segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

É o Bonde do Mengão sem freio!

Só no sapatinho!

Mengão sem freio e campeão

Ronaldinho marca, Flamengo vence o Boavista e levanta o troféu da Taça Guanabara invicto

Ronaldinho puxou o "bonde do Mengão sem freio" Sem freio e campeão. Após vencer o Boavista por 1 a 0, o Flamengo chegou ao primeiro título do ano, de maneira invicta. E se para a torcida a conquista foi importante, para Ronaldinho Gaúcho, o autor do gol, foi mais ainda. Capitão, o camisa 10 rubro-negro levanto seu primeiro caneco com o manto sagrado.

No primeiro tempo, o Flamengo conseguiu ter o domínio completo da partida. Com Bottinelli, Thiago Neves e Ronaldinho cuidando da parte ofensiva, o Rubro-negro teve muito mais posse de bola que o adversário. Mas não converteu em gol, apesar de ter tido algumas boas chances.

Thiago Neves, após uma bela jogada de Ronaldinho, aos 11 minutos, teve a primeira oportunidade de marcar, mas o goleiro do Boavista defendeu. Logo em seguida, aos 14, foi a vez de Léo Moura. O lateral recebeu a bola dentro da área e chutou para fora, raspando a trave direita.


Aos 24 minutos foi a vez de Egídio quase marcar. O lateral esquerdo rubro-negro tentou cruzar, mas acabou chutando para o gol, obrigado o arqueiro do Boavista a fazer mais uma grande defesa. O Flamengo continuou pressionando, mas apenas no final da primeira etapa voltou a assustar, aos 40 com Willians, e aos 44 com Welinton.

Veio o intervalo e Luxemburgo mexeu na equipe. Sacou o argentino Bottinelli e colocou Negueba em campo. A modificação, assim como nos outros jogos, surtiu efeito rapidamente. A jovem promessa sofreu falta, aos dois minutos, e Renato quase marcou, com uma bomba.

Aos 13, Negueba deu um lindo drible em Edu Pina, já dentro da área, e cruzou para Thiago Neves. Por pouco o meia rubro-negro não alcançou. Pensando em colocar o time ainda mais para frente, Luxemburgo sacou Egídio e colocou Diego Maurício em campo. Renato passou a fazer a função de lateral esquerdo.

O Flamengo continuava a pressionar bastante e, numa falta sofrida por Thiago Neves, na entrada da área, Ronaldinho Gaúcho fez um golaço. O craque rubro-negro cobrou magistralmente e balançou a rede do Boavista. O goleiro Tiago nem esboçou defesa.


Comemoração com direito ao Bonde do Mengão sem freio e uma explosão de alegria no Engenhão. Mas o jogo não havia terminado e Luxemburgo resolveu proteger mais o time. Sacou Thiago Neves e lançou Ronaldo Angelim no time.

Mas a possível reação do Boavista, que não assustou o Flamengo durante todo o jogo, acabou sendo sepultada aos 34 minutos, com a expulsão do atacante Frontini, que agrediu Renato. Para os rubro-negros, foi só esperar o tempo passar para gritar "é campeão".


E o ano ainda nem começou...



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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

You wanted the best, you got the best!

Kiss cover BH é a próxima atração da Firebull

Montes Claros vai reviver os sucessos da enigmática banda Kiss. O grupo, que marcou história com o seu hard rock e a maquiagens de seus integrantes, estará no repertório de banda cover de Belo Horizonte no palco da Firebull Club de sábado, 26 de fevereiro.

A semelhança do vocal destruidor de Túlio somada a virilidade do restante dos integrantes esultaram em uma das melhores bandas covers do KISS no país, o KISS COVER BH.

Formada por: Marco Túlio (Concreto) Marcelo Loss (Concreto) Guilherme Pacotinho (Hard’n heavy) e Gilberto Melo (Creedence Collection). De forma genuína é possível sentir a energia da banda no palco,o que contagia a todos!!

A noite tem início com a discotecagem do DJ Wesley Rodriguez e o rock acústico de Zureba e os Meliantes.

