando do município. “O atual prefeito além da incompetência administrativa, mostrou sua verdadeira face ao chamar a polícia para reprimir com violência a legítima manifestação estudantil em defesa do meio-passe”, declarou Daniel Dias, presidente municipal da União da Juventude Socialista (UJS) e membro da direção municipal do PCdoB.

Após a Convenção do PCdoB, os militantes seguiram em passeata para o Ginásio do SESC, onde se realizava a Convenção do PMDB. Ao chegar com suas bandeiras vermelhas desfraldadas, a militância comunista foi saudada calorosamente pelas centenas de convencionais que ocupavam a quadra e as arquibancadas do Ginásio. Em sua intervenção, falando pelo PCdoB, Lipa lembrou que este é um momento histórico para o povo de Montes Claros e afirmou que a combativa militância do PCdoB não envidará esforços para eleger Tadeu Leite “não o futuro, mas o próximo prefeito de Montes Claros”.

Ao saudar a Convenção, Tadeu relembrou os lamentáveis fatos do dia 24 de abril e afirmou que “em nosso governo a juventude, aqui representada pelos candidatos jovens a vereador e pela aguerrida União da Juventude Socialista, será tratada com o devido respeito e recebida de braços abertos na Prefeitura, e não com balas de borracha e cachorros raivosos”.

Estiveram presentes também o presidente estadual do PMDB, deputado federal Fernando Diniz, o deputado estadual Gil Pereira (PP), e representantes do PRP e demais partidos que integram a coligação.

Outra definição tomada na tarde deste domingo pelo PCdoB foi a composição de sua chapa de candidato e candidatas que irão disputar vagas na Câmara Municipal. Além do vereador pelo quarto mandato, Lipa Xavier, o partido lançou as candidaturas de Geralda Ivonete, liderança comunitária do bairro Santos Reis, de Antônia “Tonha”, presidenta da Associação dos Feirantes do Mercado Central e da Associação dos Moradores do bairro Dona Gregória, e da dirigente municipal do PCdoB e militante da União dos Negros pela Igualdade (UNEGRO), Maria Clarice Couto, a Kaia. De acordo com a legislação eleitoral, pelo menos 30% dos candidatos de uma chapa devam ser mulheres, o PCdoB em Montes Claros dá mais uma prova de respeito às questões de gênero lançando 75% de mulheres na batalha por uma vaga na Câmara.

“Chegou a hora de apresentar nossas candidaturas pra população, debater os problemas da cidade e construir um projeto pra nossa Montes Claros. Com essa militância e a linha política acertada de nosso partido, não tenho dúvidas de que 5 de outubro será um dia de celebração da vitória do povo”, afirmou Kaia.

Reportagem de Ramon Fonseca e Rodrigo de Paula
Fotos de Rodrigo de Paula

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Salvador recebe Seminário dos CUCAs



Está marcado para os dias 4, 5 e 6 de julho, na cidade de Salvador o 8º Seminário Nacional dos Centros Universitários de Cultura e Arte da UNE. A escolha da cidade se deu pelo fato de que em janeiro de 2009 a capital baiana sediará a VI Bienal de Cultura da UNE, que volta à cidade depois de 10 anos de perambulação pelo Brasil. Esta Bienal, que pretende discutir a formação do povo brasileiro, também encontra outros motivos para ser realizada em Salvador, que além de primeira capital do Brasil, ganha força também pelo fato de há 30 anos atrás ter sido o local de realização do congresso de reconstrução da UNE após 15 anos de ilegalidade em função da ditadura militar.

O Seminário promoverá no sábado, dia 5, a mesa de debate “Juventude e Pontos de Cultura” que contará com a participação do Secretário de Programas e Políticas Culturais do Ministério da Cultura, Célio Turino e do Secretário Adjunto da Secretaria Nacional de Juventude, Danilo Moreira, com o intuito de discutir o papel do jovem no projeto Pontos de Cultura.

Esta mesa será aberta à participação de qualquer pessoa e ao final do debate, um cortejo musical levará os participantes para a celebração “Viva o povo brasileiro”, evento de finalização do Seminário e lançamento da VI Bienal de Cultura e Arte da UNE, com a participação dos Pontos de Cultura Eletrocooperativa, Mestre Curió e o CRIA.

A festa é aberta à população e tem inicio às 20h, na Rua Gregório de Matos, no Pelourinho.

O debate será realizado no antigo auditório do IPAC - Rua Gregório de Matos, 45, no Pelourinho.

Informações
luis.parras@yahoo.com.br
71 9924 8042




Estudantenet

Fotos: Alessandra Stropp


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sexta-feira, 27 de junho de 2008

24 de abril, o dia que não acabou

Plenário lotado na Audiência que discutiu a passeata de 24 de abril

Ocorreu ontem (26) na Câmara Municipal de Montes Claros (CMMOC), Audiência Pública conjunta da Comissão de Segurança e Direitos Humanos da CMMOC e da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Sob a presidência do deputado estadual Luiz Tadeu Leite e do vereador Athos Mameluque (ambos do PMDB), a reunião teve como objetivo averiguar os lamentáveis acontecimentos ocorridos na passeata estudantil do dia 24 de abril. Naquela ocasião, centenas de estudantes foram veementemente agredidos pela Polícia Militar de Minas Gerais quando reivindicavam o meio-passe estudantil. Além de não serem recebidos pelo Prefeito Athos Avelino (PPS), que segundo sua assessoria não se encontrava no local, os estudantes foram recebidos de forma bastante truculenta, chegando ao ponto de cerca de 14 deles terem sidos detidos por cerca de 9 horas em uma delegacia da cidade.

Participando da mesa diretora da Audiência, além dos já citados, estavam o vice-Prefeito de Montes Claros, Sued Botelho, o vereador Lipa Xavier (PCdoB), os deputados estaduais Ruy Muniz(DEM) e Gil Pereira(PP), a professora e dirigente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB),Celina Áreas, o presidente do Diretório Central dos Estudantes da Unimontes, Diego de Macedo, o presidente do Diretório dos Estudantes de Montes Claros (DEMC), Márcio Nascimento, o presidente municipal da União da Juventude Socialista (UJS), Daniel Dias e o Major Luis Marcos Resende, representante da Polícia Militar.
O major da PM justificou a ação da polícia como sendo para proteger o patrimônio público e a integridade física de terceiros, mas logo foi rebatido pelos demais membros da mesa e pelo público presente, que ressaltou a falta de preparo da instituição e a repressão do governo Aécio aos movimentos sociais. O vice-prefeito Sued isentou a prefeitura da cidade de qualquer culpa, mas logo foi contestado por vários membros da mesa. Esta contestação ocorreu num clima de disputa eleitoral, clima este que foi instalado por deputados e vereadores adversários da atual administração. Foram anexados aos autos desta reunião fotos e vídeos da ação da PM no dia 24 de abril e foi também solicitado que a Corregedoria da Polícia tomasse as providências cabíveis. Apesar da falta de quórum, o deputado Luiz Tadeu Leite garantiu que encaminhará as notas taquigráficas da reunião a diversas autoridades, pedindo providências.
Em resposta ao ocorrido em 24 de abril, os estudantes da cidade se organizaram e, em dois meses, conseguiram mais de 13 mil assinaturas para apresentar um projeto de iniciativa popular que cria o meio-passe para os estudantes. O projeto foi protocolado na Câmara na última terça-feira (24). "Foi uma reação fantástica desses jovens, que não ficaram apenas se lamentando e alimentando ódio", afirmou o vereador Lipa Xavier.

Já Sued Botelho afirmou que a prefeitura ouviu estudantes e representantes da Transmontes para elaborar a minuta de projeto de lei que pode criar o meio-passe na cidade, e que esse também já está pronto para tramitar. A proposta da prefeitura foi criticada pelo deputado Luiz Tadeu Leite, “o projeto que vai garantir o meio passe deve ser esse fruto da vontade popular", defendeu.


Por José Lousada Neto e Ramon Fonseca, com informações da Assessoria de Comunicação da ALMG.
Fotos: Rodrigo de Paula



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quinta-feira, 26 de junho de 2008

Vem aí o Metalmoc !

A ARMCR - Associação do Rock de Montes Claros e Região, popularmente chamada de Associação do rock, realizará no dia 12 de julho o Metalmoc Rock Fest III, visando a conquista do mercado musical, formação do cidadão e manutenção do segmento e cultura roqueira nos seus vários estilos, em Montes Claros e em todo o Norte de Minas.

Em decorrência do sucesso alcançado no Metalmoc Rock Fest 2006 e 2007, a previsão é de um crescimento significativo na edição 2008, a ser realizada no dia 12 de julho, no Ginásio Darcy Ribeiro (Praça de Esportes).

