segunda-feira, 21 de junho de 2010

André Tokarski é o novo presidente da UJS

Cerca de 2 mil jovens participaram de quatro dias de debates, atos políticos e atividades culturais na capital baiana

Terminou em Salvador, em clima de torcida pelo Brasil, o 15° Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS). Os cerca de 2 mil jovens, de todos os estados brasileiros, que mais tarde se reuniram para a despedida assistindo ao jogo da seleção brasileira contra a Costa do Marfim, estiveram devidamente uniformizados de verde e amarelo, na parte da manhã, para a plenária final. Foram decididas as resoluções da entidade para os próximos dois anos e houve a eleição da nova diretoria. O goiano André Tokarski, de 26 anos, foi eleito novo presidente da UJS, um dos mais jovens da história da entidade.

Tokarski admite que presidir a UJS é a maior responsabilidade de sua vida. Porém, sente-se seguro ao contar com a construção diária, de toda a militância, para o sucesso dessa gestão. “Chegamos nesse Congresso com mais de 100 mil filiados e representações em todos os estados, o que dá um pouco da dimensão do nosso alcance com a Juventude Brasileira”, declarou. Leia mais abaixo uma entrevista completa com o novo presidente da UJS.

O Congresso, que teve início na quinta-feira (17) foi marcado pela oficialização do apoio da UJS à candidatura de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais 2010. Também tiveram destaque os debates do Seminário Nacional Juventude, Participação e Políticas Públicas, realizado pelo Centro de Estudos e Memória da Juventude em parceria com a UJS. O encontro em Salvador teve também a presença de jovens estrangeiros representando juventudes socialistas de cinco outros países: Portugal, Grécia, Venezuela, Sudão e Argentina. Os estrangeiros falaram aos congressistas, durante a plenária final, saudando a UJS.

Resoluções
No campo das políticas para a Juventude, os congressistas defenderam que a Secretaria Nacional de Juventude, criada a partir da mobilização das entidades, ganhe status de Ministério da Juventude. Preocupada com a questão do emprego e oportunidade para os jovens, a UJS aprovou a resolução de pressionar o poder público pelo cumprimento da lei de estágio.

Para a educação, a UJS propôs mudanças no ensino médio que valorizem o caráter politécnico e humanista, através de uma estrutura esportiva e cultural. A entidade também cobrou a implementação efetiva da lei 10.639, que determina o ensino da história da África e manifestações afro-brasileiras nas escolas. Em relação aos movimentos sociais, os jovens pediram a aprovação do projeto de lei que criminaliza a homofobia e decidiram por uma participação ainda mais forte da UJS no movimento LGBT.

No campo internacional, a UJS manifestou sua solidariedade ao Haiti e defendeu uma ação prolongada do Brasil no país, principalmente nos campos educacionais e de combate à pobreza. Foi também manifestado repúdio ao recente ataque de Israel a um comboio humanitário que se dirigia à Faixa de Gaza. Outras resoluções aprovadas foram o desenvolvimento de uma campanha pela internet banda larga no Brasil e a participação efetiva da juventude na realização das propostas do Plano Decenal da Terceira Conferência de Esporte.

Emoção e Despedidas
Durante a plenária final, também foi realizada uma homenagem aos militantes que, após anos de participação, deixam a UJS nesse 15º Congresso, entre eles, o presidente Marcelo Gavião, que encerrou sua gestão. Ele fez questão de realizar um pequeno pronunciamento de agradecimento aos companheiros: “Esse momento sempre emociona muito quem sai e também a quem fica. Não é exagero dizer, mas vejo aqui entre os companheiros que encerram sua participação, pessoas que dedicaram, pelo menos metade de suas vidas à construção da UJS”, disse.

Entrevista com o novo presidente da UJS André Tokarski:

Como você se sente, pessoalmente tendo a responsabilidade de dirigir a União da Juventude Socialista?

Essa é a maior responsabilidade da minha vida, mas sei que, nesse momento, a minha eleição não é o mais importante para a UJS. Não é a direção que define essa entidade, e sim o conjunto da militância na luta do dia a dia. Sei que precisaremos ter muita consciência em nossas ações porque, atualmente, cria-se sempre uma grande expectativa sobre o posicionamento da UJS nas questões nacionais e muita repercussão com as suas mobilizações. Temos uma interlocução em que levamos nossas reivindicações ao presidente da república, ministros, governadores. Isso gera muita responsabilidade e eu espero contribuir da melhor forma para que a UJS cresça ainda mais.

