terça-feira, 7 de outubro de 2008

Somos e devemos ser socialistas

Em 2 de outubro passado, falamos do preço internacional dos combustíveis que estamos consumindo. Tenho a impressão de que, por sua magnitude, chamou a atenção de muitos dirigentes e quadro.

Em geral, fala-se das porcentagens da população que têm acesso à eletricidade ou a outros serviços da vida moderna. Esta pode flutuar entre 40%, ou menos, e 60%, ou um pouco mais; irá depender do acesso aos recursos hidrelétricos ou de outros fatores.

Antes de 1º de janeiro de 1959, quase a metade da população de Cuba não tinha eletricidade. Atualmente, com uma população de ao redor de duas vezes maior e amplo acesso a essa energia, o consumo se multiplicou várias vezes.

Em nosso país, como em grande parte do mundo — exceto nas nações muito ricas —, essa eletricidade chega por ar com a utilização de torres, postes elétricos, transformadores e outros meios, muitos dos quais foram derribados pelos fortes ventos dos furacões Ike e Gustav em toda a Ilha.

Um artigo do jornal Granma, de María Julia Mayoral, destaca de maneira geral os destroços na rede elétrica causados pelos dois fenômenos; mas, além disso, acrescenta que, durante a passagem dos furacões, os grupos eletrogêneos garantiram a eletricidade a "966 padarias, 207 centros de elaboração de alimentos, 372 emissoras de rádio, 193 hospitais, 496 policlínicas, 635 estações de bombeio de água, 138 lares de idosos, e a outros centros fundamentais."

"Essa garantia significa … que, em muito breve, tiveram que ser desmontadas centenas de equipamentos de emergência colocadas em entidades de produção e de serviços, com o objetivo de instalá-las de maneira emergente em lugares sem conexões com o SEN. Isso foi possível, graças à ação coordenada de brigadas de montagem de vários organismos, empresas de transporte e ao apoio das autoridades locais. Os meios transladados provisoriamente serão levados para os centros de origem quando a situação voltar à normalidade."

As palavras, que transcrevo de forma textual, demonstram o desvelo com que os dirigentes do Partido e do governo, nacionais e locais, se dedicaram a buscar soluções.

O artigo de María Julia intitula-se "Despesas milionárias para fornecer energia à população».

Considero oportuno lembrar que os grupos eletrogêneos foram instalados com os objetivos seguintes:

• Garantir serviços vitais como a saúde ou a conservação de alimentos em qualquer circunstância;
• Produções de alimentos industriais tais como pão, leite e outros gêneros.
• Garantir fundições de aço, que não podem ser interrompidas porque provocariam grandes prejuízos à indústria.
• Serviços da defesa e informações públicas que não podem faltar em nenhum momento. Basta assinalar os próprios centros de Meteorologia e seus radares, que acompanham a trajetória dos furacões.
• Geração progressiva de eletricidade com consumo mínimo, muito mais eficiente que as termelétricas disponíveis.

Ressaltados esses pontos, é necessário lembrar que os grupos eletrogêneos vão, desde pequenos motores com potência para produzir 40 ou menos kW/hora, até equipamentos de mais de mil. Às vezes, há que somar vários desses motores, por exemplo, num centro hospitalar com avançado equipamento tecnológico e um sistema de climatização indispensável, que soem ser grandes consumidores de energia.

Tais motores funcionam com diesel e sua eficiência cresce à medida que aumenta sua capacidade de geração de eletricidade até um ponto determinado. Precisam de graxas adequadas, reservas de peças, manutenção, etc.

Um número crescente de grupos eletrogêneos são constituídos por motores que são de produção contínua e que consomem outro combustível.

O ideal é que cada centro de produção ou serviços referido receba eletricidade do Sistema Eletro-Energético Nacional (SEN), com maquinarias mais eficazes que trabalham com fuel oil, de muito menor custo que o diesel, obtido da refinação do petróleo, combustível de crescente uso no transporte de carga e de passageiros, em tratores e outros equipamentos agrícolas.

Quando os grupos eletrogêneos que trabalham com diesel se convertem, por qualquer motivo, em geradores de eletricidade para as moradias e são submetidos a um regime de trabalho durante 20 horas ou mais, as conseqüências são negativas. Seu destino principal são as emergências e, no desenvolvimento atual de Cuba, um número reduzido de horas de pique.

Dentre os geradores que consomem hidrocarbonetos, nada pode comparar-se com os grupos eletrogêneos que trabalham com fuel oil, embora o investimento seja mais custoso. Por seu peso e complexidade, não podem ser transladados de um lugar para outro em qualquer momento. Nesse sentido, unicamente são superados pelas usinas de ciclo combinado a partir de gás, ao qual extraem previamente o enxofre e outros elementos poluentes.

É conveniente salientar a necessidade de que nenhum dirigente esqueça que não se deve perder um só minuto em reintegrar todos os motores que consomem diesel a suas funções em municípios e províncias vizinhas mal acabe a emergência. Temos sério déficit desse combustível, gasta-se demais no país e foi imprescindível reduzir as quantidades demandadas.

A produção e distribuição de alimentos e materiais de construção, reitero, têm prioridade absoluta neste momento. Não somos um país capitalista desenvolvido em crise, cujos líderes enlouquecem hoje, procurando soluções entre a depressão, a inflação, a falta de mercados e o desemprego; somos e devemos ser socialistas.

Fidel Castro Ruz
4 de outubro 2008
19h35

Artigo publicado no Granma.


A Estrada vai além do que se vê!

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