Haverá apresentação de quatro grupos musicais, criando assim a oportunidade de demonstrarem seu trabalho com composições próprias, proporcionando a revelação de novos talentos. Os ingressos custarão R$ 10, mais 1Kg de alimento não perecível.

Segundo o presidente da ARMCR, Frederico Santos e Silvas, o Fred Sapúlia, o festival também contará com a apresentação de dois grupos musicais vindos de outras regiões do país, tendo em vista o alto nível de organização, valorização e respeito dos organizadores, patrocinadores, apoiadores, parceiros e do público fiel a essa cultura.

O evento conta ainda com um mega esquema de segurança e a gravação do terceiro DVD com quatro câmeras e cinegrafistas profissionais, através de parceria com a ASFOP - Associação dos fotógrafos profissionais.

Diz ainda Sapúlia que a Associação do rock desde o início de suas atividades vem exercendo um papel fundamental para o crescimento do cenário do rock no Norte de Minas, promovendo eventos que fortalecem as bandas, os músicos, os profissionais e a própria região, que ganha muito em cultura.

- É cada vez maior o número de pessoas dispostas a se associarem na busca por organização, valorização e respeito da arte e cultura do rock. Para você que tem banda ou para você que não tem, mas faz parte dessa cultura tão apreciada por jovens e adultos, chegando a tomá-la como estilo de vida, e quer se associar, basta comparecer a nossa sede, inclusive para adquirir o seu ingresso para o evento, que fica localizada na Rua João Souto, 834 A, no Centro de Montes Claros – diz Fred.

Para mais informações ligue (38) 3221-5352, 8815-2777 ou acesse o site http://armcr.blogspot.com/.

Bandas que irão se apresentar no Metalmoc Rock Fest III: Krig, Morsek, Res Nullius, Exorcista.

MORSEK

O Morsek foi formado em 1999 no ABC Paulista. Naquela época, o guitarrista Cristiano e o vocalista Ronaldo se conheceram através de amigos em comum, e a intenção deles era tocar música pesada, sem se importar com rótulos. O baixista Nivaldo e o batera Guilherme se juntaram à banda um mês depois desse primeiro encontro. Ambos tinham as mesmas idéias que os outros, o que facilitou o entrosamento quando eles se juntaram para tocar.

As principais influências da banda eram Fear Factory, Machine Head, Pantera, Sepultura e Testament… e isso era facilmente visto durante as apresentações, já que esse era o set list principal da banda. No ano 2000 o Morsek também era conhecido como Fear Factory Cover. Eles tocaram em algumas cidades de São Paulo, tendo uma boa aceitação do público, mas nunca esquecendo de suas próprias músicas.

No começo de 2001 o baixista Juliano se juntou à banda, e desde então eles só têm se dedicado aos sons próprios. Depois de sete meses com Juliano no baixo, eles gravaram a primeira demo tape, e ela representava o que a banda era naquela época: simples e pesada.

No ano seguinte, mais mudanças. Com a intenção de se dedicar exclusivamente à sua carreira profissional, Guilherme deixa a banda, e alguns meses depois Texx toma seu lugar na batera.

Mais algumas semanas e Fernanda, que é uma baixista excepcional, se juntou à banda. Em julho de 2004 eles gravaram a segunda demo tape, mas desta vez com mais qualidade do que da primeira (2001). Em 2007 o Morsek começa com força total renovada, pronto para tocar, criar e gravar muito.

KRIG

A banda Krig, cujo nome é de origem norueguesa e significa guerra - Nós guerreamos contra o mundo -, surgiu em janeiro de 2007 na cidade de Belo Horizonte. No estilo Death Metal, suas letras que falam sobre cristianismo, problemas sociais, política, problemas relacionados à natureza, filosofia, psicologia e contra a manipulação da mídia, o fascismo, o narcisismo, a hipocrisia e contra os padrões capitalistas de consumismo.

Composta por Isaque na guitarra, Daniel Corpse no vocal, Júnior na bateria e Jully no baixo, a banda assinou recentemente com o selo Força Eterna Records. Importante mencionar a participação do vocalista Luke Renno do Crimson Thorn na música título.

RES NULLIUS

A banda Res Nullius possui cerca de 3 anos de formação, sendo que há aproximadamente 6 meses passou a trabalhar composições próprias. Seu nome é inspirado em uma expressão jurídica latina que significa “coisa sem dono”. Segundo seus integrantes, o nome tem por objetivo simbolizar que todos na banda são de vital importância para sua formação, sempre em busca da realização maior que é a manutenção do metal e satisfação pessoal dos seus membros.

A banda é composta por quatro integrantes: Leandro Rodrigues - vocal; Leandro – guitarra; João Henrique – baixo e Pedro Henrique – bateria.

As influências entre seus membros são bastante diversas, variando entre grunge, new metal, trash metal, death metal, heavy metal.

O som produzido por esta banda, em virtude dos seus integrantes não gostarem de rótulos, pode ser definido simplesmente como metal, sendo marcante a presença de riffs de guitarras , arranjos de bateria trabalhados, baixo pesado e vocais agressivos, o que dá um caráter bastante original a suas músicas.

É um som inovador e pesado, sendo que atualmente seus membros estão trabalhando na composição e produção do seu primeiro álbum.

EXORCISTA

A banda Exorcista iniciou suas atividades no ano de 2003, com o objetivo de aliar a música extrema a um contexto lírico relativo a questões espirituais e sociais. Após transitar entre algumas vertentes do metal, a banda assumiu o thrash metal como base do seu trabalho.

Com a formação estabilizada (Tim Hannibal – vocal e guitarra, Desiré Bastos – baixo e Jefferson William – bateria), a Exorcista concretizou finalmente a gravação de sua primeira demo, intitulada Publish or perish, sendo também o título de uma das faixas do CD.

A temática da demo Publish or perish teve inspiração em jornais e noticiários, questões relativas à natureza destrutiva do ser humano, como desvios de caráter e dependência química.

O nome Exorcista representa um desejo de expulsar os problemas presentes na sociedade, fazendo referência também à fé cristã da qual pertencem os seus integrantes.

Com o objetivo de ampliar a dinâmica sonora, o trio resolve adicionar mais uma guitarra, e Guilherme Diniz é convidado a assumir o posto.

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CONJUVE e CONANDA condenam mortes no Morro da Providência


O Conselho Nacional de Juventude e o Conselho Nacional da Criança e do Adolescente divulgaram ontem (25) nota oficial em conjunto sobre o caso da Favela Providência. As entidades pedem um compromisso pleno do governo federal em solucionar a questão e a responsabilização dos responsáveis. Segue abaixo a nota:


"O CONSELHO NACIONAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E O CONSELHO NACIONAL DE JUVENTUDE: NOTA PÚBLICA SOBRE A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO MORRO DA PROVIDÊNCIA, RIO DE JANEIRO. O CONSELHO NACIONAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E O CONSELHO NACIONAL DE JUVENTUDE vêm a público manifestar sua indignação frente ao episódio de horror envolvendo a prisão, tortura, mutilação e execução de três jovens moradores do Morro da Providência, no Rio de Janeiro, que estavam sob a responsabilidade do Exército brasileiro, ao mesmo tempo em que expressam sua profunda solidariedade aos familiares das vítimas e a toda a comunidade agredida.


Considerando os marcos legais existentes, o Estatuto da Criança e do Adolescente e as diretrizes, indicadas pelo Conselho Nacional de Juventude, para as Políticas de Juventude e, também, o esforço da sociedade e do Poder Público para garantir direitos e oportunidades aos jovens, essa intolerável violação dos direitos humanos exige uma atitude firme e responsável por parte do Estado brasileiro. Exige, principalmente, a imediata responsabilização das pessoas e instituições envolvidas, para que a impunidade não prevaleça mais uma vez.


É a impunidade que tem alimentado os alarmantes e inaceitáveis índices de assassinatos de jovens rapazes negros, configurando uma situação que pode ser caracterizada como de extermínio desses jovens, cuja superação foi apontada como prioridade absoluta na 1ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude.


Na perspectiva de reafirmar nossas convicções, aguardamos, atentamente, a responsabilização de todos os envolvidos, sendo que acompanharemos os trabalhos e encaminhamentos da Comissão Especial constituída no âmbito do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana - CDDPH e as medidas adotadas com o objetivo de impedir a repetição dessa intolerável situação de violação dos Direitos Humanos.


Fazemos um chamado às organizações, instituições e movimentos que atuam em Políticas Públicas por justiça e igualdade na sociedade brasileira para que incluam em suas pautas a luta pelo fim desse extermínio, denunciando-o e exigindo a apuração das responsabilidades em cada caso registrado, a fim de que se construa uma sociedade onde as juventudes tenham voz, vez, direitos e oportunidades iguais.


Brasília, 17 de junho de 2008."



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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Palestina Livre

Moçada, hoje publicamos artigo que recebi de Jadallah Safa sobre o conflito no Oriente Médio. Em breve, entrevista com o presidente da União Estadual dos Estudantes, Diogo Santos.


