terça-feira, 21 de setembro de 2010

A juventude quer desenvolvimento sustentável

Desenvolvimento sustentável é ação de governo mais valorizada por jovens de BH

Se as definições de “ser jovem” apontam para um mundo a ser explorado sem amarras, é mesmo a “balada” que surge no alto da lista das categorias que brotam espontaneamente de eleitores belo-horizontinos com idade compreendida na faixa de 18 a 24 anos, quando solicitados a indicar o que consideram a melhor coisa em sua juventude. Enquanto 18,8% registram as “farras, as festas, bares, curtição” como o que pode haver de melhor em ser jovem, 12,2% apontam a liberdade e 8,4% a possibilidade de “aproveitar a vida”. Há outras categorias sugeridas: para 5,8% ter “disposição e energia”; para 5,5% “não ter responsabilidades” com dependentes e para 5%, “sexo/namoro” estão entre o que há “de melhor em ser jovem”.

Esses resultados foram apontados pela pesquisa "Juventude, Participação e voto", realizada pela UFMG/Instituto de Pesquisa Sociais, Políticas e Econômica (IPESPE), sob a coordenação da professora e cientista política Helcimara Telles, que teve, em sua equipe, duas jovens estudantes da UFMG de ciências sociais, Aline Burni Pereira Gomes, do 6º período e Mariana Dias, do 9º período. O levantamento de campo junto a 500 jovens de Belo Horizonte com idade entre 18 e 24 anos, foi feito entre os dias 11 e 14 de setembro. A margem de erro é de 4,5 pontos percentuais dentro de um nível de confiança de 95%.

A rigor, eles podem experimentar tudo, mas, ao mesmo tempo, estão ansiosos com a incerteza do futuro profissional. Não decepcionar a família, dando resposta às oportunidades que acreditaram lhes foram proporcionadas, é uma das preocupações principais que brota em meio ao desejo de curtir a balada da vida. “Se a política emerge como pouco relevante para esses jovens, a vida privada tem um valor substantivo: 98% deles consideram a família muito importante”, assinala a pesquisadora Helcimara Telles. Ao lado da família o lazer também é apontado por 98% dos jovens como muito importante. A dimensão do trabalho é indicada por 95% e a religião, por 81,5%. A política, - dimensão coletiva – assume a “lanterninha” da escala de importância: apenas 55,8% consideram-na “muito importante”.

Apesar do desinteresse pela política partidária e pelas instâncias tradicionais de participação, esses jovens têm opinião política e forte. Eles tendem a manifestar opiniões extremas mesmo em temas delicados do debate, evitando a atitude neutra, como ocorre entre eleitores mais velhos. Em algumas questões, inclusive, eles se dividem em um enfrentamento, que se assemelha a um cabo de guerra. Quando questionados, por exemplo, sobre o nível de concordância com a “ocupação de terras improdutivas”, 45,4% se colocam contrários e 46,4% favoravelmente. Apenas 12% se declaram neutros. Da mesma forma, temas envolvendo valores, dividem a juventude: 47,1% se dizem contrários à pena de morte e 48,2% favoráveis. Só 3,8% informam nem ser favoráveis nem contrários. Também a união de pessoas de mesmo sexo mobiliza os jovens: 46,5% são contrários e 40,2% a favor.

Ao mesmo tempo em que se revelam liberais democratas – com maioria expressiva se colocando contrários ao fechamento do Congresso (60,2%), contrários à extinção de partidos políticos (57,6%) e ao controle dos meios de comunicação de massa (57,7%), eles têm postura tradicional na análise de temas polêmicas como a descriminalização do uso maconha e a eutanásia: respectivamente 66,2% e 68,4% se declaram contrários. Para 70,3% o ensino religioso deve ser ministrado nas escolas.

Inseridos em um contexto democrático e de prosperidade econômica, a expectativa desses jovens é de que o foco principal das ações de governo seja centrado em ações que estão além das preocupações materiais de combate à inflação – citada por apenas 12% - e a manutenção da ordem”, indicada por 23,9%. Para 33,5% a ação mais importante de governo é possibilitar o desenvolvimento sustentável e, para 9,6% é preservar o meio ambiente – que ocupa igual índice de apoiamento. Na avaliação da pesquisadora Helcimara Telles, parece emergir entre os jovens um novo valor, focado no meio-ambiente. “Isso pode ser confirmado por uma simpatia pelo Partido Verde (PV) muito maior do que a média de outros estratos etários”, afirma.

Agenda política
A violência é o tema da agenda política que mais mobiliza os jovens de Belo Horizonte: 40,4% apontam-no como aquele que mais os preocupa. A saúde é o segundo assunto que mais desperta a atenção dos jovens – 17,5% - seguido do desemprego, citado por 9,4% e pelas drogas, indicada por 8,2%. Enquanto educação e desigualdade social ocupam igual patamar de preocupação na agenda dos jovens – respectivamente citadas por 7,2% e 7,6% - a corrupção na política está entre os temas que menos mobiliza a juventude: apenas 6,2% a indicam só ficando à frente da temática da discriminação/preconceito, apontada por 3,4% dos jovens.

Do Blog da Bertha


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