segunda-feira, 10 de maio de 2010

Marcha da maconha coloca 2 mil em BH e abre o debate

Fotos: Portal Uai

No ultimo sábado (8), o Centro de Belo Horizonte foi parado por mais uma manifestação. Desta vez o ato não pedia mais empregos ou levantava questões sociais. Centenas de pessoas, na sua grande maioria jovens, foram às ruas pela legalização da maconha no Brasil.

Em um brutal ato contra a democracia a marcha é proibida em vários estados pela justiça e foi liberada em Minas pela juíza Neusa Maria Guido.

A Praça da Estação foi o lugar escolhido pelo movimento para a concentração do evento. Pouco a pouco a marcha foi tomando corpo. Cartazes e faixas feitas à mão, dezenas de palavras de ordem provocativas e irreverentes além de ausência completa de direção.O movimento é auto gestionado e consegue resultados impressionantes.Mesmo sem carro de som ou qualquer estrutura o ato percorreu a cidade em uma organização impecável,coesa e muito animada.

Para o estudante de administração, Frederico Carvalho a legalização é coisa séria “A maioria das pessoas que estão aqui são estudantes ou jovens trabalhadores, isso mostra que a bandeira da legalização não é mais só papo de “doidão” temos um fundamento e somos pessoas de bem. Queremos ser respeitados pelas nossas opções e não sermos mais tratados na marginalidade “afirma.

Os defensores da legalização apontam como grande inimigo a hipocrisia da sociedade e a força de setores conservadores “Vivemos em um país onde o alcoolismo é um grave problema social, porem existe um forte interesse econômico que faz os governantes taparem o olho para essas drogas que matam milhões. Mais do que isso é uma interferência nas liberdades individuais das pessoas. Se o Brasil quer se modernizar perante o mundo, deveria legalizar a cannabis, seria um gesto de compromisso com a liberdade”aponta Bruno Mascarenhas, estudante de jornalismo e apoiador da marcha.

“O inimigo não somos nós”
O movimento aponta cinco motivos pela legalização da maconha* e luta para se afirmar como um novo ator dos movimentos sociais brasileiros. Além da tradicional irreverência, que mobiliza centenas de jovens, a causa passa a ser defendida por pessoas que compreendem a necessidade do debate se tornar mais sério. “Legalize! Não banalize. É esse o lema da marcha em 2010. Temos que apresentar nossa luta para toda a sociedade e se queremos isso não podemos fazer um movimento que se banalize. Nossas questões são sérias. Você imagina quanto a policia gasta de tempo, dinheiro e efetivo só pra prender maconheiro? Enquanto isso o ladrão está solto. O inimigo não somos nós. As toneladas apreendidas, as milhares de prisões de usuários demonstram que é grande o numero de usuários de maconha no Brasil. Se vivemos em uma democracia essas pessoas também devem ter seus pensamentos e atos respeitados e garantidos por lei”apontou Bruno Motta que se apresenta como um dos organizadores da marcha em Minas.

No mesmo momento da passeata Belo Horizonte recebia o 1º Simpósio Sul Americano de Políticas sobre Drogas, evento onde se debateu a ineficácia dos planos de combate as drogas e apontou experiências alternativas para a questão.

Não pode virar fumaça
Washington Augusto tem 58 anos e é um veterano na luta pela legalização no Brasil. Para ele a legalização é um processo que acontecerá com a evolução do pensamento e a quebra de paradigmas. “Não tem cem anos que as mulheres votam no Brasil e se hoje isso acontece é por que a política se modernizou, novos pensamentos vieram à tona. Precisamos conter o avanço do conservadorismo, só com uma política mais moderna e humana as liberdades serão amplamente respeitadas, eu sonho em ver o Brasil aprovar essa lei, esse movimento tem que se fortalecer não pode virara fumaça” disse.

Mais que polêmico o debate da legalização é uma necessidade para um país que busca avançar sua posição progressista. Analisar sem hipocrisia e preconceito a situação da droga no Brasil é o dever de todas as pessoas comprometidas com a saúde publica e as liberdades do povo.

Cinco Motivos em defesa da Legalização da Maconha*

1 – Redução do tráfico de drogas e da violência associada a ele. Através do auto cultivo e com a regulamentação do governo o tráfico perderá milhões que seriam investidos em atividades criminosas e o estado poupará milhões.

2- O dinheiro público proveniente de impostos sobre a maconha poderia ser usado em áreas como educação e saúde.

3- A polícia e a justiça poderiam economizar recursos públicos e concentrar seus esforços no combate a crimes relevantes. 90% dos detentos nos presídios brasileiros por razões ligadas à droga são pequenos traficantes

4- A maconha é um recurso renovável que pode ser usado como matéria-prima para produção de papel, tecidos, alimentos e biodiesel. Além de ter potencial para o tratamento de doenças como Glaucoma, mal de Alzheimer, esclerose múltipla, stress, insônia e muitas outras.

5- A proibição é baseada em conservadorismo, mentiras e desinformações.

*Movimento Marcha da Maconha

Para saber mais acesse : http://marchadamaconha.org

Vídeo da Marcha da maconha em Belo Horizonte : http://www.youtube.com/watch?v=qVcIr_npbYU

Pedro Leão, para o Caderno Vermelho Minas


A Estrada vai além do que se vê!

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