O Estado Palestino Democrático e a Solução para o conflito

O primeiro Congresso Sionista Mundial, realizado em 1897, decidiu criar um Estado judaico sobre a Palestina. Esta resolução obteve apoio do imperialismo britânico através da Declaração de Balfour que consentiu ao movimento sionista o direito para a criação do Estado Sionista de Israel sob o território árabe palestino. Este apoio se concretizou na facilitação da emigração judaica para a Palestina. As flexibilidades concedidas aos judeus na Palestina por parte dos britânicos, geraram confrontos entre palestinos e colonos judeus sendo estes últimos apoiados e armados pelo Reino Unido. A viabilização do Estado de Israel foi legitimado pela da Organização das Nações Unidas – ONU através da Resolução 181 de 1947, que designou a partilha do território da Palestina para a criação de dois Estados, desconsiderando os legítimos direitos do povo palestino. Esta Resolução levou a expulsão dos palestinos de seus lares e de suas terras , liberando o território para a consolidação do Estado de Israel.

A Resolução da Partilha da Palestina é uma farsa, pois consolidou a criação apenas do Estado de Israel e não garantiu a permanência do Estado árabe Palestino. Israel é um Estado expansionista e sua formação foi uma declaração da guerra contra o povo árabe e palestino na região, causou massacres, expulsões, crimes de guerra, sofrimentos, tragédias, seis guerras: 1948, 1956, 1967, 1973, 1982, 2006 e muito sangue derramado. As resoluções da ONU e outras iniciativas mundiais e árabes para estabelecer a paz na região não tiveram sucesso porque o Estado Sionista de Israel é um Estado Militar e não vive sem guerras.

A postura do povo palestino sempre foi de lutar pelos seus direitos e denunciar barbáries e violências cometidas pelo Estado de Israel. Essa heróica luta de resistência ecoou na ONU e esta acabou reconhecendo os direitos inalienáveis do povo palestino, este reconhecimento é considerado um passo muito importante para a luta do povo palestino e para estabelecer a paz na região.

Durante mais de sessenta anos de conflito, o Estado Sionista de Israel fez muitos aliados, sendo o imperialismo americano o seu mais forte parceiro. As guerras que acontecem na região são alimentadas pela rede sionista e pelo imperialismo americano. Além das guerras eles desenvolvem fatos, mídias , argumentos, maquiando os reais motivos dos conflitos, enganando a opinião mundial. Distorcem o verdadeiro conflito de terras descrevendo-os como religiosos, fundamentalistas etc... São 60 anos de invasões, saques e desrespeito as resoluções das instituições mundiais, negando os direitos históricos dos palestinos que vivem naquela terra a mais de 5000 anos, desde os Cananeus.

Conforme as últimas estatísticas palestinas e israelenses, apontam de que 5.400.000 judeus e 5.200.000 palestinos vivem em uma área de 27000 Km2. Existem cerca de 6 milhões de palestinos refugiados, espalhados em diversos países, a maioria encontram-se em campos de refugiados nos paises árabes vizinhos. Em Israel, 20% dos residentes são palestinos.

A visão israelense sobre o conflito na região leva em consideração a superpopulação. Para os dirigentes de Israel, a densidade demográfica e o crescimento da população palestina são a pauta do dia. O 1,2 milhão de palestinos que vivem em Israel e a densidade demográfica da Cisjordânia e da Faixa de Gaza são considerado um perigo e uma ameaça ao Estado Sionista de Israel. A importância de eliminar este número tão elevado de palestinos obrigou o Estado a pensar seriamente em discutir a forma de se “livrar da população palestina”. A construção do muro do Apartheid é uma política para isolar a população palestina. É notório a adoção da política de isolamento quando Israel tomou medidas para isolar a Faixa de Gaza da Cisjordânia, quando impediu a comunicação entre as duas regiões palestinas.

A densidade populacional da Palestina histórica em 1948 era cerca de 73 pessoas / km 2 de árabes e judeus, e cerca de 389 pessoas / km 2 em 2007. No final de 2007 a superpopulação nos territórios palestinos chegou, aproximadamente, 625 pessoas / km 2, na Cisjordânia 415 pessoas / km 2, e 3,881 pessoas / km 2 na Faixa de Gaza. Isso significa que a Faixa de Gaza é o território mais povoado do mundo, tanto no território ocupado, como nos território árabe palestino, atingindo a superpopulação no ano de 2007 aproximadamente 317 pessoas / km 2 entre árabes e judeus.*

A solução no ponto de vista israelense sobre o conflito é praticar uma limpeza étnica através da expulsão do povo palestino para os países árabes vizinhos, esta solução que tem apoio de Estados Unidos. Os governos dos países árabes do entorno estão preocupados com a expulsão dos palestinos, pois pode gerar possíveis guerras étnicas e religiosas, bem como comprometer a qualidade de vida destes refugiados.

A emergência da situação nos leva a contribuir para encontrar uma solução justa que garanta os direitos do povo palestino. Para todas as partes viver em segurança e paz, nasce a importância de estabelecer um Estado palestino democrático laico, convivendo árabes e judeus, sendo eles cristãos, muçulmanos, judeus, drusus, ateus... com igualdade de direitos e deveres.
A humanidade, os povos, os governos e instituições internacionais devem defender o direito do povo palestino de viver em paz na sua Pátria. É preciso impedir as tentativas de limpeza étnica praticada por Israel contra o povo palestino. É necessário somar esforços para garantir o retorno do povo palestino para seus lares. É o momento de construir o Estado Palestino, onde os cristãos, muçulmanos, judeus, através da autodeterminação, possam construir um Estado democrático, laico, com justiça social e igualdade de direitos e deveres. Esta é a nossa resposta para a situação atual, pois as guerras só trazem desolação e destruição.

Jadallah Safa
24/06/2008


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* Palestinian Central Bureau of Statistics



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terça-feira, 24 de junho de 2008

13 mil e 241 eleitores legitimam projeto que cria o meio-passe


Hoje (24) ás 7:30 da manhã, durante reunião ordinária na Câmara Municipal de Montes Claros, o vereador pelo quarto mandato consecutivo Lipa Xavier - PCdoB, formalizou a entrega do projeto de implantação do meio-passe estudantil no transporte coletivo urbano na cidade. Montes Claros é a maior cidade do Norte de Minas Gerais e possui quase 400 mil habitantes. Grande parcela da população é formada por estudantes secundaristas e acadêmicos.


Há dezesseis anos, Lipa Xavier luta pela implantação do benefício estudantil, e sempre teve dificuldades em direcionar o projeto para a apreciação do poder legislativo. Esta dificuldade é fundamentada pelos interesses do “lobby” das empresas de transporte, responsáveis pelo traslado no perímetro urbano da cidade, que “enxergam” a implantação do beneficio estudantil como “ameaça” para os seus interesses comerciais e econômicos.


Todos os anos, as passeatas a favor do meio-passe estudantil são articuladas pelas principais lideranças estudantis de Montes Claros e também diretores da União da Juventude Socialista (UJS), União Colegial de Minas Gerais (UCMG), União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG). Esta iniciativa tem como objetivo apresentar os anseios dos estudantes em adquirir o benefício, além de pressionar o poder legislativo a apreciar o projeto, e o executivo em implantar “por definitivo”, o meio-passe estudantil.


Somente neste ano de 2008 foram realizadas duas grandes passeatas, com mais de cinco mil estudantes nas ruas, reivindicando mais esse direito da classe estudantil. Na última passeata, realizada no dia 24 de abril, milhares de estudantes durante ocupação do hall de entrada da Prefeitura Municipal de Montes Claros foram agredidos covardemente pela Polícia Militar e seus grupos táticos da mesma corporação policial. Este episódio gerou sérias conseqüências, inclusive o agendamento para o próximo dia 26 de junho, da vinda da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, para apurar os fatos ocorridos na passeata. A Audiência da Comissão irá ocorrer na Câmara Municipal de Montes Claros.


Com o objetivo de apresentar à população o verdadeiro papel de um vereador: defender os interesses e anseios da população, o vereador do PCdoB Lipa Xavier, formalizou a entrega protocolada das 13.241 assinaturas de montesclarenses a favor da implantação do benefício estudantil nesta terça-feira (24) durante a reunião ordinária na Câmara Municipal. Trata-se do Projeto de Lei de Iniciativa Popular para implantação do beneficio, o vereador retirou o seu projeto, que tramita há 16 anos na Câmara Municipal.


Segundo Lipa, agora que trata-se de um Projeto de Lei de iniciativa popular feita pelos estudantes, não há mais argumentos de que o projeto trata-se de uma iniciativa partidária ou eleitoreira.