Proibido para menores de 18 anos. Obrigatória apresentação do documento de identidade.

Kiss cover na Firebull
Data: 26/02/2011
Local: Firebull Club (Av. Governador Magalhães Pinto, 4.910 - trevo do aeroporto) - Montes Claros
Horário: 22 horas
Ingressos: R$ 20,00
Atrações:- Kiss cover BH- Zureba e os Meliantes- DJ Wesley Rodriguez
Postos de venda: Palimontes Presentes, Boots & Outwear e BR Mania
Mais informações: (38) 9999-6400


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Os estudantes não querem esmolas


Apesar do decreto municipal aprovando auxílio de transporte escolar, benefício não atinge a maioria da juventude, que promete ir às ruas.

O prefeito Márcio Lacerda (PSB) sancionou na última segunda-feira, 21 de fevereiro, a lei que cria o meio-passe aos estudantes de Belo Horizonte. Os vereadores de Belo Horizonte aprovaram por unanimidade, em 20 de dezembro do ano passado, o Projeto de Lei 1173/20110 para instaurar o Auxílio de Transporte Escolar.

O texto da lei prevê que o benefício será concedido, preferencialmente, a jovens matriculados no ensino médio que residam a mais de 1 mil metros da escola e cujas famílias sejam atendidas em programas sociais da prefeitura. A nova lei do meio passe, no entanto, é muito restritiva, pois são poucos os estudantes contemplados. Por conta disso, a juventude mineira já se organiza para fazer mais pressão nas ruas e potencializar ainda mais a luta dos estudantes mineiros.

Em nota, as entidades representantes dos jovens mineiros condenam veementemente o decreto, considerado “meia-boca”, e prometem uma grande manifestação no próximo dia 23 de março, convocando o Dia Municipal de Pular a Roleta. Confira abaixo o texto na íntegra.

“Os estudantes de Belo Horizonte não querem esmolas!
Belo Horizonte 21 de Fevereiro: Um dia que já faz parte da história de Belo Horizonte.

Mais um dia em que os estudantes devem se indignar em saber que BH é a única capital do país que não garante o passe estudantil para todos.

Há mais de 30 anos os estudantes de Belo Horizonte lutam pelo beneficio do meio – passe estudantil. Foram incansáveis ocupações na prefeitura, câmara municipal e passeatas por todas as ruas de BH.

O ano de 2008 foi fundamental para que avançássemos nesta luta, com mais de 08 (oito) passeatas durante o período eleitoral, onde a principio não constava em nenhum plano de governo dos candidatos com reais condições de vitória eleitoral a defesa do benefício.

De lá para cá, as lutas não pararam, até que o prefeito Márcio Lacerda (PSB) mandasse o projeto de lei 1173/2010para a Câmara Municipal, projeto este que não atenderia nem de longe os interesses dos estudantes, realizamos ciclos de debates sobre o PL em várias escolas e universidades, dialogamos com todos os vereadores com o intuito de apresentar emendas que melhorasse e ampliasse o numero de estudantes beneficiados com a futura lei.

Neste sentido estamos convocando todos os estudantes de BH para ocupar as ruas e reverter o GOLPE dado pelo prefeito para a mais antiga reivindicação da cidade: O MEIO – PASSE ESTUDANTIL PARA TODOS.

Dia 23 de março será o dia municipal de pular a roleta, contra o aumento abusivo das passagens, e a favor do passe para todos os estudantes, porque 10 mil não é meio-passe e sim MEIA BOCA, meia boca porque exclui a maioria dos estudantes por um absurdo critério de renda e benefícios sociais, se tem dinheiro para 10 mil tem que ter para todos.

Agora é o nosso momento:

CHEGOU À HORA BH! DO JEITO QUE TA NÃO PODE FICAR!

