quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Por que atacar a UNE?

Charge do Bessinha

por Anderson Campos*

Fui à banca comprar os jornais do domingo (29/12). No caminho, esperava encontrar manchetes sobre o esquema de corrupção do governador Arruda, do DEM-DF. Mas deparei com a capa do Estadão atacando a União Nacional dos Estudantes. A grande mídia esconde a corrupção dos governos demo-tucanos. Ao mesmo tempo, é investigadora e juíza de qualquer movimento social de grande porte do nosso país.

Por que dar mais atenção - e espaço nas páginas do jornal - a uma reportagem sobre a prestação de contas atrasada da UNE? Simples assim: a grande mídia empresarial precisa encontrar argumentos para atacar não apenas o governo Lula, mas também as principais organizações políticas do campo democrático e popular.

É o que fazem constantemente com o MST, com a CUT - regionalmente, com os sindicatos cutistas - e, agora, mais uma vez, com a UNE. O desespero chegou ao auge com a publicação de um texto escrito pelo colunista da Folha de S.Paulo, Cesar Benjamim. Acusar Lula de tentativa de estupro de um garoto foi uma manobra tão tosca, que só ganhou audiência no painel do leitor dessa mesma empresa.

O tratamento desigual é flagrante pelos termos utilizados pelo Estadão na redação das duas matérias. Na primeira e principal "reportagem", essa empresa de comunicação afirma com veemência: "A UNE forjou documentos". A base desse julgamento: a análise do repórter da empresa. Não há, como afirma o presidente da entidade, uma investigação pública, muito menos condenação de qualquer órgão de fiscalização pública. Quem está dando o parecer é o próprio jornal. A resposta do estudante Augusto Chagas fere rente: "Se o objeto não foi executado, o dinheiro está na conta".

De outra forma é tratado o caso da corrupção do governador do Distrito Federal, único estado comandado pelos Demos. Para o Estadão, existem "suspeitas" e "suspeitos". Apesar de vídeos flagrantes, investigações, essas sim, públicas, e um histórico de corrupção que tem origem ainda no Governo Roriz, o Estadão apequena a notícia. A matéria está perdida na página 12; menor que o anúncio das Casas Bahia.

Por que atacar a UNE neste momento? Porque faltou pauta para atacar o MST ou a CUT; porque faltou ex-petista para denunciar alguma atrocidade cometida por quem ficou no partido; porque a Dilma tá crescendo nas pesquisas e nenhum candidato da direita, ou quinta coluna dela, tem emplacado. Enfim, porque a direita brasileira está se desesperando e deixando desnorteados os seus empresários de comunicação.

*Anderson Campos é sociólogo e especialista em Economia do Trabalho, foi diretor de universidades públicas da UNE na gestão 2001-2003. Atualmente é assessor da CUT.



A Estrada vai além do que se vê!

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