Esta iniciativa é consoante o disposto no Artigo 49 da Lei Orgânica Municipal de Montes Claros, que faculta a iniciativa das leis “ao eleitorado, que a exercerá sob a forma de moção articulada, subscrita, no mínimo, por cinco por cento do total do número de eleitores do Município”. Em Montes Claros, 5% do eleitorado, significam 11.250 eleitores.


Segundo Lucas Alves, vice-Norte da UCMG, a iniciativa vem mostrar que a população e, conseqüentemente, a classe estudantil de Montes Claros deseja realmente a implantação do benefício estudantil, e trata-se de uma resposta de como se faz democracia, após a reação da PM durante a manifestação do dia 24 de abril. “Se a policia bate em estudante pra manter a ‘ordem’, nós mobilizamos a sociedade para mostrar que ordem se faz é com cidadania e democracia!” afirmou o estudante.


Reportagem e Foto de Rodrigo de Paula



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Meio-passe agora é iniciativa popular


A manhã do dia 24 de junho de 2008 ficará marcada na história de Montes Claros. Pela primeira vez na história desta cidade foi entregue á Câmara Municipal, na pessoa de seu presidente Coriolando Ribeiro Afonso (PPS), um projeto de lei de iniciativa popular. Foi o projeto do meio-passe estudantil.


Após a famigerada manifestação do dia 24 de abril, quando estudantes foram recebidos a bala, cassetetes, cães e lacrimogêneas, o movimento estudantil montesclarense se organizou em torno das coletas de assinaturas de 5% do eleitorado da cidade para a causa do meio passe. Foram dois meses de trabalho árduo, mas nesta quarta-feira as entidades: União da Juventude Socialista (UJS), a União Nacional dos Estudantes (UNE), União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), União Colegial de Minas Gerais (UCMG) e DCE-UNIMONTES, protocolaram mais de 13 mil assinaturas na Câmara Municipal. Seriam necessárias cerca de 11 mil assinaturas para garantir os 5% do eleitorado. “As entidades estudantis não ficaram só reclamando do tratamento recebido, foram para as ruas novamente com uma nova estratégia” disse o vereador Lipa Xavier do PCdoB na tribuna da Câmara.


Os estudantes e os 13 mil autores do projeto agora esperam a apreciação do projeto pela Comissão de Legislação e Justiça do parlamento montesclarense, “esperamos que este grande número de apoiadores sensibilize os vereadores e, desta vez, o meio passe seja aprovado” disse Daniel Dias presidente municipal da UJS.

Por José Lousada Neto, especial para “Os sonhos não envelhecem”

Foto: Rodrigo de Paula

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Pra alguém que me fez muito feliz


Brightly

When the full moon came to me
I felt my heart trembling
Rainy clouds covered up the sky
And I was anxious again

Legs and skin, kiss and lips

And her name came to me
Like a lightning in an intense night
Hearing the shouts of her soul
Her melancholy, that is mine too

Skin and kiss, lips and lips

A body carrying me home
In the opaque sunrise
Lit my desire to open
To her spell, her flames

Kiss and lips, lips and lips

Whispering holy words in vain
Caressing the scented grass
Smoke through the pain
And the anguish that never, never passes

Lips and lips and lips and lips…





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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Resistência Negra Juvenil


Acabo de receber texto do militante Juliano Gonçalves sobre a necessidade de militância na luta anti-racista e socializo com os leitores deste espaço.


Novo Paradigma da Luta Negra


Estamos passando por um momento de relevante importância no que se refere às possibilidades de acesso do negro ao cenário das discussões de políticas de igualdade racial em nosso país.


Após quinhentos e oito anos, finalmente iniciativas concretas são propostas para corrigir uma dívida social brasileira com o povo negro. A palavra desafio, embora não traduza fielmente a ousadia e o caráter desbravador da iniciativa, é a que mais se aproxima do intento assumido por Zumbi, Xica da Silva, Mandela, Martin Luther King, Abdias do Nascimento, Pixinguinha, Machado de Assis, Aleijadinho, André Rebouças, Cruz de Souza, João Cândido e vários outros heróis que deram início à luta pela valorização do povo negro, para que pudéssemos simplesmente ser percebidos, como parte essencial da formação da sociedade brasileira.


Escravismo. O legado do passado escravista, aliado à omissão histórica do Estado brasileiro em face das desigualdades raciais e étnicas, produziu uma gama de iniqüidades resultantes do racismo, do preconceito e da discriminação racial.


Importante sabermos que de cada dez dias da nossa história, sete foram vividos sob o regime de escravidão. No Brasil temos o segundo maior contingente da população negra do mundo, ficando atrás apenas da Nigéria, somos o país de maior população negra fora da África. Nós que fomos o último país a se livrar da escravidão, ainda temos que em muito avançar na discussão da equidade e ascensão racial.


Diante disso, provoco todos os novos personagens desta história que integram esta grande família afrodescendente, a fazer diferente neste novo ano que se inicia. Chamo a todos a nos organizarmos, a nos capacitarmos, a nos entendermos mais, a vencermos todos os paradigmas de democracia racial e lutar por igualdade de oportunidades construindo novas perspectivas na militância étnico racial para a juventude e para o povo Negro Brasileiro.


Convoco a todos, para sermos juntos protagonistas de um novo país.


Alagoanos, baianos, brasilienses, mineiros, capixabas, mato-grossenses, paulistas, paranaenses, acreanos, amapaenses, pernambucanos, goianos, paraenses, enfim, brasileiros irmãos; tenhamos Afroatitudes, na defesa das ações afirmativas, de igualdade de oportunidades e das políticas de promoção da igualdade racial, na luta contra o genocídio da juventude Negra.


Sinto da dificuldade de nos mobilizarmos e nos organizarmos. Após a abolição nós negros sofremos a dura repressão de uma escravidão intelectual, da negligência de nossa cor, de nosso cabelo, de nossa religião, da falta de empoderamento político e esse é o momento de construirmos um novo paradigma, esse é nosso tempo e ninguém irá fazer por nós, como dizia Stive Bico, agora é por nossa conta. Então que o espírito imortal de nossas antepassadas e antepassados, que nosso Deus e nossos Orixás possam nos envolver de ações que possam romper os limites da retórica, das declarações solenes, e passem a serem traduzidas e visualizadas por medidas tangíveis, concretas e articuladas, cabendo a nós a responsabilidade de criarmos e acompanharmos a efetivação e concretização de novas leis. Assim orientaremos nossa história rumo a um futuro justo de gozo pleno de cidadania até então ignorados, cerceados de nossos direitos à dignidade, trabalho, alimento, educação, vida social entre outros.


“Sei que não podemos mudar o começo, mas se quisermos podemos mudar o final”

Rumo a Plenária de Lançamento do Fórum Nacional da Juventude Negra.



Juliano Gonçalves Pereira é Preto, graduando em Educação Física, Diretor do Centro de Restauração e Desenvolvimento Humano para Dependentes de Substâncias Psicoativas Rainha da Paz, Coordenador do projeto Unimontes Afroatitude, Secretário do Tambores dos Montes, membro do Centro de Referência Capoeirando, membro do Conselho Municipal de Juventude, membro do Conselho Municipal de Igualdade Racial, Diretor de Esporte, Lazer e Cultura do DCE/Unimontes e Coordenador provisório do Fórum Nacional de Juventude Negra pelo estado de Minas Gerais.

"Tudo na vida tem seu ônus. Todas terão que fazer escolhas. Então, é pesar os prós e os contras e seguir em frente. O importante é ter foco e saber o que se quer conquistar".


A Estrada vai além do que se vê!

Hasta la victoria, siempre!



Começando a semana, publicamos a Carta Che Guevara, que foi aprovada na Plenária Final do 14º Congresso da União da Juventude Socialista (UJS), realizado de 12 a 15 de junho na cidade de São Paulo. A Carta representa bem o momento vivdo na América Latina e a necessidade histórica de avanço da luta dos povos, sob a égide socialista. O documento também aponta com propriedade o papel que a UJS deve jogar na construção de "um futuro de paz e solidariedade, de dignidade para todos(as), superando as trevas do capitalismo".



Carta Che Guevara

Somos a juventude que se indigna contra qualquer injustiça cometida em qualquer parte do planeta. E vivemos uma época onde as injustiças são tantas que é preciso mudar o mundo. O capitalismo massacra a nossa juventude e povo e destrói a natureza: a barbárie capitalista, a guerra, a exploração e o consumismo são as maiores razões de infelicidade e ameaçam a própria vida na Terra. Por isto tudo, e graças às lutas dos que nos antecederam, assumimos para nós o desafio que a História nos legou: somos a geração das mudanças no Brasil.