MEIO-PASSE DE VERDADE É MEIO PASSE PARA TODOS

UNIÃO COLEGIAL DE MINAS GERAIS – UCMG
UNIÃO BRASILEIRA DOS ESTUDANTES SECUNDARISTAS – UBES
UNIÃO ESTADUAL DOS ESTUDANTES DE MINAS GERAIS – UEE/MG
UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES – UNE”


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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A construção do Homem no jovem Marx (parte 3)


Por Augusto Buonicore

O pensamento de Epicuro se encaixava como uma luva nas construções teóricas dos jovens que lutavam, ainda no campo das ideias, contra o status quo prussiano e a vil subserviência a ele, cultivada pelos hegelianos de direita

A Diferença entre as filosofias da natureza de Epicuro e Demócrito

Podemos afirmar que a tese de doutorado Diferença entre as filosofias da natureza de Epicuro e Demócrito era fruto do ambiente efervescente das universidades alemãs e do convívio profícuo com os “jovens hegelianos”, dirigidos por Bruno Bauer, que tinham como programa a realização da “síntese entre o hegelianismo e o liberalismo francês, criando um ideário que permitisse concluir a tarefa libertadora levada à prática pela Revolução Francesa”. Apesar da aparente desvinculação com a realidade alemã, já que o trabalho nos remete a um debate ocorrido na antiga Grécia, essa obra era bastante atual e representava, em certo sentido, um grito (a mais) da jovem geração alemã contra a submissão às leis, quer as de Deus quer as dos próprios homens.

Nesse período Marx estava impregnado das ideias dos revolucionários franceses, que buscavam a realização da liberdade no indivíduo e não no social. Devemos neste caso concordar com o professor José Américo Motta Pessanha, que afirmou que o centro da tese de Marx era “muito mais o helenístico Epicuro que o helênico Demócrito. E se Demócrito aparece (...) é antes para servir de contra e para ressaltar contornos de Epicuro, enquanto diferença”. A liberdade para o jovem Marx era representada sim pelo átomo de Epicuro, e não pelo de Demócrito, este sim fixo, preso às leis da natureza (no caso, leis divinas).

A grande contribuição estaria no fato de que Epicuro admitia “um triplo movimento do átomo no vazio. O primeiro é o da queda em linha reta; o segundo produz-se quando o átomo se desvia da linha reta, e o terceiro deve-se à repulsão dos diversos átomos entre si. Ao admitir o primeiro e o terceiro movimento Epicuro entrava em acordo com Demócrito, mas diferenciava-se dele na concepção do movimento de declinação do átomo de sua linha reta, o desvio”. Aqui estava o fundamento da liberdade do indivíduo/átomo: a capacidade de desviar da linha reta do destino.

O jovem Marx da tese admirava Epicuro por sua repulsa à categoria necessidade (entendida enquanto leis às quais os homens estariam irremediavelmente presos). Baseado em Epicuro, Marx escreveu: “A necessidade que alguns convertem em dominadora absoluta não existe e há algumas coisas fortuitas, outras dependentes de nosso arbítrio. A necessidade não convence (...) Seria preferível seguir o mito dos Deuses que ser escravo do destino dos físicos, que nos apresentam a inexorável necessidade (...) Seria uma desgraça viver na necessidade (...) Por todos os lados se abrem vias, numerosas, curtas e fáceis, que conduzem à liberdade. Agradecemos o fato de (...) não existir qualquer limite à vida, o que permite dominar a própria necessidade”. Quão longe ainda estamos do velho Marx da Crítica da Economia Política.

Na ocasião Marx fazia suas as palavras de Cícero: “Que se deve pensar de uma filosofia para a qual, como para as comadres ignorantes, tudo parece suceder graças ao destino? (...) Epicuro libertou-nos dele e assim pôs-nos em liberdade”. Nesse período, salvo melhor juízo, Marx parecia não diferenciar a categoria filosófica necessidade da noção de destino – conceito metafísico ligado às ideias religiosas.

Pelo que já expusemos da vida de Marx e de suas influências, podemos entender como o pensamento de Epicuro se encaixava como uma luva nas construções teóricas desses jovens que lutavam, ainda no campo das ideias, contra o status quo prussiano e a vil subserviência a ele, cultivada pelos hegelianos de direita. Estes viam no Estado a realização da razão e afirmavam que era através dele que o Homem, necessariamente, deveria se realizar.