Qual a sua trajetória nos movimentos de juventude?

Comecei no movimento secundarista em 1997, com 13 anos, quando fui a meu primeiro encontro estudantil, o congresso da UBES. Depois disso, me engajei no grêmio da escola, me filiei à UJS e me juntei à União Municipal de Estudantes Secundaristas (UMES) de Goiânia, da qual acabei sendo presidente. Ingressei na Universidade Federal de Goiânia (UFG) e lá me formei como bacharel em Direito. Durante a universidade, participei do Centro Acadêmico do Curso e fui presidente da União Estadual de Estudantes de Goiás (UEE-GO). Fui também diretor jurídico da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Qual é, na sua opinião, o saldo do 15° Congresso da UJS?

Foi um Congresso muito importante. O tema principal “Para ser muito mais Brasil” remete a um momento de muito otimismo do país. Na nossa história recente, nunca tivemos tantas oportunidades de o Brasil dar certo em diversas áreas, incluindo-se aí a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Nós temos hoje 50 milhões de jovens no país e as resoluções desse Congresso estão muito relacionadas à mobilização desse grupo. É impossível, atualmente, que qualquer processo importante do país não passe pela juventude.

Quais deliberações foram importantes nesse sentido?

Destaco as resoluções que tivemos em defesa dos 50% do fundo social do pré-sal para a educação e em defesa do marco regulatório para as políticas públicas de juventude. Desde a década de 80, o jovem era visto como um problema social, depois houve um avanço para tratá-lo como um sujeito de direitos. Agora, nós defendemos que o jovem seja entendido como um verdadeiro protagonista nas questões nacionais. Infelizmente, ainda há muito preconceito com os jovens que são vistos como menos capazes. Precisamos mudar esse quadro.

Como será a participação da UJS na campanha da Dilma para presidência da República?

O ato de apoio à candidatura da Dilma demonstrou o prestígio da nossa instituição e a força que ela pode ter em um momento tão crucial como esse das eleições. Todos os nossos anseios, discussões, projetos dependem totalmente do resultado das eleições de 2010. Eu acredito que esse ano teremos um dos maiores desafios da história da UJS, comparado somente a momentos como o Fora Collor em 1992 e a eleição de Lula. Isso porque corremos o risco de pôr a perder uma série de conquistas dos movimentos sociais e dos jovens. O outro candidato é algo como um exterminador do futuro da juventude. Por isso, vamos com tudo para a campanha da Dilma, com a força e as propostas da UJS para a juventude, educação e tantos outros temas debatidos neste 15° Congresso.

Houve uma polêmica, durante a votação das propostas na plenária final, sobre a questão da legalização das drogas. Qual o saldo desse debate?

Primeiro, é importante dizer que a mesa de debate sobre as drogas foi uma das mais concorridas e qualificadas deste Congresso da UJS. Nosso objetivo é ampliar a discussão em torno do tema não apenas da legalização da maconha, mas sobre as drogas como um todo. Este problema, claro, diz respeito a toda a sociedade, mas, principalmente, aos jovens. Haviam três resoluções em votações. Uma dizia que a UJS deveria lutar pela descriminalização da Maconha, outra falava sobre a Legalização. A proposta aprovada, no entanto, foi a de realização no primeiro semestre do ano que vem de um seminário para ampliar o debate sobre o tema. A resolução da UJS avança no sentido da nossa entidade cobrar do Estado e da sociedade um debate sem hipocrisia. Vamos realizar este seminário e de lá sairemos com um proposta mais elaborada sobre este assunto. Assim é a UJS, existe a diversidade, e o debate constrói e unifica.

Como a UJS se encaixa nesse novo perfil de juventudes do século XXI?