Filhos(as) das lutas contra a Ditadura e da resistência ao neoliberalismo, a maioria de nós ingressou na luta política após a vitória das forças progressistas com a eleição de Lula - um período de maior democracia e de conquistas do povo brasileiro, conquistas que defendemos e aprofundaremos. Abraçamos com honra a oportunidade que nos foi dada pela História de sermos a geração a enterrar definitivamente o neoliberalismo neste país continente. Com a nossa militância diária, pelo nosso amor ao Brasil e ao povo, por todas as vítimas do capitalismo, assumimos nosso posto de combate na luta da Nação para que a triste noite neoliberal jamais volte a dominar nosso país.

Nossa luta é um importante capítulo da que o povo trava em todo o mundo, milhões de jovens como nós que se levantam contra o imperialismo e suas guerras. Em especial na América Latina, temos vencido a direita neoliberal e, numa incrível sintonia, Brasil, Venezuela, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Nicarágua, Equador, Argentina e a indomável Cuba reescrevem os sonhos de Simón Bolívar, José Martí, José Bonifácio e Che Guevara de libertar Nossa América da dominação das grandes potências. E é com a rebeldia destes próceres que alertamos às forças imperialistas que a América Latina não é quintal de ninguém. Defenderemos unidos a nossa soberania e a nossa Amazônia. E a forma mais concreta desta defesa é avançar na integração latino-americana que está ao alcance de nossas mãos.

Para concretizar tamanhos objetivos, esta nova geração de militantes da UJS é chamada a iniciar uma nova fase, ao consolidar os êxitos do relançamento. A UJS caminha a passos largos para uma maior consolidação orgânica, o enraizamento de seu trabalho através dos núcleos e direções municipais e estaduais, a diversificação, com o fortalecimento das frentes, o avanço no movimento estudantil e uma maior atenção ao movimento secundarista, o impulso na organização da juventude trabalhadora, a luta contra quaisquer formas de opressão e discriminação. O Brasil é um país imenso e complexo e é necessária uma tática complexa e ousada que uma todos aqueles que defendem o Brasil para que possamos definitivamente romper as cadeias da especulação financeira que ainda nos limitam.

Isto só se fará com o protagonismo político da juventude brasileira e a nossa disposição em unir todas as juventudes que lutam para derrotar o neoliberalismo. Para isto precisamos construir uma UJS ainda maior, mais influente, diversificada, de massas, uma UJS que fale para toda juventude brasileira.

Somos a escola do Socialismo. E, como aprendemos com o Che, "devemos ser a vanguarda de todos os movimentos, os primeiros a estar dispostos para os sacrifícios que a revolução demande, qualquer que seja a sua natureza: os primeiros no trabalho, os primeiros no estudo, os primeiros na defesa do país. E para isto temos que nos colocar tarefas reais e concretas, tarefas que são do trabalho cotidiano que não podem admitir o menor vacilo". Estas lições aprenderemos juntos na UJS, fortalecendo a capacidade de transmitir a nossa militância e a toda a juventude os valores e a tecnologia social que desenvolvemos ao construir esta que é a maior organização juvenil socialista do Brasil.

A consolidação deste amplo movimento com a cara do Brasil atinge um novo patamar com nossos 130 mil filiados que falarão para toda a juventude brasileira, traduzindo através de múltiplas linguagens a mesma mensagem socialista. O Brasil contribuirá de maneira decisiva para construir um futuro de paz e solidariedade, de dignidade para todos(as), superando as trevas do capitalismo.

Todo revolucionário(a) é movido(a) por grandes sentimentos de amor, como nos ensinou Ernesto Che Guevara, cujo nascimento, há oitenta anos celebramos dando a este congresso o seu nome, incorporando sua imagem ao nosso símbolo, seguindo sua mensagem emancipadora. Nele nos inspiramos para dizer em alto e bom som: nosso presente é de luta e o futuro nos pertence!


Hasta la victoria, siempre!


São Paulo, 15 de junho de 2008.
14° Congresso Nacional da UJS



Fotos: Vanessa Stropp


A Estrada vai além do que se vê!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Juros altos não, desenvolvimento já!

No dia 19 de junho, foi realizado em Brasília, em frente ao Banco Central, um ato contra o aumento de juros. Várias entidades participaram como a CUT, a CTB, a UNE, a UBES e a UJS. Cerca de 2.000 pessoas estavam presentes, sendo, em sua grande maioria, jovens de diversas partes do país que queriam demonstrar a sua indignação com a situação financeira do país.

A União da Juventude Socialista (UJS) marcou presença com força total, fazendo discursos á favor dos 10 % do PIB pra educação. Caso os aumentos da taxa de juros continuarem, esse investimento na educação não será viável, tendo que retirar verbas da educação e da saúde para não deixar o Brasil ir pro buraco.


A CUT e o restante das forças pediram a saída do Henrique Meireles, presidente do BC, entendendo que assim a situação voltará aos eixos.


No final, a galera jogou tinta nas paredes do Banco Central pra deixar marcada a sua passagem e indignação e, claro, pra mostrar que somos fortes e que as manifestações continuarão a ocorrer se a situação não for mudada.


A luta vai continuar e os diversos movimentos políticos não se calarão, podendo voltar á tona a qualquer momento só para deixar claro que o brasileiro, ao contrário do que muitos pensam, não vai ficar parado e nem calado diante de tamanha falcatrua.


Mais uma colaboração especial e exclusiva de Luciana Lopes, de Brasília, para o nosso Blog.


A Estrada vai além do que se vê!

A UMES é massa!





Congresso de reconstrução da entidade será realizado no dia 5 de julho. Lideranças esperam organizar e fortalecer o movimento estudantil para dar continuidade às lutas e reivindicações da juventude.

A juventude belorizontina organiza os preparativos finais para o encontro que vai reconstruir uma das mais importantes entidades do movimento estudantil mineiro, a histórica Umes-BH. O ''Congresso da Reconstrução'' será realizado no dia 5 de julho, no Colégio Técnico (Coltec) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). São esperadas mais de 500 pessoas, entre lideranças estudantis, autoridades políticas e organizações partidárias.

O processo de eleição dos delegados está a todo vapor, como conta o diretor de Comunicação da União Colegial dos Estudantes de Minas Gerais (UCMG), Péricles Francisco: ''Os estudantes estão com uma expectativa muito grande para este congresso, porque desde 2002 a Umes está desativada, o que provocou certa desarticulação do movimento estudantil secundarista na capital. Mas, agora, vamos colocar a entidade novamente na vanguarda das lutas estudantis'', afirma. ''Estamos em movimento para divulgar, discutir com as direções dos colégios e chamar o pessoal para participar da reconstrução'', completa.

Os delegados são os estudantes que representam as instituições de ensino no congresso e possuem direito a voto durante a plenária final. A cada 500 estudantes de uma escola, é eleito um delegado. O grêmio pode indicar estes representantes. Caso o colégio não possua grêmio, uma comissão de 10 alunos poderá desempenhar este papel. Todos os colégios estão convocados a eleger seus delegados.

Guinada
Durante o Congresso, serão feitos debates, grupos de trabalho e a eleição para a nova diretoria. Segundo o Diretor do Grêmio da Emplo (Escola Municipal Professor Lourenço Oliveira), Paulo César, ''a reconstrução da Umes-BH representa uma guinada do movimento estudantil na capital, que, desde o final do ano passado, vêm mostrando força com passeatas, atos e reivindicações em Belo Horizonte''.

O presidente da UCMG, Flávio Panetone, explica que a reconstrução da Umes-BH tem o objetivo de fortalecer o movimento estudantil de Belo Horizonte. ''Vamos preparar a maior Jornada de Lutas do mês de agosto, quando os estudantes sairão às ruas para reivindicar o meio-passe e a melhoria da educação'', convoca. Segundo ele, o congresso ajudará também no preparo para o encontro mineiro dos estudantes das escolas técnicas.

Para Panetone, ''a reorganização do movimento estudantil de Belo Horizonte, principalmente num ano de eleições, trará força para que a juventude possa reivindicar junto aos candidatos as pautas que vão de encontro à melhoria da qualidade do ensino e pelo meio-passe estudantil'', complementa.


Reportagem de Rafael Minoro e Lucas de Mendonça Morais


A Estrada vai além do que se vê!

Marina Silva estréia como colunista no Terra


Marina Silva*
De Brasília (DF)


É muito especial para mim estrear no território dos internautas, por meio de Terra Magazine, a quem agradeço pela oportunidade. Espero dedicá-la a um bom diálogo com as críticas e idéias de todos vocês. Também é especial por acontecer num momento novo, no Brasil e no mundo, que exige conhecimento, sensibilidade e intuição para identificar, na massa impressionante de informações que nos chega, a profundidade dos fatos e processos, a conexão entre passado e futuro, enfim, o nosso espaço de escolhas reais, sejam individuais ou coletivas.

