segunda-feira, 31 de março de 2008

Em BH, 3 mil estudantes tomam as ruas na jornada de lutas


8h da sexta-feira (28). A Praça Afonso Arinos, no centro da capital mineira, foi recebendo visitantes diferentes dos habituais vendedores de balas e passageiros dos pontos de lotação. Os primeiros estudantes chegaram do Barreiro, saindo do colégio Luis Gatti e logo começaram os apitos. Não demorou para que o presidente da UCMG, Flávio Panetone, entregasse para o grupo caixas de tinta verde e amarela. De rostos pintados, os estudantes simbolizaram a bandeira nacional e referenciaram o vitorioso movimento dos Caras Pintadas.
Rapidamente, a Avenida João Pinheiro foi congestionada. Em alguns minutos, cerca de 30 ônibus chegaram de todas as regiões de BH e das cidades metropolitanas, da UMES Nova Lima e da UMES Betim. Em seguida, começaram as falas inflamadas dos dirigentes estudantis das mais distintas tendências e correntes de pensamentos e forças políticas.
Panettone iniciou a manifestação, pedindo licença ao povo que estava na praça que ainda olhava indiferente para aquela aglomeração descontraída de jovens. Ele explicou que se tratava de um ato em defesa de mais verbas para a educação, pelo passe estudantil, além de uma homenagem ao estudante secundarista, Edson Luis, morto há 40 anos pela ditadura militar.
O papel da juventude nas transformações políticas foi lembrado pelo diretor do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (SINPRO Minas), Aerton Silva. O professor pediu a cooperação dos estudantes para a campanha contra a mercantilização do ensino, que está sendo realizada pelo Sindicato.

Luta pelo passe
Luiza Lafetá, diretora da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) em Minas, disse que a luta pelo passe estudantil é travada a quase 20 anos em Belo Horizonte e que há anos não existe diálogo entre o poder municipal e os estudantes para tratar a demanda. “Havia uma comissão formada no governo do prefeito Célio de Castro, hoje não temos nenhum dialogo por parte da BH-TRANS e da Prefeitura de BH”, denunciou.
O Presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE-MG), Diogo Santos, foi o próximo a falar. Ele reforçou as bandeiras levantadas pelos dirigentes secundaristas e disse que para os universitários não existe ponto mais importante do que o aumento de verbas para a educação. As entidades estudantis exigem do governo federal o investimento de 10% do PIB. Diogo defendeu uma imediata reformulação do conselho estadual de educação, mais valorização dos professores e o fortalecimento da UEMG e Unimontes, além de reforçar a necessidade de haver mais controle na qualidade do ensino privado. A passeata então tomou corpo, com os 5 mil estudantes, e começou a subir a Avenida João Pinheiro.

Parlamentares presentes
O deputado estadual, Carlin Moura (PCdoB), reforçou a necessidade da participação dos estudantes na formulação das políticas educacionais e denunciou a composição de maioria empresarial no conselho que formula a educação no estado.
Chegando na praça da liberdade, sede do governo de Minas, os estudantes atearam fogo em um caixão e simbolizaram a morte do projeto educacional no estado. Diogo disse aos estudantes que diretores das entidades se reuniram no dia anterior com o governador Aécio Neves que se comprometeu a discutir as demandas do movimento.
O ato com três mil estudantes, seguiu pela Avenida Brasil. A vereadora Maria Lucia Scarpelli (PCdoB) esteve presente e destacou a importância do movimento estudantil para a construção de um país mais justo e democrático.
Depois, já na Avenida Afonso Pena, a principal via da cidade, onde fica a sede da prefeitura de Belo Horizonte, os estudantes queimaram o segundo caixão, este endereçado a BHTRANS e a política de transporte do prefeito Pimentel.
A Secretária Geral da UEE, Poliana Soalheiros, denunciou a não existência de uma política de transportes que atenda a demanda dos estudantes mais carentes. Fagner Tatu, diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE), lembrou que a ausência do passe é um fator de evasão escolar e que é dever dos estudantes apresentar nas próximas eleições municipais esta bandeira para todos os candidatos a prefeitura.

Estudantes tomam a Praça 7
Na Praça 7 de setembro, o ato se preparava para o final. O monumento do pirulito foi tomado pelos estudantes que com suas bandeiras e tintas enfeitaram de verde, amarelo e vermelho o coração do centro de Belo Horizonte.
O grupo de aposentados que diariamente se concentram em frente ao tradicional café Nice, parou pra ver os manifestantes que chegavam empolgados e cantando palavras de ordem, na frente uma faixa que dizia: “Ocupar as ruas, mudar Minas, transformar o Brasil”.
Diogo Santos chamou todos os estudantes para cantar a última palavra de ordem e no tom do hino da independência os estudantes se despediram cantando “Ou ficar na Pátria Livre ou morrer pelo Brasil!’’
Participaram também do ato o ex-deputado federal Sergio Miranda (PDT), o vereador Paulão (PCdoB), além de diretores da Associação Comunitária do município de Nova Lima e do Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações (Sinttel)

De Belo Horizonte, Pedro Leão
Fotos: Gabriela Nascimento
Do Caderno Vermelho Minas


A Estrada vai além do que se vê!

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom ver que o movimento estudantil está vivo em Minas!!
Ja fiz moovimento estudantil e sinto falta de mais mobilizações.
Gostei muito da matéria, parecia que eu estava lá.
Valeu!

Garielle, Diamantina