quinta-feira, 11 de junho de 2009

UNE repudia violência na USP

Após os policiais da tropa de choque avançarem contra manifestantes da USP dentro da cidade universitária, no Butantã, em São Paulo, o vice-reitor da universidade, Franco Lajolo, afirmou que a força policial deve sair do campus. Lajolo comunicou a decisão nesta quarta-feira (10), ao se reunir com uma comissão formada por três professores da USP e dois parlamentares.

Segundo relato do deputado estadual Carlos Gianazzi (Psol-SP), duas viaturas devem permanecer ainda no campus até “o restabelecimento da ordem”. Lajolo também afirmou que a força tática da PM só seria acionada em caso de “piquete violento”. De acordo com a comissão, o reitor não deixou claro o significado para ele de “violento”.

No entanto, até a tarde desta quarta-feira, vários carros da Polícia Militar (PM) e da Força Tática continuavam presentes no campus. De acordo com a assessoria de imprensa da PM, os policiais da força tática estão lá para garantir que não ocorra nenhuma manifestação violenta. “Eles têm que estar lá, porque, até acontecer algo violento, demora para chegar”.

Segundo o capitão Marcelo Gonzalez Marques, há policiais dentro do prédio da Reitoria também “para evitar a possibilidade de uma nova invasão do prédio”. Ele afirmou que a polícia também está atenta aos prédios da Antiga Reitoria, da Prefeitura do Campus e do Centro de Práticas Esportivas (CEPE). O capitão afirmou que a PM continuará no campus até que seja retirada a ordem de reintegração de posse.

Agressão
A investida da PM com bombas e balas de borracha iniciou-se às 17 horas de terça-feira (9), quando a manifestação de estudantes e funcionários na frente do portão principal já estava se esvaziando. “Os manifestantes estavam voltando para dentro da USP e falando palavras de ordem, como ‘Fora PM’. Mas ninguém tocou nos policiais, nem nada”, afirma a estudante Kraly de Castela, diretora do DCE.

“Vieram então umas viaturas e cercaram os manifestantes, acuaram. Foi quando começou o confronto”, agrega Kraly. Segundo ela, mesmo que algum estudante tivesse empurrado ou tocado, a reação foi “totalmente desproporcional”. Apesar de a PM só reconhecer o ferimento de um estudante — que foi levado para o Hospital Universitário (HU) —, estudantes afirmam que vários outros foram agredidos por cacetetes e atingidos por estilhaços de bombas.

A comunidade acadêmica tem repudiado veementemente a ação da tropa de choque de ontem e a presença da PM no campus desde 1º de junho. "A polícia não entrou aqui sem autorização da reitora, assim como do governador. A nossa situação hoje é inaceitável”, afirmou o professor Otaviano Helene, presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp). “Nos reuniremos novamente na próxima segunda e esperamos que até lá exista alguma abertura para diálogo.”

Na tarde desta quarta-feira (10), os professores da USP protocolaram uma declaração pedindo a renúncia de Suely Vilela. A decisão de pedir o afastamento da reitora ocorreu durante assembleia da Adusp. Os docentes presentes na assembleia também decidiram manter a greve, iniciada no dia 5 de junho, e exigiram a retirada imediata da PM no campus.

UNE
Em nota à imprensa, a União Nacional dos Estudantes (UNE) repudiou a uso de força na USP. Segundo a entidade, o governo Serra “vem recorrendo à força policial para reprimir manifestações sociais pacíficas”, com “balas, borracha e bombas de efeito moral”.

“Lutamos pela ampliação da participação da sociedade dentro da universidade, o que não vem ocorrendo na USP, onde não há, por exemplo, eleição direta e paritária”, diz Lúcia Stumpf, presidente da UNE.



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