terça-feira, 5 de agosto de 2008

UNE cai na estrada


Há 9 dias do início das atividades, o EstudanteNet apresentou os temas desta iniciativa inédita em parceria com o Ministério da Saúde.

No dia 12 de agosto será dada a largada, no Rio de Janeiro, para a Caravana da UNE: Saúde, Educação e Cultura, com a presença do Presidente Lula. Serão mais de três meses de viagem, aproximadamente 32 mil quilômetros de estradas passando por 41 universidades públicas e privadas do Brasil dos 26 estados, mais o Distrito Federal. Na bagagem, a idéia de discutir temas ligados aos três eixos centrais, sob a ótica da juventude brasileira.

Falta pouco mais de uma semana para o início das atividades. Pensando nisso, o EstudanteNet lançou nesta segunda-feira (4) um especial sobre os temas que serão discutidos durante a Caravana, que tem por objetivo promover uma campanha em defesa da saúde pública, sempre com foco na realidade dos jovens e nas necessidades e problemas específicos de cada estado.

Baseado em dados do Ministério da Saúde, serão colocados os seguintes temas: Violência no Trânsito – Lei Seca, avanço ou retrocesso; Direitos Sexuais e Reprodutivos; Saúde e Sexualidade – Aids e DSTs; Saúde e Tolerância; e Drogas – Legalizar ou não?. O texto de estréia segue abaixo. Acompanhe.

Direitos Sexuais e Reprodutivos
Dentro deste tema serão abordadas questões sobre: aborto, planejamento familiar e políticas públicas para as mulheres. O início cada dia mais cedo e entendimento da sexualidade, a gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis e a desigualdade entre os sexos, levantam a discussão para questões sociais que a envolve e o quanto é importante desenvolvermos políticas públicas para as mulheres.

Aborto
Vários são os motivos que levam as mulheres a abortarem, todos custam muita reflexão, muita ansiedade, na maioria dos casos, muita dor. Nenhuma mulher considera simples e indolor a decisão pelo aborto. É uma decisão extrema. As mulheres prefeririam evitá-lo, não passar por essa situação. Pior, no entanto, seria levar a gravidez adiante não sendo sua opção.

Segundo dados do Ministério da Saúde, 250 mil mulheres são internadas em hospitais do SUS por complicações devido a abortos induzidos ou espontâneos por ano. De um milhão de jovens entre 10 e 19 anos que engravidam a cada ano, mais de 200 mil abortam, a maioria na clandestinidade, provocando sérios danos à saúde.

A luta pela legalização do aborto envolve várias nuances: laicização do Estado, saúde pública, questões econômicas, sociais, psicológicas, autonomia das mulheres. "Colocamos em debate a função social da maternidade, a responsabilidade do Estado pela reprodução garantindo serviços de saúde de pré-natal e parto, creche e educação. Ao mesmo tempo viemos dizer que as mulheres devem decidir se querem ter filhos e qual o melhor momento", afirma a diretora de Assuntos da Mulher da UNE, Ana Cristina Pimentel.

13 a 15% das mortes maternas se devem a abortos. O número reflete a precária situação em que esses procedimentos são feitos, conseqüência de uma legislação restritiva: no Brasil a interrupção da gravidez só é legal em caso de estupro ou quando há risco de vida para gestante.

Segundo a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, a taxa de aborto no Brasil (35 a 40 a cada mil mulheres) é maior do que em países onde o procedimento é permitido por lei, como a maior parte da Europa Ocidental (10 a cada mil mulheres).

Políticas públicas para as mulheres e planejamento familiar
A cidadania das mulheres e as condições para seu exercício são questões centrais da democracia, e não apenas um debate setorial. Construir uma nação verdadeiramente democrática significa construir uma nação com igualdade de direitos e oportunidades para todos e todas.

Planejar a família é ter os filhos desejados, em ocasião oportuna é um desses direitos. Levantamento realizado pela Universidade Federal de São Paulo refere que nascem cerca de um milhão de bebês por ano de mães solteiras entre 15 e 19 anos. De cada 100 gravidezes indesejadas, 25 das respectivas mulheres já têm ao menos um filho.

Outro dado preocupante diz respeito ao salário pago às trabalhadoras brasileiras que continua menor do que os recebidos pelos homens, mesmo quando há igualdade de escolaridade. Na média salarial, uma mulher recebe 71,3% do rendimento do homem trabalhador. Nas seis capitais brasileiras pesquisadas pelo IBGE, verificou-se que, para cada 780 mil homens desempregados, há 1 milhão de mulheres na mesma situação.

Para mudar essa realidade é fundamental a criação de conselhos, coordenadorias e secretarias de mulheres, nos diferentes níveis de governo, como instrumento para a implementação de políticas que promovam a eqüidade de gênero. Bem como difusão de políticas públicas anti-discriminatórias nas áreas de trabalho, saúde, enfrentamento à violência e educação.

É imprescindível também que o Estado chame para si a responsabilidade de elaborar uma política de planejamento familiar, numa ótica de direitos sexuais e reprodutivos com base nas duas conferências das Nações Unidas sobre o tema (Cairo, 1994 e Pequim, 1995).

É dever do Estado dar-lhes educação sexual (combatendo enfaticamente a noção de que a contracepção é dever único e exclusivo da mulher), acesso irrestrito à contracepção e contracepção de emergência e, uma vez que nenhum método de contracepção é 100% eficaz, legalizar o aborto. Da mesma forma, é também dever do Estado dar à mulher toda a infra-estrutura para ter o bebê, se esta for sua escolha.

Mais uma vez, trabalhando com a lógica da divisão das responsabilidades entre homens e mulheres: como ampliação das licenças paternidade e maternidade; creches etc.

O próximo tema da série especial Caravana da UNE: Saúde, Educação e Cultura será Violência no trânsito e a Lei Seca.

Da Redação do Estudantenet.

Mais informações sobre o lançamento da Caravana no Blog do CUCA.



A Estrada vai além do que se vê!

2 comentários:

Anônimo disse...

Pq vc tirou a sua foto do seu blog?
Beijus.

Ramon Fonseca disse...

Não sei o que aconteceu, mistérios da informática, hehehe.
Mas já está solucionado.
Beijos.