Artigo do jornalista Orion Teixeira, editor de política do jornal Hoje em Dia, anuncia o que nos bastidores é bastante comentado. A deputada do PCdoB Jô Moraes é a primeira colocada nas pesquisas para a Prefeitura de BH, encomendadas recentemente. Teixeira apresenta, com base nestes dados, uma interessante análise do quadro sucessório mais complexo e que mais chama atenção no país.
Jô Moraes sai na frente em BH
Sem apoio dos palácios (da Liberdade e da Prefeitura), a deputada federal comunista Jô Moraes (PCdoB) lidera a corrida sucessória para a Prefeitura de Belo Horizonte nas primeiras pesquisas até agora realizadas neste período de pré-campanha eleitoral. Numa delas, ela aparece com 12% para uma margem de erro de quatro pontos percentuais. Sua liderança só não é isolada por conta da alta margem de erro que a coloca ‘embolada‘ com outros dois concorrentes. O ungido dos palácios, o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Márcio Lacerda (PSB), é o segundo colocado, ligeiramente à frente do deputado federal Antônio Roberto (PV). Seja como for, nenhum deles ultrapassa a casa dos magros 10%. Os outros, Gustavo Valadares (DEM) e Leonardo Quintão (PMDB), são apenas traços e não saem disso quando variam os cenários.
Estes são os nomes que comporão o quadro sucessório em BH e ponto final. Não existem alternativas ou mudanças daqui pra frente. O candidato da aliança do governador Aécio Neves (PSDB) e do prefeito de BH, Fernando Pimentel (PT), será mesmo o do plano A, que leva o nome de Márcio Lacerda. Apesar da boa marca, não se pode dizer que Jô ganhará muito menos que perderá. Apenas reflete um quadro que, até o final do mês passado, ou a oito meses das eleições, deixavam em parafuso os institutos de pesquisa que não sabiam sequer por onde começar ante a falta de definição e de candidaturas.
De acordo com os pesquisadores, dos três embolados, Lacerda é o que tem chances mais vigorosas de crescimento. Para deixar os magros 10% e chegar ao favoritismo que o apoio recebido lhe pressupõe, Lacerda vai deixar, de uma hora para outra, o alto grau de desconhecimento que tem na cidade. A seu favor, tem dois eixos propulsores: o da emoção, que marcará a campanha, por meio da união e entendimento das duas principais lideranças políticas; e o pragmático, baseado na crença de que, se o seu projeto tem o apoio dos dois palácios, terá também tudo para dar certo e influenciar o destino da cidade e das pessoas. Segundo a mesma pesquisa, a aliança tucano-petista tem o apoio de 90% dos entrevistados. A partir daí, restaria a Jô e Antônio Roberto apenas o elemento surpresa. Nada mais.
O único nome que poderia alterar o quadro, não se sabe em quanto e até quando, na avaliação dos especialistas, seria o do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), em caso de uma candidatura própria e não por conta de uma eventual frente contra a aliança tucano-petista. Neste ponto, Hélio Costa teria chegado atrasado, mas sua candidatura ainda guarda algum recall (lembrança de seu nome). Repete-se: não se sabe em quanto e até quando, até porque o ministro não disputa uma eleição há seis anos.
No último encontro que teve com Pimentel, Patrus deu aval à aliança e sugeriu rediscutir o nome sem condicionante alguma. Apenas fez, como foi dito aqui em relação ao primeiro encontro que teve com Aécio, ou seja, marcou sua posição novamente. Tanto é que Patrus deixou a cargo de Pimentel a versão do encontro para a imprensa.
Aliás, antes desse encontro, os dois tiveram outro, sigiloso, quando alternativas foram discutidas. A resposta veio agora, deixando a fatura liquidada. Ou seja, foi cumprido o ritual, Patrus e Hélio Costa foram ouvidos e marcaram suas posições.
Para evitar quaisquer mudanças, Aécio e Pimentel transformaram em bombeiro o antes incendiário Ciro Gomes (PSB), que conversou com Hélio Costa e, para manter o estilo, deu um chega pra lá nos petistas resistentes, ao avisar que seria um ‘ato de hostilidade‘ vetar Lacerda. A disputa, hoje, está mais em baixo, ou seja, os grupos petistas disputam entre si para indicar o candidato a vice de Lacerda. O de Pimentel, com apoio do de Virgílio Guimarães e adesão do vice-presidente da Caixa, Carlos Gomes, detém o controle absoluto dos votos, conforme revelado aqui há 15 dias. A impressão, de quem vê o PT por fora, é que houve até agora ‘muito barulho por nada‘, ou como dizia o bruxo Hélio Garcia: ‘campanha é igual a caminhão de porcos; quando está parado, eles fazem muito barulho, mas, em movimento, tudo se acalma e ajeita'.
Aécio e Pimentel estão mostrando ao país um jeito diferente de fazer as coisas, e mais, que nada se constrói da noite para o dia. Desde 2003, eles vêm costurando o tal entendimento e mantiveram a linha, convencidos e orientados pelas pesquisas de que a população aprova a união, cansada que está no denuncismo e da briga. Juntos, farão da sucessão de BH a mais badalada do país e, por isso, terão mídia nacional espontânea durante o ano todo. Em datas e com personagens diferentes, Aécio repete, agora, o que fez seu avô. Com a aliança, Aécio ganha nova blindagem contra defeitos atuais e futuros, como uma eventual mudança de partido. O entendimento lhe dará o salvo-conduto e será maior do que a tese da fidelidade partidária.
Publicado na edição do dia 23/03/2007
Reproduzido do Caderno Vermelho Minas
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