
Segundo o Presidente Lula, estão fazendo tempestade num copo d’água. Não estaríamos passando por um novo surto de desmatamento, e a culpa não é do agronegócio, nem dos trabalhadores rurais sem-terra assentados. O Presidente ainda desafiou as Organizações Não-Governamentais que culpam o agronegócio, afirmando que tem dados que provam que a agropecuária em nosso país não necessita de mais desmatamento para produzir.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou ontem em visita ao Mato Grosso, para conferir in loco o estado considerado campeão de desmatamento, “não estou aqui para dizer que o culpado é beltrano ou fulano, mas vejam depois quem será multado por essas atividades”. Na Comissão Interministerial que sobrevoou a região do município de Marcelândia, considerado o que sofreu maior impacto no ano passado, estavam presentes, além da ministra Marina, os chefes das pastas do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel e da Justiça, Tarso Genro, o ministro interino da Defesa, Enzo Martins, o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Silas Ribeiro e o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, além de autoridades do Inpe, Ibama, Casa Civil, Polícia Federal e Incra.
O Governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), um dos maiores produtores de soja do país, não concorda com os números divulgados e já solicitou à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, a retratação e revisão dos índices, que atribuem ao Estado a responsabilidade por 53,7% do desmatamento na Amazônia.
No artigo “There is a way to save the rainforests” (Há um caminho para salvar as florestas tropicais), publicado hoje no jornal britânico The Independent, o colunista Johann Hari apresenta algumas saídas para frear a destruição da Amazônia. Afirmando que a culpa é dos Estados Unidos e da União Européia, por consumir produtos provenientes de áreas desmatadas, Hari propõe que seja criado uma espécie de “Plano Marshall” para a Amazônia. Os países desenvolvidos devem financiar a preservação e conservação das florestas nos países em desenvolvimento, propondo inclusive que o governo britânico deixe de repassar fundos para o Banco Mundial até que a instituição transforme radicalmente sua política ambiental.
Na verdade, todo mundo quer “tirar o seu da reta” e arranjar outro culpado. Independente de ser um “nódulo” ou um “câncer maligno”, a questão da destruição da floresta amazônica deve ser encarada com responsabilidade pelo conjunto da sociedade. Medidas duras devem ser tomadas pelos governos, produtores rurais, empresários e terceiro setor, para que a lógica do lucro a qualquer custo não coloque em risco o meio ambiente.
Como afirma Aldo Arantes, em artigo publicado neste blog, “Desenvolvimento sim, mas com a garantia dos interesses nacionais e a preservação ambiental”.
A Estrada vai além do que se vê!