segunda-feira, 24 de maio de 2010

No clamor dos povos da terra, a memória e a resistência em defesa da vida


Encerrou-se na última sexta-feira, 21 de maio, o 3º Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), realizado em Montes Claros/MG. Contando com a presença de 760 pessoas dos mais diversos estados da federação, o Congresso reafirmou a disposição de prosseguir na luta pela reforma agrária, pela defesa do meio-ambiente e pela construção de um país e um mundo mais justos.

Realizado nas dependências do Colégio Marista São José, o 3º Congresso Nacional da CPT, que teve como tema “Biomas, Territórios e Diversidade Camponesa”, ocorreu no momento em que a arquidiocese de Montes Claros celebrava os seus 100 anos de fundação. A solenidade de encerramento contou com a participação festiva dos delegados, através da apresentação de barracas das diversas regiões do país, e com uma celebração ecumênica que reuniu o arcebispo Dom José Alberto Moura e um pastor representante da Igreja Anglicana brasileira.

Durante a sua realização o Congresso reuniu centenas de camponeses, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, posseiros, assentados, acampados, agentes de pastoral e religiosos em defesa da vida, da terra, da água e dos direitos humanos.

Na quarta-feira, dia 19, foi realizada uma caminhada pelas ruas da cidade relembrando os mártires “por uma terra sem males”, entre os quais se destacaram as figuras de homens e mulheres como Irmã Dorothy, Padre Josimo Tavares, João Canuto, Paulo Fonteles, Chico Mendes, Margarida Alves, Frei Tiro e Zumbi dos Palmares, além de muitos outros lutadores e lutadoras do povo de cada parte do Brasil. Nas paradas feitas durante a caminhada – seis ao total – cada uma refletiu as ações de resistência e defesa dos biomas ameaçados, como a Mata Atlântica, o Cerrado, o Pampa, a Amazônia, o Pantanal e a Caatinga.

A caminhada da quarta-feira se encerrou com a leitura de uma nota pública de repúdio pela soltura do acusado de ser o mandante do assassinato da irmã Dorothy Stang e com a distribuição aos presentes de licor de pequi, fruto típico do cerrado e símbolo da cidade mineira que sediou o evento.

Na carta-final, aprovada no encerramento do 3º Congresso, a CPT reafirma o seu compromisso com “a luta pela terra e pelos territórios, combatendo o latifúndio e o agronegócio e incorporando, na luta pela Reforma Agrária, as exigências atuais de convivência com os diversos biomas e as diversas culturas dos povos que ali vivem e resistem, buscando formar comunidades sustentáveis; o enfrentamento ao modelo predador do ambiente e escravizador da vida de pessoas e comunidades, assentado em monocultivos para exportação e amparado por mega-projetos; e a necessidade de contribuir com a articulação e o fortalecimento das organizações populares, do campo e da cidade, para que sejam protagonistas da construção de um novo projeto político para o Brasil que queremos, em união com os outros países da América Latina e Caribe, em direção a uma globalização justa e fraterna.”.
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Por Lipa Xavier, especial para o blog.


A Estrada vai além do que se vê!

Um comentário:

Lipa Xavier disse...

Belo texto, Ramon. Parabéns.

Lipa Xavier