quinta-feira, 12 de agosto de 2010

No claro do dia o novo encontrar

Deputado Carlin, Yé e Lô Borges e Deputada Jô Moraes
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Carlin e Jô lançam comitê no bairro Santa Tereza

“Venha até a esquina. Você não conhece o futuro que tenho nas mãos... De novo na esquina os homens estão...”. Qualquer uma destas frases da música Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Márcio Borges, poderia descrever o último domingo ensolarado no Santa Tereza, o mais tradicional bairro de Belo Horizonte.

Justamente em uma esquina, foi lançado o Comitê na região da deputada federal Jô Moraes e do deputado estadual Carlin Moura.

Filiado ao PCdoB, Yé Borges, foi o organizador do evento. Filho de Seu Salomão e dona Maricota, Yé faz parte da família Borges, que nas décadas de 60 e 70 transformou o bairro em um centro cultural levando para ali Milton Nascimento e todos os músicos que revolucionaram a música brasileira ao criar o Clube da Esquina.

E foi justamente a cultura que aproximou Yé dos comunistas. Militante da causa, Yé conheceu Jô Moraes e Carlin Moura em importantes lutas em defesa da cultura popular que aconteceram nos últimos anos em Belo Horizonte. Cerraram trincheiras na retomada da Quadra da Escola de Samba Cidade Jardim, na manutenção do Mercado de Santa Tereza, na defesa da existência da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.

Todas estas batalhas foram temas de um bate papo animado no encontro da Rua Grabo com Rua Mármore, a esquina que abriga o Comitê pela reeleição dos deputados do PCdoB. Nomes importantes da história do bairro passaram por lá no domingo. Até Lô Borges (foto), parceiro de Milton nos antológicos discos Clube da Esquina, deu o ar da graça.
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Além de muita cultura, aquelas horas serviram também para promover um certo reencontro do bairro com a história do PCdoB. Uma militante comunista era saudada a cada instante pelos moradores que passavam pelas ruas. Dalva Stela, que há anos mora no bairro, foi durante várias gestões Secretária da Regional Leste da Prefeitura. Sua grande capacidade administrativa sempre foi reconhecida, mas no domingo ficou muito mais evidente. O que mais se ouviu foi moradores pedindo sua volta imediata para a Regional. Junto dos pedidos, se ouviu muita reclamação da situação de abandono do bairro causada pela gestão do Prefeito Márcio Lacerda.

Depois de muita conversa, encontros e despedidas, o dia ensolarado reservava uma surpreendente revelação. O PCdoB reencontraria ali uma das partes mais bonitas e tristes de sua história: a Guerrilha do Araguaia. O responsável ao lado de Yé pela campanha dos comunistas no Bairro, Pedro Alexandrino de Oliveira, que se filiou recentemente ao Partido, leva o mesmo nome do seu tio, que foi um guerrilheiro no Araguaia e morreu para conquistar novamente a democracia brasileira.

Pedrinho, como era conhecido em BH, ou Peri, como era conhecido na guerrilha, foi um excelente músico e adorava cantar e tocar seu violão. Era um dos que animava as noites na beira do Rio Araguaia com suas canções. Se estivesse vivo, certamente estaria naquela esquina do Santa Tereza, dedilhando seus acordes naquela conversa.

Estaria “naquela calçada, fugindo de outro lugar”, como fala a música Clube da Esquina. Música, que aliás, parece que foi escrita para descrever aquele lançamento de Comitê. Afinal, todos que ali estavam, ou aqueles que um dia por ali passaram como Pedrinho, “esperam no claro do dia o novo encontrar, um grande país esperam chegar”.

Das esquinas de Santa Tereza, Kerison Lopes para o Caderno Vermelho Minas


A Estrada vai além do que se vê!

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