Faz parte desse espaço uma interpelação ética da qual não podem fugir nem os países desenvolvidos nem os em desenvolvimento, entre eles o Brasil. A Amazônia, com sua incomparável floresta tropical, sua biodiversidade e sua diversidade social, talvez seja o maior símbolo dessa interpelação. Para os países desenvolvidos, a pergunta que se faz é sobre seu passado. Destruíram sua biodiversidade, arrasaram os povos originários dos lugares conquistados e provocaram, a partir da revolução industrial, alterações ambientais tão extensas que levaram à atual crise ambiental global, em cujo centro estão as mudanças climáticas.

Embora pareça paradoxal, nossa situação é bem melhor porque somos questionados sobre o futuro. Quando somos perguntados sobre o passado, estamos diante do quase irremediável. Sobre o futuro, temos a chance de projetá-lo. Isso implica dizer o que vamos fazer com nossa biodiversidade, porque temos 20% das espécies vivas do planeta; com nossos recursos hídricos, porque temos 11% da água doce disponível, 80% dos quais na Amazônia; com a maior floresta tropical e com a maior diversidade cultural do mundo. O Brasil ainda tem cerca de 220 povos indígenas que falam mais de 200 línguas.

Essa é uma poderosa interpelação porque permite escolhas e, portanto, exige que estejamos à altura da oportunidade de optar. A discussão é de caráter civilizatório, não se esgota em circunstâncias ou polêmicas pontuais. O Brasil é uma potência ambiental e humana e não pode se conformar em querer, séculos depois, a mesma trajetória que fez dos países desenvolvidos, ricos, porém com graves desequilíbrios ambientais. Nossa meta deve ser: desenvolvidos, porém por meio de caminhos diferentes.

A diferença está, em primeiro lugar, em aceitar a interpelação ética a que me referi, sem tentar lhe dar respostas banais e evasivas. A falsa polêmica em torno da demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, resume a radicalidade exigida por essa interpelação.

Como ministra do Meio Ambiente enfrentei, ao lado dos ministérios da Justiça e do Desenvolvimento Agrário, uma situação no Pará em que um grande grileiro apossou-se de 5 milhões de hectares na Terra do Meio. Conseguimos criar nessa área a maior estação ecológica do país, com 3 milhões e 800 mil hectares. Vi a Polícia Federal implodir 86 pistas clandestinas usadas para tráfico de drogas e roubo de madeira. E nunca ninguém disse que aquele grileiro era ameaça à soberania nacional. Mas os 18 mil índios de Roraima são assim considerados por alguns e muitas vezes tratados como se fossem mais estrangeiros do que os estrangeiros, porque sequer são reconhecidos como seres humanos em pé de igualdade com os demais.

Um exemplo: o mundo ocidental tem em Jerusalém um ponto de referência do sagrado para inúmeras religiões de matriz judaico-cristã. Ficaríamos chocados se alguém quisesse destruí-la e a defenderíamos como algo que é constituinte essencial de nossa cosmovisão. No entanto, em relação à cosmovisão dos índios, acha-se pouco relevante considerarem o Monte Roraima o lugar da origem do mundo.

Pode parecer, para quem acompanha o caso de Raposa Serra do Sol, que a criação da reserva indígena foi um procedimento autoritário e injusto, que desconsiderou direitos dos não-índios. Não é verdade. A legislação brasileira define detalhadamente critérios para demarcação. O contraditório é garantido por decreto, exigindo que sejam anexados, ouvidos e examinados os argumentos contrários. Manifestam-se proprietários de terra, grileiros, associações, sindicatos de trabalhadores ou patronais, prefeituras, órgãos públicos estaduais e federais, apresentando tudo o que considerem relevante. Por isso, a demarcação física das áreas leva, em geral, muitos anos, o que elimina quaisquer possibilidades de açodamento.

Roraima tem cerca de 400 mil habitantes num território de cerca de 225 mil quilômetros quadrados. A população rural não chega a 90 mil pessoas, das quais 46 mil são indígenas, ou seja, 52% do total, ocupando 47% das terras. Raposa Serra do Sol ocupa 7,7% da área do Estado e abriga 18 mil índios. Por outro lado, seis rizicultores ocupam 14 mil hectares em terras da União. Em maio último, o Ibama autuou a fazenda Depósito, do prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero, por ter aterrado duas lagoas e nascentes, além de margens de rios, e por ter desmatado áreas destinadas à preservação permanente e à reserva natural legal.

Em 1992, quando foi homologada a reserva Ianomami, seis vezes maior do que a Raposa Serra do Sol, houve muito estardalhaço, alimentado pela acusação de que isso representaria ameaça à soberania nacional e grave risco de internacionalização da Amazônia. Passados 16 anos, a reserva abriga 15 mil índios em área de fronteira e não se tem notícia de que tenham causado qualquer dano à nossa soberania e muito menos que pretendam ser uma "nação indígena" separada do território brasileiro, como diziam à época os opositores da homologação.

Estamos perto da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a demarcação contínua de Raposa Serra do Sol. Será um grande desafio para a instituição e para todo o País, num momento que o mestre Boaventura de Souza Santos chama de bifurcação histórica. Diz ele que as decisões do STF condicionarão decisivamente o futuro do país, para o bem ou para o mal. Que esta decisão seja parte da resposta que devemos dar à interpelação ética sobre nosso futuro.


*Marina Silva é professora secundária de História, senadora pelo PT do Acre e ex-ministra do Meio Ambiente.


Leia também: Lula cobra rapidez do STF no caso Raposa Serra do Sol

A Estrada vai além do que se vê!

Movimentos sociais demonstram insatisfação com juros altos

Menos Juros. Mais desenvolvimento. Sob esse mote, a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) reuniu cerca de cinco mil manifestantes, na manhã desta quinta-feira (19), em frente a sede do Banco Central, em Brasília, para protestar contra a política de juros altos. O presidente da CTB, Wagner Gomes, lembrou que “as últimas três reuniões do Copom foram para aumentar os juros sob o pretexto de segurar a inflação. Nós viemos aqui para dizer que somos contra isso, que a inflação se combate com desenvolvimento e não juros altos”.

Os manifestantes, portando cartazes e bandeiras, buzinando e gritando palavras de ordem, acompanharam os discursos dos líderes que enfatizavam as palavras da nota oficial da entidade. Eles também destacaram a disposição de manter a mobilização e os protestos para denunciar e chamar atenção para o problema. “Vamos nos manter mobilizados porque, se continuar o aumento dos juros, nós vamos continuar protestando, inclusive nos outros estados”, disse Gomes.
O vice-presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), funcionou como animador do ato, puxando com os manifestantes as palavras de ordem: “Juros altos/ Decepção/ Fora Meirelles/ Traíra da nação”.

Antônio Carlos Spis, da CMS, aproveitou a ocasião para lembrar a campanha que vem sendo implementada pelos trabalhadores brasileiros pela aprovação do projeto de lei de redução da jornada de trabalho.

Força dos estudantes
Embalados pelos gritos de “nas ruas/ nas praças/ quem disse que sumiu/ aqui está presente/ o movimento estudantil”, os líderes sindicais saudaram os jovens e estudantes presentes ao ato . John Lacerda, funcionário do Banco do Brasil, agradeceu “a força dos estudantes que têm feito o trabalho do povo brasileiro”, disse, apelando para que eles forcem a saída de Henrique Meirelles do Banco Central como fizeram com o ex-reitor da UnB, Timothy Mulholland, acusado de corrupção.

Para o presidente da União da Juventude Socialista (UJS), Marcelo Gavião, “o ato reuniu não só a juventude, mas trabalhadores e atores sociais, demonstrando nossa rebeldia contra a política do Banco Central. Esse ato é uma manifestação da forma como a sociedade está recebendo o aumento da taxa de juros”, enfatizou.

Para Gavião, a retomada do aumento da taxa de juros representa um grande retrocesso. “Havia uma redução da taxa de juros, apesar de lenta, e no último período eles retomaram a alta da taxa de juros. É um retrocesso, porque o Brasil vem crescendo e essa política aponta para diminuição do crescimento”. Em seu discurso, Gavião disse que se persistir essa política, “nós vamos radicalizar”, propondo invadir o Banco Central.

Cercado por forte esquema de segurança, os manifestantes foram alertados pelo presidente da CTB para manter a manifestação pacífica. Ao final da do ato, eles jogaram “bombas” de tinta verde e amarela e fizeram inscrições nas paredes do prédio do BC com o pedido de “Fora Meirelles”.

Acusação aos empresários
O presidente nacional da CUT, Artur Henrique, manteve o mote dos discursos, defendendo a diminuição das taxas de juros e os investimentos nas áreas de saúde, educação e segurança. ''Os gastos públicos com saúde, educação e segurança precisam aumentar, e não diminuir'', disse.

