quarta-feira, 4 de novembro de 2009

80 anos da marcha Nico Lopes, eu fui!

Por Fellipe Redó*

Interessante imaginar, mas é numa cidade dessas de pouco mais de 60 mil habitantes que se encontra uma das principais universidades do estado de Minas Gerais: a Universidade Federal de Viçosa. É lá que acontece um festival já tradicional da região e dos estudantes que tem como ponto auge a leitura de um manifesto escrito sobre um rolo de papel higiênico.

Este ano começa assim : "80 anos de Nico Lopes significam muitas conquistas do movimento estudantil mineiro. Da irreverência dos estudantes e da boêmia da cidade surge a Nico Lopes para tratar de cada momento histórico do Brasil com muita crítica, mas sem perder a alegria, jamais! No truculento período da ditadura militar a marcha ficou proibida durante anos. Na redemocratização, a Nico voltou com toda a força. Diretas já, Fora Collor, Fora FHC, e ALCA Não, já foram temas da Nico. Com muita gente animada atrás do trio-elétrico, antes era uma carroça puxada por burro(!), essa marcha coloca a cidade de Viçosa no circuito nacional de manifestações".


É 2009 um ano pra lá de comemorativo "olha a Copa e as Olimpíadas aí gente! !! ”, citava o manifesto. O tema proposto foi O PRÉ-SAL É NOSSO! reforçando a campanha que a UNE, UBES, ANPG, e agora também, a UEE-MG, e o DCE-UFV têm proposto para que 50% dos recursos provenientes do fundo social do pré-sal sejam destinados à educação. Não faltou por isso criatividade para os nomes dos blocos de foliões que percorriam o campus da universidade e seguiam o trajeto pela cidade adentro: "Pré-Sal, presente de Yemanjá", "Tira o olho gordo do meu pré-sal", "Bloco da justiça", "O prensadinho é nosso, e o verdinho também!", foram alguns destes.



A bateria do grupo Bartucada desenvolveu o percurso acompanhado por milhares de pessoas, tocando músicas das mais variadas em ritmo de muito axé. Já o encerramento ficou por conta de Alceu Valença que animou toda a galera tocando seus clássicos: Bicho maluco beleza, Pelas ruas que andei, e a mais participativa com o público em tom de brincadeira de pergunta e resposta em coro: "- se eu disser que é iaiá, você diz que é ioiô. - iaiá, iô iô. - ioiô, iá iá."


Durante os quatro dias de festejos aconteceram ainda festival de bandas, oficinas e um Palco Livre. Passaram pelo ato político o reitor da UFV, o prefeito da cidade e o presidente da UNE. Augusto Chagas ressaltou ser a primeira iniciativa de massa dessa campanha que promete contagiar os estudantes e ganhar a opinião pública pro quanto é estratégico pensar a Educação como fator para o desenvolvimento de formas criativas, auto-sustentáveis e independentes em um projeto de nação, cidadania e meio ambiente.


Luiza, presidente da UEE-MG, também estava por lá e ressaltou a importância da rede do movimento estudantil estar tão articulada e presente como no atual momento. Suzane, coordenadora nesse ano da marcha e diretora do DCE-UFV, com voz já quase rouca, comemorava a conquista que foi relançar novamente a marcha e colocar no calendário e pauta do movimento estudantil a política e a cultura juntas novamente.

Outras tantas coisas aconteceram, mas eu vou terminando por aqui, pois, como o próprio manifesto dizia, "essa é uma história que não existe papel higiênico no mundo que dê conta de tantas palavras". Só estando mesmo lá.

*Fellipe Redó é diretor de Cultura da UNE.


Clique aqui e confira:
Nico Lopes no Orkut
Fotos no álbum virtual
http://www.dce.ufv.br/



A Estrada vai além do que se vê!

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