Para os “jovens hegelianos” os homens, como os átomos de Epicuro, eram corpos que se moveriam “não em linha reta, mas obliquamente; o movimento da queda era o movimento da não-autonomia”. Essa lei (ou anti-lei) não era uma determinação particular. Ela expressava uma constante em toda a filosofia de Epicuro “de tal maneira que a encontramos sempre que o exige a esfera onde aplicada (...) Assim como o átomo se liberta de sua existência relativa à linha reta – à medida que prescinde e se separa dela, assim também a filosofia epicurista se desvia do ser que a limita”.

Por tudo isso Epicuro, para Marx, adquiriu a dimensão de “maior filósofo das luzes da antigüidade clássica”. Repetindo o elogio que Lucrécio lhe dirigiu, escreveu Marx: “A humanidade jazia vergonhosamente na terra./ esmagada sob o peso da religião/ que nos céus, mostra a sua face/ e cujos olhos estarrece ameaçando do alto/ os mortais. / Pela primeira vez um homem, um grego, ousou/ levantar contra ela/ e assim a superstição foi deitada por terra/ e pisada aos nossos pés. / E essa vitória nos elevou aos céus”.

A filosofia de Epicuro instrumentalizou Marx num período em que ele, e todos os jovens hegelianos, voltavam suas atenções para a crítica da religião e para o estudo das obras de Strauss, Bauer e dos radicais Hess e Ruge. Estes dois últimos, pouco a pouco, se tornariam os preferidos das jovens gerações de intelectuais da esquerda alemã.

E, mesmo contra as indicações de seu amigo e mestre Bruno Bauer, que recomendava prudência na linguagem, Marx escreveu no prefácio de sua tese: “Enquanto uma gota de sangue bater ainda no coração da filosofia, esse coração totalmente livre que engloba o mundo, ela não deixará de gritar como Epicuro para seus adversários: - Ímpio não é aquele que reprova os deuses do vulgo, mas aquele que impõe aos deuses ideias do vulgo”. Marx asseverava ainda no mesmo prefácio que “A filosofia não dissimula a profissão de fé de Prometeu: - Eu odeio todos os deuses, eles são meus subordinados e deles sofro um tratamento iníquo”.

Os temores de Bauer eram justificáveis, mas para o jovem Marx eram inadmissíveis. Em abril de 1814 adquiriu o grau universitário de doutor com a seguinte nota de louvor: “A tese testemunha tanto (...) inteligência e penetração como vasta erudição, por isso consideramos o candidato digno de excelente”. Os caminhos da cátedra universitária estavam abertos, mas o “destino” cuidaria de traçar-lhe um outro caminho.

(Continua na parte 4)

*Augusto Buonicore é historiador, mestre em ciência política pela Unicamp e secretário-geral da Fundação Maurício Grabois. Ensaio publicado na página da Fundação Maurício Grabois.

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O Brasil tem bons motivos para grandes manifestações

Estudantes europeus protestam contra reformas educacionais; mulheres italianas pedem o fim do governo Berlusconi; povos árabes querem a derrubada das ditaduras.

Por Deybiane Francielly *

Não apenas os europeus, asiáticos e africanos têm os seus motivos para sair às ruas em grandes manifestações de protesto e de luta. Nas últimas semanas, as explosões de protestos pipocaram pelo mundo. Marchas, passeatas, concentrações – pelos mais variados motivos, mas, no geral, para defender liberdade, democracia, direitos, enfim, a demanda por um mundo melhor do que o atual, que tem sido degradado por modelo econômico predador e políticos e governos autoritários, omissos, decadentes ou simplesmente indiferentes às demandas populares.

Aqui, no Brasil, também temos manifestações: desde o começo de janeiro que estudantes e trabalhadores protestam contra os aumentos dos serviços públicos de transportes. As passagens dos ônibus e de metrô foram reajustadas muito acima da inflação e dos reajustes salariais. Andar de ônibus e de metrô nas principais cidades brasileiras representa um peso inaceitável para quem precisa estudar e trabalhar. A privatização do transporte coletivo tira o pão da boca de muitas famílias.