Ele também acusou o empresariado pelas pressões inflacionárias. ''Contando com perspectiva de inflação futura, empresários aproveitam para aumentar preços ao consumidor e, assim, ameaçam mesmo a estabilidade econômica, pensando apenas nos seus próprios umbigos e nos lucros. Enquanto isso, ficam de maneira hipócrita e dissimulada defendendo corte nos investimentos públicos'', atacou Artur.

Comprovação
Na nota oficial divulgada pela CMS, os argumentos usados nos discursos das lideranças são os de que “a irracionalidade desta lógica fiscalista de Meireles, mantida pelo governo Lula, é facilmente comprovada: embora sangre o país para manter em dia os pagamentos aos especuladores, os juros estratosféricos elevaram a dívida líquida do setor público para R$1.141,3 bilhões em março. Ou seja, quanto mais o país paga, mais deve”.

Segundo a nota ainda “como bem demonstra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o caminho do desenvolvimento é outro. Passa pelo fortalecimento do papel indutor do Estado, pela garantia de contrapartidas sociais para os investimentos com recursos públicos, pela indução do crescimento com geração de emprego e distribuição de renda”.

Participaram da manifestação a CTB, CUT, UNE, UJS, Conam, UBM e Unegro, entre outras centrais sindciais e entidades do movimento social.

De Brasília, Márcia Xavier para o Portal Vermelho


A Estrada vai além do que se vê!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A juventude se levanta

Hoje publicamos artigo do meu amigo atleticano Luciano Rezende sobre o diferencial deste mês de junho. Com bastante propriedade, o artigo publicado no Portal Vermelho aborda os 80 anos do nascimento de Ernesto “Che” Guevara e os 90 anos da Reforma de Córdoba. Vamos a ele:

Junho de 2008: mês de grande significado para a juventude

por Luciano Rezende*

“Desde hoje o país tem uma vergonha a menos e uma liberdade a mais. As dores que nos restam são as liberdades que nos faltam”.
Trecho do Manifesto de Córdoba, 21 de junho de 1918, redigido por 15 jovens.

Esse mês é especial para a juventude progressista, principalmente a de nosso continente. A América Latina em geral, e a Argentina em especial, têm dois motivos para grandes comemorações: os 80 anos de natalício de Che Guevara (também nasceu em um 14 de junho outro grande revolucionário latino-americano, o cubano Antonio Maceo, o Titã de Bronze) e os 90 anos da Reforma de Córdoba.

Grande acontecimento protagonizado pela juventude, a Reforma de Córdoba foi liderada por universitários argentinos (e influenciou o incipiente movimento estudantil em toda a região) que defendiam plataformas avançadas para o seu tempo, e que mesmo hoje guardam grande atualidade e servem de inspiração para muitas pautas que, todavia seguem inconclusas, tais como democracia interna, autonomia e extensão universitária, acesso massivo e gratuito, inserção na sociedade e outras justas reivindicações. Como bem assinala o belo texto do camarada Paulo Vinícius, veiculado em sua coluna nesse Vermelho, “...estes êxitos motivam até hoje a luta pela Reforma Universitária na América Latina”.

A Reforma Universitária reivindicada pelos revoltosos de Córdoba serviu de inspiração a toda América Latina e até mesmo a outros países da Europa, como a Espanha. Muitas organizações estudantis foram fundadas nesse período, resultado da efervescência política a qual propiciou esse grande feito.

Em recente evento organizado pela Unesco em Cartagena, na Colômbia, - a Conferência Regional de Ensino Superior (CRES – 2008) – houve uma mesa-redonda específica sobre os 90 anos da Reforma de Córdoba. Representando os estudantes estiveram a direção da Oclae e o presidente da Federação Universitária Argentina (FUA), Mariano Marquinez, que expuseram, ao lado de Pablo Gentili e do Reitor da Universidade da República do Uruguai, Rafael Guarga, a necessidade de uma Universidade pensada para construir processos de transformação social, como a irradiada pelo movimento reformista de 1918, que implica (e implicou) em um processo de reflexão e intervenção, como praxe de transformação. A Reforma de Córdoba, 90 anos após sua eclosão, continua sendo fonte de alento revolucionário da juventude.

Che é a outra fonte de inspiração da juventude de todo o mundo que também partiu da Argentina, onde nasceu, dez anos após esse episódio de Córdoba - o qual certamente o influenciou.

Ernesto “Che” Guevara merece todas as homenagens como as que estão sendo feitas nesses dias, principalmente em sua terra natal (onde foi erigida uma grande estátua) e no país onde fez história ao despojar do poder o déspota Fulgêncio Batista e iniciar a construção de uma nova pátria socialista ao lado de valorosos companheiros (as) dos (as) quais a história destaca Camilo Cinfuegos, Raúl e Fidel Castro Rúz.

Aqui no Brasil, coube à UJS uma das mais destacadas comemorações por essa data. Em meio ao seu 14° Congresso, reunindo representantes de juventudes revolucionárias de países como Cuba, Colômbia, Uruguai, Venezuela, Paraguai, Estados Unidos, Sudão, Grécia, Portugal, Angola e Síria, o ato em homenagem a Che reuniu diversas lideranças políticas que relembraram a figura desse ícone revolucionário para centenas de jovens brasileiros.

Aliás, o próprio Congresso Nacional da UJS é outro evento que marca esse junho de 2008 como um mês de grande simbolismo para a juventude.

Uma juventude organizada que aglutina mais de cem mil jovens socialistas em suas fileiras, merece estampar orgulhosa em sua bandeira o traço da face de Che imortalizada por Korda.
Embalados pelo Congresso da UJS, sigamos as lutas desses jovens na busca por outros junhos revoltosos capazes de sacudir esse mundo caduco, nem que para isso toda a América Latina, parafraseando Maceo, seja um eterno Baraguá.


* Luciano Rezende, Engenheiro Agrônomo, mestre em Entomologia e doutorando em Genética. Ex membro da Direção Nacional da UJS.


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quarta-feira, 18 de junho de 2008

A luta é pra valer!

Pra concluir as postagens do dia, voltamos a falar da luta dos trabalhadores e trabalhadoras do Grupo Coteminas. Em recente artigo publicado na página da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), o professor Gílson Reis faz uma análise crítica da greve e das lições tiradas dela. Apreciem sem moderação.


Lições da greve na Coteminas

Gilson Reis*


Sábado, dia 31 de maio, às 20 horas. O segundo turno de trabalho da indústria têxtil do grupo Coteminas encerrava a jornada de oito horas, da maneira como vinha ocorrendo ao longo dos últimos trinta e dois anos. Uma massa de jovens trabalhadores, homens e mulheres, faziam nesse ritual cotidiano, a transferência da produção e as máquinas de tear para o terceiro turno. Esses deveriam iniciar uma cansativa jornada de trabalho, que atravessaria a madrugada de sábado para domingo na fabricação de tecidos para cama, mesa e banho.

Os trabalhadores, que deveriam embarcar nos ônibus rumo as suas residências, ficaram de pé, em frente à industria, em apoio e solidariedade ao terceiro turno, que recusava entrar na fábrica e iniciar a jornada de trabalho. Naquele momento, estava se iniciando a primeira greve dos trabalhadores da indústria têxtil do grupo Coteminas de Montes Claros, em mais de três décadas de funcionamento. De forma espontânea os trabalhadores cruzaram os braços e exigiram respeito e dignidade.

Comando de greve

O grupo Coteminas, um dos maiores do ramo têxtil do Brasil, havia anunciado o fim da jornada 5x2 e o início da jornada 6x1, o fim da cesta básica e o corte de parte da PLR de 60,00 reais paga aos trabalhadores. A proposta apresentada pela empresa ganha contorno surreal quando verificamos o salário pago aos trabalhadores de apenas 600,00 reais mês em média, possivelmente um dos menores do Brasil.

A atitude unilateral e arrogante da empresa decorre da sua própria postura e da atitude do sindicato dos trabalhadores da indústria têxtil de Montes Claros, dirigido há 25 anos pelo mesmo presidente, transformando a entidade sindical em parceira e voz dos interesses da direção da empresa.

Contudo, mesmo com a ausência do sindicato, alguns trabalhadores da base, que lutam há mais de um ano na justiça para que ocorram eleições democráticas para a direção do sindicato, assumiu o comando de greve.

Durante quatro dias, a produção parou totalmente. A empresa de forma arrogante, característica enraizada em toda a sua trajetória, imediatamente contratou uma centena de bate paus, convocou a polícia militar e a tropa de choque, demitiu três centenas de trabalhadores, abriu edital de convocação para contratação em substituição aos grevistas e despejou toda sua fúria contra uma massa de trabalhadores sem qualquer proteção do Estado, do sindicato e da justiça.

