Ana Prestes: Vivemos momento efervescente no plano internacional
Afinada com a movimentação global de organizações sociais e políticas, a cientista política Ana Maria Prestes, membro do Comitê Central do PCdoB, avalia como positivo o atual cenário internacional marcado por manifestações, greves e pelo fortalecimento das frentes progressistas em diversos continentes. “Creio que estamos num momento de efervescência no mundo em níveis diferentes e que o resultado será positivo, levando à maior sofisticação na nossa capacidade de propor alternativas”.
Este sinal, segundo ela, já pode ser identificado na evolução do Fórum Social Mundial ao longo dos seus dez anos de existência. “Conseguimos fazer um bom movimento de resistência, mas produzimos pouco apontamento concreto de alternativas e hoje a conjunção de uma crise profunda no sistema capitalista e todas as experiências que estão ocorrendo em diversos países acabam forçando a produção de propostas concretas para além das análises”, diz. Para Ana, que também compõe a Comissão de Relações Internacionais do PCdoB, “o movimento progressista internacional e a relação entre partidos tende a se intensificar e chegar num patamar diferenciado”.
Este sinal, segundo ela, já pode ser identificado na evolução do Fórum Social Mundial ao longo dos seus dez anos de existência. “Conseguimos fazer um bom movimento de resistência, mas produzimos pouco apontamento concreto de alternativas e hoje a conjunção de uma crise profunda no sistema capitalista e todas as experiências que estão ocorrendo em diversos países acabam forçando a produção de propostas concretas para além das análises”, diz. Para Ana, que também compõe a Comissão de Relações Internacionais do PCdoB, “o movimento progressista internacional e a relação entre partidos tende a se intensificar e chegar num patamar diferenciado”.
A avaliação da cientista política parte da observação de fenômenos diferentes ocorridos em diversos continentes, mas cujo pano de fundo converge para o questionamento da ordem capitalista. Na Europa, a crise levou trabalhadores de diversos países – como Grécia, Portugal, França e Inglaterra, por exemplo – a paralisarem serviços e se manifestarem contra ações governamentais de combate aos efeitos da crise que penalizam o povo.
“Partidos comunistas e operários europeus demonstraram, em 2010, sua força e sua capacidade de mobilização. Por outro lado, a complexidade das realidades locais fez com que a ação internacionalista muitas vezes ficasse em segundo plano. Ainda assim, é possível perceber que as articulações internacionais ganham em conteúdo porque nelas são compartilhadas as diferentes experiências de cada país”, aponta Ana Maria.
Segundo ela, a atual dinâmica europeia merece destaque porque representa certo reencontro dos movimentos progressistas com sua própria essência. “Até pouco antes da crise, havia uma espécie de desilusão com processos nos quais eles investiram e que não deram muito resultado. Acho que esse processo atual de mobilização vai dar uma revigorada nos movimentos e nos partidos europeus e certamente isso contribuirá para a esquerda em nível mundial”.
A experiência da África, por sua vez, é marcada por outras características. “O que os movimentos africanos costumam assinalar é que lá a crise teve um impacto relativo porque a situação do continente é tão delicada, os efeitos nocivos do capitalismo são tão latentes e presentes há tanto tempo que não houve tanta diferença a partir da crise atual; o que houve foi um processo de continuidade do impacto do capitalismo – e mais especificamente do neoliberalismo – nas economias e na vida do povo”.
Conforme explica Ana Maria Prestes, a África vive um momento diferenciado de movimentação das organizações sociais e políticas, o que pode ser exemplificado pela realização em seu território do 12º Encontro de Partidos Comunistas e Operários (ocorrido na capital da África do Sul, Pretória, de 3 a 5 de dezembro), do 17º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes (Johanesburgo, de 13 a 21 de dezembro) e pelo 11º Fórum Social Mundial, marcado para acontecer entre 6 e 11 de fevereiro, em Dacar, no Senegal, todas com presença ativa dos comunistas brasileiros. “Esses eventos são essenciais para que povos de outros continentes passem a ter outro olhar sobre a África e para que haja maior envolvimento dos militantes africanos com o movimento social internacional”, diz.
De acordo com a comunista, o caso da América Latina se encaixaria no meio do caminho entre o que acontece na África e na Europa. “Não está no auge dos encontros internacionais, mas também não está apenas focada nas suas nações. Existe uma dinâmica de integração tanto no nível dos Estados como no dos movimentos”. Ana Maria lembra o papel do Brasil nesse contexto. “O país é como uma ponte entre América Latina e África, tanto no nível do Estado – o governo Lula priorizou a relação com a África – como também no das organizações sociais. Os africanos, por exemplo, observaram com muita atenção – e até apreensão – as eleições no Brasil porque para eles o governo Lula representou um enorme avanço”.
A Estrada vai além do que se vê!
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