Toda a diversidade que pôde ser vista neste Congresso consolida, um processo de trabalho que a UJS construiu com suas frentes de trabalho, como o Hip Hop e LGBT. Isso reflete também a diversidade que é a juventude brasileira, que se organiza de maneiras diferentes, mas sempre com a consciência politica. Chegamos nesse Congresso com mais de 100 mil filiados e representações em todos os estados, o que dá um pouco da dimensão do nosso alcance com a juventude brasileira. Além disso, ampliamos a possibilidade de contato em novos canais como a internet. É muito importante citar a criação da Rede UJS, uma rede social online que já conta com 50 mil participantes e através da qual podemos expandir a nossa luta. É importante lembrar também que esse Congresso foi transmitido ao vivo, pela internet, com um alcance maior para os companheiros que não puderam estar presentes e para todos outros jovens que venham a conhecer as ideias e propostas da UJS.


Rafael Minoro e Artênius Daniel para o Portal da UJS


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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Homenagem à vida


Para homenagear o imortal José Saramago, celebrarei a vida com fotos do meu amado filho Hércules Vinicius, nascido no último dia 10 às 23:45.
O blog ficará um pouco desatualizado durante esses dias, pois minha prioridade é maravilhosa como vocês podem ver.
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'Nossa única defesa contra a morte é o amor'
José Saramago


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quarta-feira, 9 de junho de 2010

UJS quer mudança para colocar Minas no rumo do Brasil

A presidente reeleita da UJS/MG, Viviene Adriana
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Neste feriado prolongado, jovens mineiros dedicaram "os melhores dias das suas vidas" ao 8° Congresso Estadual da União da Juventude Socialista (UJS) de Minas Gerais. Realizado na bela cidade de Contagem, cerca de 250 jovens de todas as regiões mineiras reuniram-se para eleger a nova diretoria da UJS estadual e reafirmar o compromisso em colocar Minas nos rumos do Brasil.
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O 8° Congresso reelegeu Viviene Xavier, estudante de Pedagogia da UFMG, que foi diretora da UBES e presidente na reconstrução da União Colegial de Minas Gerais (UCMG).
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Daniel Dias discursa no Congresso
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Além de uma abertura emocionante, o primeiro dia foi marcado pelo lançamento de dois candidatos jovens para a eleição deste ano: o ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da UJS Wadson Ribeiro a deputado Federal, e Daniel Dias, presidente da UJS de Montes Claros a deputado Estadual.
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Foram quatro dias de muito debate e descontração, o congresso foi marcado pela unidade e pela politização. No segundo dia de congresso os jovens dedicaram o dia para debater as diretorias e as frentes de organização da UJS. A juventude mineira debateu a importância da diversificação das frentes de atuação e também da participação em cada vez mais de todos espaços de decisão do estado.
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Presença sempre destacada nas atividades e membro de honra UJS mineira, a deputada federal Jô Moraes contou um pouco de sua participação na política durante a ditadura militar, garantindo a empolgação da galera. O deputado estadual Carlin Moura contribuiu com um excelente debate sobre os desafios dos mineiros para construir no estado um governo democrático popular, aos moldes do que ocorre no plano federal.
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Momentos emcionantes do congresso foram garantidos por um disputado campeonato de futsal, vencido pela UJS da cidade de Sarzedo.
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Ato político em tom de unidade para Minas avançar
No domingo, foi realizado um grandioso ato político com a presença de juventudes partidárias de Minas. Breno Carone, presidente da JPMDB; Bruno Lacerda da JSPDT-MG; Lamonier Augusto da JSB; Estevão Cruz da JPT; Warlei Wander, presidente da UMES Contagem; Péricles Francisco, presidente da UCMG; e André Tokarski da direção Nacional da UJS.
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"Fazer um ato político como esse demonstra a unidade e o compromisso da juventude do campo democrático popular mineiro em construir em Minas mudanças significativas para a vida do povo mineiro, assim como o governo Lula construiu no Brasil", destacou Viviene, presidente da UJS.
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Em uma plenária final muito politizada foi eleita a nova direção estadual composta por 57 membros, sendo 34% de mulheres, 64% de renovação e de 27 cidades diferentes. Segundo Flávio Panetone "esse será o time que construirá as mudanças em Minas nos próximos anos".