A luta para a redução de tarifas tem sido tratada – pelas autoridades municipais, estaduais e federais – como caso de polícia, alvo de forte repressão. O Brasil todo viu – pela TV e pela Internet – como a Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar utilizaram a truculência para reprimir uma dessas manifestações, quinta-feira, dia 17 de fevereiro, no centro de São Paulo, em frente à sede da Prefeitura Municipal, com o espancamento do povo paulista.

Nesses dias, também, moradores de Belo Horizonte (MG) e do Rio de Janeiro (RJ) realizaram manifestações de protestos contra o despejo de comunidades que estão no caminho das obras viárias da Copa do Mundo (2014) e das Olimpíadas (2016). A especulação imobiliária fala mais alto do que o direito de moradia dos cidadãos. E as autoridades usam a truculência típica das ditaduras para “limpar” ocupações, assentamentos e bairros pobres – em nome do progresso e, particularmente, do lucro que alguns grupos terão com os megaeventos esportivos.

O Brasil e os brasileiros têm outros bons motivos para sair às ruas, protestar, lutar, fazer manifestações que sejam capazes de mudar essa história (pre)determinada pelos interesses econômicos das elites e do capital nacional e internacional. É claro que em cada cidade, região, comunidade, existe uma agenda específica de lutas que justifica a realização de protestos e manifestações, desde colocar o prefeito corrupto na cadeia, até exigir que as escolas públicas funcionem verdadeiramente com qualidade.

Da mesma forma, o País tem inúmeros motivos de dimensão nacional que justificariam a união do povo brasileiro, o fim da apatia e o surgimento de uma onda de manifestações. Alguns motivos para protestar são:

- A defesa dos povos do Xingu contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte, que é uma obra faraônica que vai consumir uma quantidade enorme de recursos públicos para um retorno energético pífio, sem contar o estrago ambiental e a destruição do acervo cultural e antropológico dos povos indígenas que habitam aquela região do Pará.

- A luta pela nacionalização do petróleo do pré-sal e sua exploração racional conforme as necessidades do Brasil. Não permitir que esses importantes recursos dos brasileiros sejam entregues para o capital estrangeiro, e nem que a riqueza do pré-sal seja retirada a toque de caixa para manter o padrão de vida e o modelo energético dos Estados Unidos. Defender a exploração racional do pré-sal é algo estratégico para reduzir as desigualdades e construir um Brasil mais equilibrado econômica, social e ambientalmente. E maís: que 50% desse fundo seja investido na Educação, para reparmos essa dívida histórica com a polpulação brasileira.

- A democratização dos meios de comunicação; a universalização do ensino médio e superior público e gratuito; sistema público de saúde com excelente atendimento de qualidade; a imediata reforma agrária com amplo apoio estatal; acabar com o déficit habitacional, especialmente das populações que vivem em áreas de risco; promover a geração de empregos com aumento real dos salários.

Algumas dessas demandas são velhas conhecidas do povo brasileiro. Elas têm sido cantadas em prosa e verso desde o início da República, há mais de cem anos. Todos os governos as colocam no rol das promessas. Poucos conseguiram realmente avançar nas realizações. A paciência dos brasileiros tem sido muito maior do que a de outros povos – na Europa e na América Latina. Agora, a onda de protestos atinge países que também estavam em aparente acomodação social.

Assim, faço um chamamento a todos os movimentos sociais, a todos os partidos políticos, a todas as instâncias de representação: temos que ser sujeitos de NOSSA HISTÓRIA! Temos que reivindicar por melhores condições de VIDA! Para que um dia possamos gritar: VIVA O POVO BRASILEIRO!

É... A onda de protestos está apenas começando – é o grito legítimo dos que clamam por outro rumo para a humanidade.


* Deybiane Francielly é estudante de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros, vice-presidente norte da União Estadual dos Estudantes (UEE-MG) e diretora da União da Juventude Socialista (UJS) em Montes Claros.