Alegria nos olhos

Já no quarto dia de greve, a situação era revertida em favor da empresa. A resistência de quatro dias na porta da empresa ameaçava a unidade grevista. A empresa se negava a negociar com o comando de greve, a direção do sindicato mantinha-se alheia ao processo, o Ministério do Trabalho afirmava que o problema não estava na sua alçada. Porém, com a resistência dos trabalhadores, o apoio do Vereador Lipa Xavier, do Sindicato dos Professores e dos Vigilantes, com a presença de dirigentes da CTB e de alguns militantes, a greve resistia à pressão.

Na manhã do quinto dia, estacionavam no pátio da empresa grandes carretas, repletas de cestas básicas, que seriam entregues aos trabalhadores na saída do segundo turno, que a esta altura do movimento já funcionava de forma precária. Os trabalhadores ficaram parados por vários minutos em frente ao portão principal, como se estivessem carregando um troféu, com suas cestas básicas em mãos.

Dos ônibus, os trabalhadores um a um, mostravam alegria nos olhos e manifestavam espontaneamente sua satisfação aos líderes do movimento. O carro de som anunciava a primeira vitória da greve. Em todo o período grevista, uma centena de diretores e gerentes da empresa acompanharam o movimento dos trabalhadores, atônitos e sem entender de onde vinha tanta força e abnegação.

Vitória parcial

Na madrugada do quinto dia, o comando de greve resolveu entrar com duas ações: no Ministério Publico Trabalho e outra na Justiça do Trabalho, e ainda organizar duas dezenas de trabalhadores para ocupar a sede do sindicato. Na manhã do dia seguinte, a sede do Sindicato já estava ocupada e as ações que deveriam ser encaminhadas pelo sindicato, foram representadas pelo Sindicato dos Professores e imediatamente despachadas pela Justiça do Trabalho, que exigia a reintegração de todos os trabalhadores demitidos e a suspensão das medidas arbitrárias da empresa.

Hoje é dia 09 de junho, segunda-feira. A cesta básica que era passada aos trabalhadores no meio da quinzena, fora entregue em seu início. Os trabalhadores demitidos serão reincorporados pela justiça nesta tarde. O sindicato continua ocupado pelos trabalhadores, o turno de 5x1 mantido e o pagamento da PLR será pago aos trabalhadores.

Entretanto, a vitória é parcial. A empresa, que foi financiada pelo dinheiro da Sudene, demitiu há dois meses 400 trabalhadores e prepara mais uma nova leva de demissões em massa. Alguns operários desconfiam, inclusive, que este ataque aos direitos dos trabalhadores tinha como objetivo precipitar a demissão voluntária dos próprios trabalhadores.

As lições da Coteminas:

1 - Não subestime nunca a capacidade de luta dos trabalhadores.

2 - Lideranças surgem e são forjadas no calor da luta e da resistência.

3 - É urgente uma atitude para democratizar a estrutura sindical brasileira.

4 - O Ministério do Trabalho no Governo Lula precisa melhorar muito para ser considerado mesmo do trabalho.

5 - A solidariedade de classe é necessária em qualquer circunstância e maior ainda no momento da luta.

6 - Somente a luta pode fazer avançar a consciência e os direitos dos trabalhadores.

7 - É preciso cultivar o princípio da solidariedade entre os sindicatos classistas.

8 - Minha homenagem ao líder da greve: o operário Loro.


*Da direção plena da CTB

A Estrada vai além do que se vê!

Dunga e PT, tudo a ver!


Continuando a discussão sobre a grande mídia, segue postagem do Blog do Rovai sobre a “comentarista” política da CBN, Lucia Hipólito, uma daquelas recalcadas “meninas do Jô”. A iluminada acusou o Presidente Lula de ser culpado pela derrota da seleção brasileira no último fim de semana.
Segue a denúnicia do Rovai:


Lula é culpado pelo fiasco da Seleção, garante Lucia Hippolito


Assisti na TV Venezuelana, nos dias antes do Referendo, um homem do tempo da RCTV dizendo algo assim: “apesar do tempo ruim na política com Chávez, vai fazer sol neste fim de semana”.

Às vezes uso este exemplo em palestras para mostrar como na mídia tradicional comercial a editorialização não tem limites, chega até à previsão do tempo. Nunca imaginei que fosse achar exemplo melhor que esse para ilustrar minha crítica à deformação da cobertura política aqui no Brasil. Mas, nós temos Lucia Hipólito.

Hoje (segunda-feira) na CBN, numa conversa com Heródoto Barbeiro, (que triste, hein Heródoto?) ela superou o homem do tempo venezuelano. Segundo a “comentarista” cientista política essa história do Dunga ser técnico da Seleção é um dos males que o presidente Lula fez para o Brasil. Na tese da “comentarista” Dunga só é técnico do selecionado porque “se alguém que nunca fez nada pode ser presidente da República, alguém sem experiência em nenhum clube de esquina também pode ser técnico da Seleção”.

A “comentarista” ainda foi além. Disse que "isso está fazendo tanto mal para o Brasil, que agora até a Dilma que também nunca não administrou nada, a não ser a Casa Civil, agora também está falando em ser presidente”.

Claro, depois ela falou mal do PT.

É imperdível. Não deixe de ouvir. E de comentar. O título do comentário no link que indico é "candidatos começam a sentir o pulso do eleitorado local".

Era só o que faltava.
Tsc, tsc!



A Estrada vai além do que se vê!

Encontro denuncia ditadura da grande mídia


Recentemente o grande jornalista Altamiro Borges instalou mais "uma trincheira na luta contra a ditadura midiática" com o lançamento de seu Blog. Membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e autor de vários livros, entre eles, o recém lançado “Sindicalismo, resistência e alternativas” pela Editora Anita Garibaldi, Altamiro esteve participando recentemente do 1º Fórum de Mídia Livre, ocorrido no Rio de Janeiro no último fim de semana e trás pra gente um balanço do que rolou por lá.




Um balanço do Fórum de Mídia Livre


Por Altamiro Borges

O 1º Fórum de Mídia Livre, realizado neste final de semana no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, superou as expectativas mais otimistas. Apesar da frágil divulgação e da débil estrutura, ele reuniu cerca de 500 ativistas de vários estados, o que confirma a crescente rejeição à ditadura midiática e a existência de inúmeras e ricas experiências independentes e alternativas por todo o país.

Lançado em março, num encontro em São Paulo com 42 jornalistas, docentes e comunicadores sociais, o fórum já mostrou a sua força e tem tudo para ser um ator importante na luta pela democratização dos meios de comunicação e pelo fortalecimento da mídia livre.

Além do aspecto quantitativo, que garantiu a sua representatividade, o fórum teve uma qualidade que deve ser preservada e valorizada: a sua pluralidade. Durante os dois dias do evento na UFRJ, houve a convivência madura e franca entre distintas concepções e variadas experiências. Desde os que priorizam as iniciativas atomizadas e autonomistas, até os que encaram esta batalha como eminentemente política, na qual a pressão sobre o Estado é decisiva.

O fórum teve a presença de jornalistas da “mídia grande” – embora poucos – e de ativistas que realizam, de forma heróica e criativa, experiências em rádios e TVs comunitárias, sites, blogs, revistas e jornais.

Nesta unidade na diversidade, surgiram várias propostas para o fortalecimento da mídia livre no país – como a da construção de uma rede colaborativa, um tipo de portal, que crie maior sinergia entre as várias experiências; a campanha pela democratização das verbas publicitárias; a luta pela realização da Conferência Nacional de Comunicação com critérios democráticos de participação; a exigência de que os Correios distribuam impressos alternativos, superando o atual monopólio do setor; a campanha pela inclusão digital e pela difusão do software livre; construção de pontos de mídia livre, seguindo a rica experiência dos pontos de cultura; entre outras idéias.

Os participantes também aprovaram os próximos passos organizativos e políticos do Fórum de Mídia Livre, o que consolida o movimento e indica que ele veio para jogar papel na sociedade. A próxima fase, no segundo semestre deste ano, será a da constituição dos núcleos nos estados, que terão autonomia para organizar fóruns estaduais representativos; em janeiro próximo, durante o Fórum Social Mundial em Belém, ocorrerá um encontro de caráter mundial ou latino-americano dos “midialivristas”; e o segundo fórum brasileiro foi marcado para 2009. Também foi composto um novo grupo de trabalho executivo nacional (GTE) para encaminhar as decisões da UFRJ.

No que se refere à ação política, ficou acertada a ampla difusão do manifesto do movimento, que será alvo de debates com os movimentos sociais e as forças políticas. Já os núcleos municipais e estaduais agendarão encontros com representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário, assim como serão marcadas audiências com os presidentes da República, do Congresso e do STF.

A idéia é promover nesta data um ato político em Brasília. A partir do belo evento da UFRJ, o Fórum de Mídia Livre (FML) agora adquire nova dinâmica e seu êxito dependerá do engajamento de todos os que encaram esta luta como indispensável à ampliação da democracia no Brasil.

Assista as reportagens do 1º Fórum de Mídia Livre: http://www.tj.ufrj.br/




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