Luiza Lafetá e Isadora Scorcio para o Portal da UJS

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Conjuve lança “Guia de Conselhos”

O Conselho Nacional de Juventude, reunido em Belo Horizonte, lançou na manhã da última segunda-feira (07), a publicação Conselhos de Juventude – Fortalecendo Diálogos, Promovendo Direitos. A publicação reúne informações sobre o histórico da Secretaria Nacional de Juventude e do Conselho Nacional de Juventude, compartilha experiências e dá dicas importantes para a criação e fortalecimento de novos conselhos.

Além dos textos didáticos, o manual traz um anexo com uma lista de sites de conselhos e órgãos de juventude que trazem modelos de documentos como requerimentos, decretos, projetos de lei e planejamentos que podem ser muito úteis aos interessados em orientação sobre o tema. O material – que é fruto de uma parceria entre o Conjuve, a Secretaria de Juventude e a UNESCO – está disponível no site do Conjuve no endereço www.juventude.gov.br

A reunião
A 21ª reunião do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), acontece no auditório do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, em Belo Horizonte, até a próxima terça-feira (08). Aproximadamente 50 conselheiros de todo o país se reúnem na capital mineira para discutir as prioridades e planejar as ações do Conselho, por meio das suas comissões: Articulação e Diálogo, Acompanhamento de Políticas e Programas, Parlamento e Comunicação.

O encontro foi aberto pelo presidente do Conselho, Danilo Moreira, que demonstrou a importância da descentralização das reuniões para além de Brasília. Para ele, a descentralização permite conhecer a realidade dos Conselhos locais e oferece à sociedade civil e demais entidades do estado a oportunidade de acompanhar a pauta do Conjuve. João Vidal, vice-presidente, também esteve na direção da mesa e coordenou os trabalhos de intervenção com conselheiros e convidados.

Logo após a abertura, Nilo Furtado Teodoro, presidente do Conselho Estadual de Juventude de Minas Gerais, e Roberto Rocha Tross, coordenador da Coordenadoria Especial da Juventude de Minas, apresentaram as políticas de juventude do estado. Teodoro explicou que o Conselho Estadual tem trabalhado para incentivar a criação de Conselhos Municipais – atualmente são 117 em funcionamento – e garantir o fortalecimento das bandeiras defendidas pelo conselho mineiro.

Em sua intervenção, Tross fez um relato sobre o processo de criação da coordenadoria, detalhando questões relacionadas à estrutura e ao funcionamento do órgão. Ele apresentou os principais projetos em andamento, destacando a atuação múltipla que aborda as frentes de meio ambiente, inclusão social, saúde e educação, ente outros.

Comissões e GTs
Retomando as atividades após o intervalo de almoço houve os relatos dos grupos de trabalho. Os coordenadores dos grupos compartilharam o resultado dos trabalhos das suas comissões e fizeram sugestões para análise do plenário. A Comissão de Articulação e Diálogo apresentou o cronograma das oficinas regionais de formação de conselheiros estaduais e municipais, que ocorrerão até agosto, tendo como pólos articuladores Belém, reunindo a região Norte; Recife, reunindo a região Nordeste; Curitiba, reunindo a região Sul; Rio de Janeiro, reunindo a região Sudeste e Brasília, reunindo a região Centro Oeste.

Já a Comissão de Acompanhamento de Políticas comunicou que realizará reunião no dia 9 de junho, em Belo Horizonte, para montar a metodologia e o cronograma para a elaboração da análise sobre as políticas de juventude nos oito anos do governo Lula. A Comissão de Parlamento reforçou a necessidade de manter a mobilização no Congresso para a aprovação da PEC da juventude. Por fim, a Comissão de Comunicação relatou que também programou reunião para encaminhar demandas como a reformulação dos produtos de comunicação do Conjuve.

Publicações produzidas por entidades do Conselho foram lançadas, como: Manual da Mídia Legal, da ONG Escola de Gente; Livro das Juventudes Sul-americanas, feito pelo Ibase e Instituto Polis, e um kit de produtos do Projovem, realizado pelo Ministério de Desenvolvimento Social.

Durante a reunião houve ainda a apresentação dos trabalhos dos Grupos de Trabalho Juventude Negra, Relações Internacionais e Pacto pela Juventude.