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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Dica cultural do fim de semana


Espetáculo gratuito em Montes Claros: Um olhar sobre a História do Brasil


A Cia. Zap 18 de Belo Horizonte apresenta:
"1961 - 2011"
Dias 26 (sabado) às 20h e 27 (domingo) às 18h30
Local: Espaço Fibra de Cultura (Rua Sebastião Dias Soares, n° 75, Alto São João, próximo à Codevasf)
A entrada é gratuita e os ingressos serão disponilizados 30 minutos antes do espetáculo, até o limite de 100 entradas, fiquem atentos!

Informações com o produtor local Rodriggo Silva: 9195 6075


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A construção do Homem no jovem Marx (parte 2)


Por Augusto Buonicore

Em seus primeiros estudos, feitos no Liceu de Triers, em 1835, Marx escreveu que “A diretiva principal que nos tem de guiar na escolha de uma profissão é o bem da humanidade e a nossa própria realização (...) A natureza do homem está estabelecida de tal modo que ele só pode alcançar o seu aperfeiçoamento se agir para a realização, para o bem dos seus contemporâneos”.

Dos primeiros anos à tese de doutoramento

Os primeiros anos da vida de Marx transcorreram em meio às agitações políticas desencadeadas pela Revolução Francesa. Um período política e socialmente rico, no qual os abomináveis princípios franceses ganhavam o mundo — pela vida dos propagandistas revolucionários ou pelas botas dos exércitos napoleônicos. A própria província Renana, onde se encontra a Triers natal de Marx, foi anexada à França entre 1794 e 1815.

A derrota de Napoleão abriu uma nova época. Um fantasma desceu sobre a Europa – o fantasma da Santa Aliança, uma coligação reacionária chefiada pela Rússia tzarista. A Renânia tornou-se novamente uma província prussiana. Os sonhos dos liberais e radicais pareciam chegar ao fim. Mas, como “tudo que é sólido se desmancha no ar”, a Santa Aliança acabou por ruir aos golpes de uma nova onda revolucionária que varreu a Europa entre 1830 e 1848, tendo a França como seu epicentro.

O que hoje chamamos de Alemanha era na verdade um aglomerado de pequenos Estados independentes, entre os quais se incluía a Prússia, que desde 1815 era governada por Frederico Guilherme III. Este havia prometido, ao assumir o trono, governar sob uma constituição liberal, mas logo a seguir, inserido no espírito conservador da época, desencadeou uma violenta repressão contra o movimento democrático e liberal.

“Na Alemanha”, afirmou o socialista Wilhelm Liebnecht, “o governo foi separado do povo e colocado acima dele, como algo de superior. Era considerado um ser supremo (...) sendo o povo privado de toda a capacidade de raciocínio e de julgar de maneira independente, sendo-lhe reconhecida apenas uma obrigação, a de acreditar cegamente no governo, a de lhe obedecer cegamente”. Frederico Guilherme III restabeleceu o império de censura. Reuniões políticas foram proibidas, as universidades colocadas sob um controle rigoroso e professores liberais foram sumariamente afastados.

Ao mesmo tempo, e contraditoriamente, desenvolvia-se a filosofia. O pensamento filosófico ganhava força na Alemanha dos junkers, com Scheller, Goethe, Fichte, Kant e Hegel. Os alemães, portanto, como afirmou o poeta Heine, “realizaram no plano espiritual uma revolução semelhante àquela que Danton e Rosbepierre realizaram no plano político”. Na mesma linha afirmou Marx: “Nós, alemães vivemos a nossa história futura em pensamento, na filosofia. Somos, no plano filosófico, seus contemporâneos”.

Toda esta situação influenciaria muito o jovem Marx. Infiltravam-se nele as ideias mais avançadas do seu tempo: o revolucionarismo francês e o humanismo radical. Sem dúvida, a primeira grande influência foi exercida por seu próprio pai, Henrich Marx. Segundo Garaudy, ele era “um verdadeiro francês de século XVIII, sabendo de cor Voltaire e Rousseau (...) buscando neles o princípio da autonomia da pessoa humana”.

