segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Sai DVD de Braços cruzados, clássico do cinema operário

Cena de 'Braços cruzados máquinas paradas'

A VideoFilmes lançou em DVD o documentário Braços cruzados máquinas paradas, de 1978, que acompanha a pioneira onda grevista de 1978 nas fábricas metalúrgicas de São Paulo. José Geraldo Couto, que fez a resenha do filme para a Folha de S.Paulo, afirma que ''visto hoje, 30 anos depois'', ele ''ainda impressiona por seu frescor e vitalidade''.

''Roberto Gervitz (Feliz ano velho, Jogo subterrâneo) e Sérgio Toledo (Vera) tinham pouco mais de 20 anos e eram universitários de classe média quando fizeram o documentário Braços cruzados máquinas paradas, em 1978. Inicialmente concebido para registrar a eleição para a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, dominado havia 14 anos pelo 'pelego' Joaquim dos Santos Andrade (o Joaquinzão), o filme foi colhido no olho do furacão do primeiro grande movimento grevista paulistano desde o golpe militar de 1964'', comenta Couto.

''Na esteira das greves metalúrgicas do ABC, cujo principal líder era um certo Lula, as fábricas de São Paulo começaram a parar por reajustes salariais, melhores condições de trabalho e liberdade sindical. Os jovens Toledo e Gervitz, excitados com o movimento, optaram por fazer de seu filme um instrumento, dando voz aos operários e seus líderes.''

''Visto hoje, 30 anos depois, Braços cruzados ainda impressiona por seu frescor e vitalidade, mas também por documentar um certo mundo operário que parece não existir mais, o das grandes massas de trabalhadores braçais operando máquinas semi-manuais'', observa o crítico, tocando no complexo problema da crise de identidade da classe dos trabalhadores assalariados a partir dos anos 1980.

Filme de amor que comove
''O que fica de mais precioso são as imagens dos trabalhadores nas fábricas, nos ônibus e trens, nas moradias precárias. A fala dos não-militantes são quase sempre mais interessantes do que a dos sindicalistas. Uma operária diz, indignada, na porta de uma fábrica: 'Não é à toa que tem cada vez mais ladrão e gente pedindo esmola. Vale mais roubar ou mendigar do que acordar às três da madrugada para trabalhar na Philco e ganhar uma porcaria'.

''Para o jornalista, ''a câmera de Aloysio Raulino capta com extrema sensibilidade o balé de rostos e corpos que pela primeira vez se viam como atores da história, e não apenas como vítimas ou espectadores. Nos extras, além de entrevistas de Gervitz e Raulino, o destaque são os depoimentos de cinco líderes das greves de 78, três décadas depois. Ao se rever na tela e contextualizar o movimento, eles dão uma demonstração de lucidez, coerência e alegria que chega a comover. Um deles diz a certa altura a palavra 'amor' para definir o que os une. Para além da política, Gervitz e Toledo fizeram isso mesmo: um filme de amor.''


Do Portal Vermelho, com Folha de S.Paulo


A Estrada vai além do que se vê!

Um comentário:

Anônimo disse...

Eta que saudade danada do meu blog preferido! Basta passar uns dias sem vir por aqui e acumulo leitura pra algumas boas horas de distração e informação. Você tem alma de jornalista Ramonzito, alma de jornalista dos bons. Xêro pra ti.