Por Aninha Santos, a Paraíba Vermelha


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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Um descanso no caminho

Um descanso no caminho

O viajante está feliz. Nunca na vida teve tão pouca pressa. Senta-se na beira de um destes túmulos, afaga com as pontas dos dedos a superfície da água, tão fria e tão viva, e, por um momento, acredita que vai decifrar todos os segredos do mundo. É uma ilusão que o assalta de longe em longe, não lho levem a mal.

José Saramago In Viagem a Portugal, Ed. Caminho, 21.ª ed., p. 137
(Selecção de Diego Mesa)

Dos Outros Cadernos de Saramago


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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Conclat reúne 30 mil trabalhadores em SP


Iniciativa da CTB triunfa, e Conclat reúne 30 mil trabalhadores em SP

A classe trabalhadora brasileira viveu nesta terça-feira (1º de junho) um dos dias mais importantes de sua história. O Estádio do Pacaembu, em São Paulo, foi palco da segunda edição da Conclat, iniciativa resgatada pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) em seu Congresso de Fundação — em dezembro de 2007 — e agora concretizada por mais de 30 mil trabalhadores e trabalhadoras de todo o país.

Unidas, CTB, Força Sindical, Nova Central, CGTB e CUT demonstraram para a sociedade brasileira a capacidade de articulação das centrais sindicais do Brasil, ao organizar um evento da magnitude e importância da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora. A partir desse espírito unitário foi possível aprovar, em uma grande Assembleia, a Agenda da Classe Trabalhadora, com vistas a um projeto nacional de desenvolvimento com soberania e valorização do trabalho.

A CTB, desde seu Congresso de fundação, apostou na proposta de levar às outras centrais esse projeto, que só pôde se tornar realidade graças a um longo processo de unidade, que traduziu o novo momento vivido pelo sindicalismo no Brasil. Esse documento agora será entregue a todos os candidatos à Presidência da República e servirá como base para as próximas campanhas de luta da classe trabalhadora no país.

A Declaração Política do 2º Congresso da CTB, realizado em setembro de 2009, já adiantava como deveria ser o processo de constituição do evento realizado neste 1º de junho. “Para coroar o processo de unidade que já está em curso, a CTB propõe a realização de uma nova Conclat - Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, reunindo milhares de sindicalistas de todas as centrais e entidades sindicais, independentemente das posições políticas e ideológicas, sem discriminações. A Conclat vai elevar a um novo patamar o nível de intervenção e influência do sindicalismo e da classe trabalhadora na vida nacional”, dizia o texto.

Segundo o presidente da CTB, Wagner Gomes, depois da segunda edição da Conclat, o Brasil verá surgir um novo movimento sindical. “É uma vitória da unidade, independentemente de quem teve a iniciativa desta Conferência. Daqui para frente, a classe trabalhadora terá um papel mais elevado, e certamente influirá cada vez nas decisões políticas do país”, afirmou.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, também destacou a unidade das centrais. “No Congresso da CTB eu já dizia que essa seria uma das melhores propostas surgidas no seio sindical ao longo dos últimos anos. É claro que seria necessário um amadurecimento de todas as centrais — e isso felizmente ocorreu”, comentou.

Seis eixos
A Agenda da Classe Trabalhadora, documento aprovado por unanimidade pelos cerca de 30 mil participantes da Conclat, contemplou seis eixos considerados estratégicos pelas cinco centrais e traduziu sua unidade de luta:

1. Crescimento com Distribuição de Renda e Fortalecimento do Mercado Interno;

2. Valorização do Trabalho Decente com Igualdade e Inclusão Social;

3. Estado como Promotor do Desenvolvimento Socioeconômico e Ambiental;

4. Democracia com Efetiva Participação Popular;

5. Soberania e Integração Internacional;

6. Direitos Sindicais e Negociação Coletiva.

O vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana, já adiantava em recente artigo que o conteúdo da Agenda da Classe Trabalhadora indicaria o fim da era neoliberal para o país. “O conteúdo das propostas indica que a imensa maioria do sindicalismo nacional se posiciona contra o retrocesso neoliberal e em defesa da continuidade e aprofundamento das mudanças progressistas inauguradas com o governo do presidente Lula”, sustentou o dirigente.

Unidade
Os discursos dos cinco presidentes das centrais destacaram a unidade conquistada ao longo dos últimos meses, período em que se materializou o documento final da Conclat.

