segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Meia boca

O Cordenador de Juventude da Prefeitura, em horário em que deveria estar trabalhando, fazendo campanha e distribuindo panfletos apócrifos.
Foto: Arquivo UJS

Lobo em pele de cordeiro

por José Lousada Neto*

Foi aprovado em reunião da Câmara Municipal na terça-feira passada (16/9) o, denominado pela Prefeitura de Montes Claros, “projeto do passe estudantil”. A reunião da Câmara foi um cenário montado para o programa eleitoral de televisão do candidato à reeleição, Athos Avelino (PPS), com filmagens dentro e fora da Câmara Municipal. O jornalista e apresentador do programa do candidato, assim como seu cinegrafista, ocuparam o setor destinado à imprensa. O que se viu foram alguns militantes (sic) do PT e PPS com camisas e bandeiras dessas legendas prontos para aparecer no programa televisivo de sua coligação.

O “movimento” não chegou nem perto da legitimidade das duas manifestações pelo meio passe ocorridas em março e abril deste ano, organizadas pelas entidades estudantis e com o apoio de milhares de estudantes. O que ocorreu na terça-feira foi uma manifestação organizada por uma chapa concorrente às eleições municipais e com a presença de algumas dezenas de militantes de suas respectivas agremiações. Uma manifestação meramente eleitoreira a apenas 19 dias do primeiro turno das eleições. Além de colocar na pauta, projeto que sequer tinha parecer da Comissão de Legislação e Justiça da Casa, o presidente da Câmara, Cori Ribeiro (PPS), encerrou a reunião logo após a votação, sem sequer apreciar e votar as emendas.

O projeto aprovado tenta passar a idéia de beneficiar a população mais carente do município, uma vez que estabelece um critério de renda máxima de R$ 216,00 per capita das famílias de seus beneficiários. Porém o critério de renda é um lobo em pele de cordeiro, uma vez que tem a finalidade de restringir a abrangência do passe estudantil. Juntamente com este critério de renda, existe a obrigatoriedade de residir a, no mínimo, 1 quilômetro de distância de sua instituição de ensino.

O projeto do prefeito é preconceituoso e não irá atender os estudantes bolsistas e de escolas particulares. Ao contrário do projeto de lei de iniciativa popular, mobilizado pelas entidades estudantis, que não prevê critérios que distingam ou discriminem estudantes. O projeto popular prevê o meio-passe a todos os estudantes de Montes Claros, mas infelizmente, por razões mesquinhas e eleitoreiras, a Prefeitura não se interessou em responder aos anseios de mais de 13 mil eleitores autores do primeiro projeto de lei de iniciativa popular da história de Montes Claros.

* José Lousada Neto é diretor municipal e estadual da União da Juventude Socialista (UJS).


A Estrada vai além do que se vê!

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