segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

FSM, parte importante do mundo em transformação

FSM, parte importante do mundo em transformação

por Augusto Chagas*

Neste mês de janeiro estive nas edições brasileiras do Fórum Social Mundial 2010. Além das etapas de Porto Alegre e Salvador, ocorrerão ao longo do ano encontros por todo o mundo, com o objetivo de acumular o debate que se encerrará em Dakar, no Senegal, em 2011.

Sob a insígnia “Um Outro Mundo é Possível” o FSM chega a sua 10ª edição, o que deve ser motivo de celebração e reflexão, até porque estudo divulgado nessa edição demonstra a força da juventude na renovação política desse evento fundamental, já que compõe a maioria de seus atuais participantes.



Conforme define sua carta de princípios, o FSM é um espaço internacional de reflexão e organização de todos os que se contrapõem à globalização neoliberal. Durante esses anos, ele tornou-se um grande instrumento de articulação de lutas globais, conseguindo levar milhões de pessoas num mesmo dia às ruas para denunciar as invasões do Iraque e do Afeganistão à opinião pública mundial, por exemplo. Reuniu organizações de tipos e vocações diversas, e superando suas contradições foi capaz de encontrar seu espaço de questionamento e luta por um mundo mais humano e justo.



O aniversário do FSM nos faz refletir sobre as intensas transformações pelas quais o Brasil e o mundo vêm passando. Em 2001, na ocasião da sua primeira edição, vivíamos o auge do pensamento neoliberal que pregava o “fim da história”, o capitalismo celebrado como sinônimo de liberdade e progresso, e o mundo seria para sempre dirigido pelo imperialismo estadunidense.

A América Latina foi - por mais de uma década - laboratório de modelos políticos e econômicos que seguiam essa cartilha: entrega do patrimônio nacional através das privatizações, recessão e Estado sem responsabilidade com seu povo. O Brasil disciplinadamente obedecia as “recomendações” do Banco Mundial e do FMI.



Nestes curtos 10 anos, o mundo passou por transformações importantes e a crise capitalista colocou em cheque muitas daquelas ideias. Novos atores globais têm surgido e questionado a hegemonia das poucas potências ricas e seus modelos de governança global, como vimos recentemente com o fim do G8.

A América Latina, com poucas exceções, país a país, viu a derrota dos que defendiam as velhas ideias: uma avalanche de governos de origem democrática e popular chegaram ao poder. No Brasil vivemos num ambiente de otimismo e auto-estima, reflexo do início da construção de um projeto de desenvolvimento econômico, político e social que enfrenta as graves desigualdades da nossa história.



O FSM é parte importante deste mundo em transformação. Cada uma dessas mudanças é resultado de intensa energia política e social transformadora. Cada conquista é resultado das lutas dos povos de todo o mundo questionando a opressão e defendendo seus direitos. Que o FSM 2010 reflita sobre estas mudanças e que contribua para a unidade do povo no Brasil e no mundo. Nossa energia tem comprovado que sim, “um outro mundo é possível”.

 


*Presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE)
Artigo publicado no Blog do Zé Dirceu

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