Antônio Neto, da CGTB, disse que essa união deve servir de exemplo para as próximas lutas do sindicalismo. “A grande virtude deste palanque é a unidade. Até 2002, estávamos na resistência e esta assembleia marca a maturidade das centrais. Organizadas, só temos a ganhar. Temos agora que seguir unidos para que sigamos avançando”, afirmou.

Para José Calixto Ramos, da Nova Central, essa unidade tem que ser traduzida em novas ações de luta. “Soubemos lidar com nossas diferenças para organizar este evento. Somente a unidade de ação trará resultados satisfatórios para a classe trabalhadora”, bradou.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, lembrou que, apesar da amplitude do documento elaborado pelas centrais (são 249 itens no total), prevaleceu a unidade em torno das causas mais importantes. “Nós já vínhamos buscando isso há muito tempo. Temos divergências, é claro, mas aprendemos a nos unir naquilo que é mais importante para os trabalhadores”, disse.

Artur Henrique, da CUT, lembrou que essa mesma unidade demonstrada na Conclat foi a responsável por conquistas recentes, como o reconhecimento das centrais e a política de valorização do salário mínimo. Segundo ele, esse mesmo esforço deve ser feito nas próximas eleições, no sentido de evitar qualquer retrocesso político para o país. “O desafio é muito grande, pois não podemos permitir a volta ao poder daqueles que trouxeram tanto atraso para o Brasil”, afirmou.

O presidente da CTB, em seu discurso, destacou o caráter histórico da Conclat e sustentou que a mesma unidade demonstrada pelas centrais deve servir de exemplo para um novo projeto nacional de desenvolvimento. “Estamos fazendo história e devemos ter consciência de que o destino do Brasil depende de nós. Os rumos políticos da nação podem ser mais ou menos progressistas dependendo da participação da classe trabalhadora nas batalhas em curso e, em especial, nas eleições de outubro, nas quais devemos nos empenhar de corpo e alma para eleger candidatos identificados e comprometidos com nossa agenda”, disse.

Wagner Gomes lembrou também que a responsabilidade dos trabalhadores e trabalhadoras é muito grande, bem como seus desafios. Mas mostrou-se otimista quanto ao futuro e também adiantou qual será a tarefa do movimento sindical para este ano: “Derrotamos o neoliberalismo nas urnas em 2002, voltamos a derrotá-lo em 2006 e vamos lhes impor uma nova derrota em outubro, barrando a possibilidade de retrocesso. É esta a nossa tarefa comum neste ano”.

Fernando Damasceno para o Portal da CTB


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terça-feira, 1 de junho de 2010

Projeto Brasil 2010

A quadra dos bancários ficou lotada durante a Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais, nesta segunda-feira (31/5), em São Paulo (SP)
Foto: Dino Santos/CUT

CMS reúne 3 mil e aprova Projeto Brasil 2010

3 mil vozes aclamaram a proposta unitária de documento na Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais, organizada pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) nesta segunda-feira (31/5) em São Paulo. O documento Projeto Brasil reúne bandeiras dos mais diversos movimentos, consolidando uma plataforma a ser debatida com a sociedade. Entre as ações previstas para o próximo período, estão o envio do Projeto Brasil a candidatos à presidência da república e a formação de comitês populares da CMS.

"Essa Assembleia é uma forte, uma contundente demonstração de unidade dos movimentos populares do campo e da cidade que enviam um recado bastante claro: queremos consolidar as mudanças dos últimos anos, ampliar as conquistas, avançar nas mudanças que ainda faltam e impedir qualquer retrocesso", explica Antonio Carlos Spis, um dos coordenadores da mesa, membro da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Comitês Populares de Campanha
A outra coordenadora da mesa da Assembleia, Lúcia Stumpf, da União Brasileira de Mulheres (UBM), acredita que o próximo passo é a formação de “comitês populares de campanha”. Os comitês seriam “iniciativas do próprio movimento social, que se organizem não em torno de candidaturas, mas que sejam organizações nas quais o povo se encontre e tenha uma atuação baseada no Projeto Brasil”.

