Por Paulo Vinícius*
A estupidez e a má fé da grande mídia são espetaculares, assim como sua certeza da nossa suposta imbecilidade. Inacreditável o alarde ante a opinião negativa da Humans Rights Watch sobre o discurso do presidente Lula em Genebra na Comssão de Direitos Humanos da ONU em 15 de junho.
Opinião é assim, cada qual com a sua e segundo seus interesses. Mas, porque esse espanto sobre a opinião de uma ONG com nome em inglês e opinião também, super isenta (ave Maria!), com vínculos sei lá quais com os EUA e Europa, como se isto fosse reprimenda ante o Brasil?! ONG há para tudo, umas ao lado do povo e outras a servir ao imperialismo.
Ó colonizada mídia a soldo do estrangeiro, foi-se o tempo em que nos guiávamos por seus dictats. O Brasil move-se sabiamente em prol de seus interesses nacionais e regionais e em busca de construir um mundo onde o multilateralismo e o diálogo prevaleçam, e não a força.
É também com base neste tipo de opinião de algumas 'renomadas' ongs que se fez o genocídio ao povo iraquiano... é com este lastro ideológico às expensas do Departamento de Estado que se invadiu o Afeganistão. É com base nestas opiniões que se prepara o terreno da opinião pública para mais à frente virem as propostas de "internacionalização" da Amazônia. Daí advém o virulento e irracional pavor que visa a travar nosso desenvolvimento em matéria atômica. Como se um país como o nosso devesse deixar isto aos cuidados de quem disparou as bombas de Hiroshima e Nagazaki e ainda posam de mocinhos.
Quero ver a Humans Rights Watch promovendo uma campanha mundial pelo imediato fechamento de Guantánamo, a desoupação de Iraque e Afeganistão pelos EUA e pelo estabelecimento de um Estado palestino! Quero ver o Greenpeace mais agressivo na defesa do desarmamento nuclear estadunidense!
Ao contrário desta cobertura "espetacular" e do muxoxo com que o Jornal Nacional relata o descolamento do Brasil das posições das grandes potências em direitos humanos, o mesmo não ocorre quando reúnem-se os BRIC para avançar na institucionalidade de uma articulação inédita e poderosa. Ao contrário, as referências são ridículas, pessimistas, chegando ao cúmulo de se dizer que é primera vez que um artigo vira um bloco - porque o termo foi citado pela primeira vez num artigo -, como se isto fosse importante. É demais!
Lula e o Brasil fizeram dois gols de placa ao rejeitar corajosamente o intervencionismo sob a pecha de defesa de direitos humanos. Por isso a grita desta ONG, não é á toa. Para mim, as críticas do JN e da HRW são as melhores referências para o acerto do Brasil.
Ademais, a posição do Brasil é plenamente coerente com nossa histórica defesa da autodeterminação dos povos. Quando dizemos que a comissão não deve assumir postura de tribunal, mas fazer a necessária interlocução, buscar o diálogo como via central, só desagradamos aos que buscam manipular tais espaços da ONU para justificar uma agressividade belicosa e sedenta de sangue. Depois, quando há centenas de milhares de mortos, a tortura e a intervenção, quando grassa a fome o desespero, onde vão parar os direitos humanos? Aí, o silêncio impera... e os lucros avultam.
Por isso mesmo foi um no cravo e outro na ferradura. Rejeitar por um lado a manipulação e defender o diálogo e, em seguida, reunir Brasil, Rússia, Índia e China, buscando caminhos para unir esta parcela tão importante da humanidade, e discutindo inclusive alternativas ao combalido dólar estadunidense!!!!
São gestos contundentes no sentido do multilateralismo. São expressões da nossa nova condição no mundo. São afirmações do talento, brilho e papel do Brasil no século XXI. Não é a toa que esta mídia sabuja e lambe botas se doa. E não é à toa que devemos continuar este rumo em 2010, para nunca mais nosso chanceler tirar sapatos para uma humilhante revista em uma alfândega estadunidense.
Vejam na rádio da ONU o discurso de Lula na comisão de Dreitos Humanos para não estarmos reféns ante a estupidez de rasas análises de jornalistas a soldo. Só a íntegra pode nos salvar. O endereço é http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/detail/165500.html
*Cientista Social e Bancário
Também publicado no Coletivizando e no Portal Vermelho
A Estrada vai além do que se vê!
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