Os primeiros estudos de Marx foram feitos no Liceu de Triers, onde também se podia sentir as influências das ideias liberais, através de professores como Wyttnbach (diretor do Liceu) e Steiniger. Motivo para que a polícia prussiana mantivesse tal estabelecimento sob severa vigilância.

Essa influência já podia ser sentida em alguns trabalhos escolares redigidos por ele, em especial a monografia Um jovem perante a escolha de uma profissão, escrito em agosto de 1835. “A diretiva principal que nos tem de guiar na escolha de uma profissão”, escreveu Marx, “é o bem da humanidade e a nossa própria realização (...) A natureza do homem está estabelecida de tal modo que ele só pode alcançar o seu aperfeiçoamento se agir para a realização, para o bem dos seus contemporâneos”. E concluiu: “se escolhermos uma profissão em que possamos trabalhar o máximo pela humanidade (...), num sacrifício por todos, não fruiremos uma alegria pobre, limitada, egoísta, mas a nossa felicidade pertencerá a milhões”.

Podemos afirmar, pelo que conhecemos da vida de Marx, que essa convicção jamais o abandonou, mesmo nos períodos mais difíceis, transformando-se de uma aspiração juvenil numa certeza, numa concepção científica de mundo, colocada a serviço da humanidade e de seu futuro.

Devemos, no entanto, concordar com Nicolai Lápine, que afirmou que essa convicção juvenil não pode explicar, por si só, como o jovem Marx se tornou o principal teórico e dirigente do movimento operário internacional e fundador de uma nova ciência: o materialismo histórico. Mas, fossem quais fossem as restantes circunstâncias, Marx nunca se tornaria esse dirigente, homem de teoria e ação, se não tivesse sido antes de tudo um homem, no sentido completo da palavra.

Após formar-se no Liceu de Triers Marx seguiu para Universidade de Bonn e matriculou-se no curso de direito. Essa havia sido a vontade do pai, que queria ver o filho ingressar numa carreira “prática”. Mas, pouco a pouco, o jovem Marx foi arrastado pela vida agitada e boêmia dos estudantes e acabou sendo eleito presidente de uma de suas associações. Sonhava tornar-se poeta e aderiu à União dos Jovens Escritores, escrevendo versos como “Não posso nunca realizar na calma/ O que a alma aprende com vigor”, ou “Kant e Fichte vagueiam de bom grado pelo éter / Procuram aí um país distante/ Eu, contudo, procuro apenas compreender, bem / Aquilo que encontrei na rua!”.

Mas a ação enérgica do pai levou-o abandonar Bona e transferir-se para a austera Universidade de Berlim. Por então escrevia Marx: “Agora a poesia só poderia e devia ser acompanhamento; tenho de estudar a jurisprudência e sinto, sobretudo, um impulso de me debater com a filosofia”. Esse impulso só tenderia a crescer, ofuscando os demais.

Na nova universidade entrou em contato com os “jovens hegelianos” – ou “hegelianos de esquerda” – e acabou, definitivamente, desviando suas atenções da ciência prática para uma ciência “não-prática”. Abandonou o curso de direito trocando-o pelo de filosofia, o que o aproximou das ideias de Bruno Bauer. Afirmou decidido: “Tornou-me claro que sem a filosofia em nada se podia penetrar. Assim, pude de novo lançar-me nos braços dela com boa consciência”.

Bruno Bauer era o principal mentor do “Clube de doutores”, seleto grupo composto por jovens hegelianos que procuravam extrair das obras de Hegel conclusões anticlericais e liberais. Para eles a religião e o Estado prussianos eram obstáculos ao pleno desenvolvimento do Homem. Portanto, fazia-se necessário libertá-lo desses entraves, sendo que só a “consciência de si” poderia cumprir essa tarefa: a superação da religião passava pela filosofia especulativa, pela realização de uma crítica teórica radical. Uma concepção radical mas ainda marcadamente idealista do ponto de vista filosófico.

Desse clima intelectual reinante entre os jovens hegelianos, sob a direção de Bauer, nasceu a primeira obra de Marx, a sua tese de doutoramento intitulada Diferença entre as filosofias da natureza de Epicuro e Demócrito.