O Projeto Brasil 2010, aprovado na Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais, é a plataforma unificada das entidades da CMS para debater com a sociedade, aproveitando o clima favorável ao debate político proporcionado pelas eleições. Mas os integrantes da CMS fazem questão de reforçar que não se trata de uma plataforma exclusivamente eleitoral, visto que trata de pautas centrais ao desenvolvimento do Brasil. Além do documento, a CMS aprovará um conjunto de ações na sua próxima reunição da operativa, em 11 de junho, com o objetivo de pautar ações unificadas dos movimentos sociais durante o período eleitoral.

Pautas e bandeiras
As diversas entidades que compõem a CMS se manifestaram no plenário lotado da quadra dos bancários. A atividade contou com a participação de pelo menos 20 estados . As falas foram no sentido de defender as reformas estruturais para o Brasil, há anos debatidas pela CMS – Reformas Urbana, Agrária, Educacional, Política, Tributária e a Democratização dos Meios de Comunicação. Outro ponto unificado e citado por praticamente todas as entidades foi o combate à criminalização dos movimentos sociais.

A solidariedade internacional também foi um tema recorrente, especialmente a valorização da integração solidária da América Latina, apoio a Cuba e à Palestina. O combate à homofobia, ao machismo e ao racismo se fizeram presentes na maioria das falas, reforçando o caráter emancipacionista da plataforma aprovada.

30 mil na Conclat
Em todas as falas do período da manhã, as lideranças citaram ainda a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), que ocorre nesta terça-feira (1/6), no Estádio do Pacaembu. A expectativa é que o encontro reúna mais de 30 mil militantes do movimento sindical.

Em sua intervenção, o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, disse que o Brasil ainda possui importantes contradições a serem superadas, como “pagar mais juros que investir em áreas sociais (...), enfrentar os barões da comunicação e enfrentar os interesses da terra”. Em seguida, defendeu a bandeira de 50% do Fundo do pré-sal para a educação e finalizou dizendo que o papel dos movimentos sociais é “arrancar das mãos da burguesia brasileira mais conquistas, mais direitos!”.

A bandeira da verba do pré-sal para a educação foi defendida também pelo presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Yann Evanovick e pela representante da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), além do senador Inácio Arruda (PCdoB/CE), que falou em nome de todos os parlamentares presentes.

Pós-Lula
A presidente da Confederação Nacional de Associações de Moradores (Conam), Bartíria Costa, convocou as entidades a defenderem o “aprofundamento do processo iniciado em 2002”, referindo-se à eleição do governo Lula. Na mesma linha, a vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Márcia de Almeida Machado e o presidente da CUT, Arthur Henrique, defenderam a eleição da pré-candidata Dilma Rousseff como elemento fundamental ao avanço do projeto de Brasil dos movimentos sociais.

O representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, falou em seguida, declarando: “não viemos fazer comício para a Dilma, mas é bom dizer, para que não fiquem dúvidas: todos aqui queremos derrubar os tucanos em todo o país, porque representam o atraso, o retrocesso”. O líder do MST descreveu a Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais da CMS como uma “grande mobilização em defesa das causas populares desses movimentos que estão aqui, que ajudaram a derrubar o neoliberalismo e a Alca”.

Falaram, ainda, na mesa da CMS: Edson França, da União dos Negros pela Igualdade (Unegro), representando o conjunto do movimento negro; o Ditinho, da Central dos Movimentos Populares (CMP), o Bira da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), a Soninha da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), a Gilvânia, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e o Paulinho da Força Sindical, representando o Fórum das Centrais, que organizam a Conclat na terça-feira (1/6).

Após as falações da mesa, foram lançadas duas campanhas: Cartão ao trabalho infantil, apresentada pelo professor Paulo de Lara, e a Campanha contra as bases militares estrangeiras na América Latina, apresentada pela presidente do Cebrapaz, Socorro Gomes. Em seguida, foram abertas as falas ao plenário.

Divulgando o Projeto Brasil
Foram feitas propostas de adendo ao documento, que serão incorporadas na próxima reunião da operativa da CMS, marcada para 11 de junho, quando também serão debatidas ações da CMS de divulgação do Projeto Brasil. As principais propostas são de envio do documento a presidenciáveis e formação de comitês populares de campanha do Projeto Brasil.

Luana Bonone para o Portal Vermelho


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