quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Nova reforma ortográfica vale a partir de amanhã

"Assembleia para para ver o voo dos pinguins". A partir de 1º de janeiro de 2009, essa frase se escreverá assim: sem trema, sem acento agudo no ditongo "ei" e sem circunflexo no grupo "oo". As mudanças são algumas entre as trazidas pelo novo acordo ortográfico da língua portuguesa, assinado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva em 29 de setembro.

Em Portugal, o mesmo texto havia passado pelo parlamento em 16 de maio. O objetivo da reforma é unificar o padrão escrito dos países que usam o português, uma idéia (ou melhor, ideia) que linguistas dos dois lados do Atlântico tentam pôr em prática desde 1975, quando surgiu o primeiro projeto de acordo ortográfico comum para brasileiros e portugueses.

"A ONU produz materiais em inglês, espanhol e alemão, mas não em português. Como temos duas grafias, acabamos deixados de lado. É um prejuízo sem tamanho para a divulgação da língua", disse o gramático brasileiro Evanlido Bechara no início do ano.

Para o português do Brasil, apenas 0,8% das palavras passarão a ser escritas de maneira diferente. Em Portugal o impacto é maior: muda 1,3% dos vocábulos, principalmente pela queda das consoantes não pronunciadas (os portugueses escrevem "óptimo" e "acto").

Prazo para entrar em vigor
O decreto presdencial 6.583 prevê um prazo de transição de três anos para que o Brasil adote a nova ortografia. Até 2012, as duas regras valerão.

Nas escolas, a mudança será sentida à medida em que os novos livros didáticos sejam publicados. Em Portugal, o prazo previsto para a mudança é de seis anos. Os portugueses apresentam maior resistência às novas regras, encaradas por muitos como "de interesse do Brasil".

"O acordo serve interesses geopolíticos e empresariais brasileiros, em detrimento de interesses inalienáveis dos demais falantes de português no mundo, em especial do nosso país", protestou o deputado português Vasco Graça Moura à época da assinatura do acordo em Portugal.

Aos ouvidos de quem não fala português, o acordo ortográfico também soou mais "brasileiro". "É como se os britânicos decidissem escrever, por exemplo, traveler (viajante), como os americanos, em vez de traveller", publicou o jornal inglês The Independent.

Além de Brasil e Portugal, o acordo já foi ratificado em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Ainda não definiram quando aceitarão o documento Timor-Leste e os africanos Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.




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