(Continua na parte 3)

*Augusto Buonicore é historiador, mestre em ciência política pela Unicamp e secretário-geral da Fundação Maurício Grabois. Ensaio publicado na página da Fundação Maurício Grabois.

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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A construção do Homem no jovem Marx (parte 1)

Jovem beija estátua de Marx em Berlim


Por Augusto Buonicore

Que papel desempenham as obras da juventude no conjunto da construção teórica de Marx?

Introdução: Existiria um humanismo marxista?

Em fins da década de 1960 o problema do humanismo passou a ser o centro de acaloradas discussões no interior do marxismo. Nesse confronto de ideias podemos distinguir duas grandes correntes, dois grandes partidos teóricos. De um lado aqueles que, como Garaudy, acreditavam que o humanismo marxista (ou socialista) era o fruto de uma evolução natural, e necessária, do humanismo clássico — um humanismo sob novas condições históricas. De outro, os que, como Althusser, se recusavam a estabelecer qualquer ponto de contato entre o humanismo (enquanto construção ideológica da burguesia) e o marxismo (enquanto visão científica de mundo, e não ideológica).

A resolução desse intrincado problema passava, necessariamente, pela compreensão de outros problemas não menos intricados: que papel desempenham as obras da juventude no conjunto da construção teórica de Marx? O que era negado e o que era mantido das obras da juventude nas obras posteriores? Até que ponto Marx acertou suas contas com seu passado juvenil?

Diante dessas questões formaram-se, novamente, dois blocos. O primeiro buscava ver uma continuidade, mais ou menos acentuada, entre o jovem Marx e o Marx maduro das obras clássicas — seja vendo o “velho” Marx sob a ótica do jovem, seja vendo o jovem Marx e suas obras sob o ponto de vista do marxismo amadurecido. O segundo propunha um corte, uma ruptura radical, entre as obras da juventude e as da maturidade, construindo entre elas uma verdadeira muralha da China.

O objetivo deste ensaio é penetrar um pouco nesse debate e para isso me vi obrigado a voltar minhas atenções para a leitura das chamadas obras da juventude. Era preciso ir às fontes. Não poderia assim ficar reduzido ao estudo dos autores contemporâneos e suas leituras das obras de Marx. Era preciso ter as minhas próprias experiências, minhas próprias leituras e opiniões, não importando a originalidade das conclusões a que chegasse, com tanto que chegasse a algumas conclusões. E foi, justamente, a leitura do conjunto das obras da juventude, pelo menos no que elas têm de mais significativo, que me permitiu traçar um perfil, ainda que provisório, do desenvolvimento teórico de Marx, e em particular do desenvolvimento do seu humanismo.

Partindo de um Marx idealista e liberal, embora revolucionário, em cuja obra o Homem ainda era visto como uma individualidade isolada do mundo, passando por um Marx cuja visão do Homem já era social, embora ainda preso a uma essência em geral, chegamos finalmente ao período de amadurecimento de sua compreensão, quando Marx passa a enxergar o Homem não mais como um ser abstrato com uma essência em geral, mas como um ser concreto, historicamente determinado. Essa trajetória criou as bases de um novo humanismo, um humanismo de classe, proletário, que começou a surgir, embrionariamente, nos Anais Franco-alemães e se consolidou nos Manuscritos Econômicos e Filosóficos.

Este caminho trilhado por Marx, do ponto de vista de sua construção teórica, nem sempre foi um caminho tranqüilo, sem tensões. Pelo contrário, foi um caminho por vezes conturbado, que só poderá ser plenamente compreendido se ao processo de formação teórica sobrepusermos o estudo de sua vida, de suas influências e, principalmente, de sua ligação orgânica e militante com o jovem movimento operário de sua época, que tanto lhe impressionava e do qual acabou por se constituir no principal teórico e dirigente.

(Continua na parte 2)

*Augusto Buonicore é historiador, mestre em ciência política pela Unicamp e secretário-geral da Fundação Maurício Grabois. Ensaio publicado na página da Fundação Maurício Grabois.

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