Campanha reúne mais de mil estudantes em passeata pelas ruas da cidade
Meio-passe já, só falta BH!
De acordo com as entidades estudantis, a idéia é sensibilizar a comunidade com os dados que apontam o transporte como o terceiro maior gasto da família brasileira.
Com faixas e carro de som, cerca de mil estudantes secundaristas e universitários de Belo Horizonte deram início ontem, na Avenida Sinfônio Brochado, na Região do Barreiro, a uma série de manifestações em defesa do meio-passe no transporte.
A última manifestação pelo passe estudantil aconteceu em agosto deste ano. A próxima região alvo da campanha "Meio-passe já, só falta BH!" será a Leste, em outubro, quando os jovens farão passeata pela Avenida dos Andradas, na altura da Estação Santa Tereza, até a Câmara Municipal.
As entidades estudantis esperam que a campanha alcance toda a capital. De acordo com o presidente da União Colegial de Minas Gerais (UCMG), Flávio Nascimento, a idéia é sensibilizar a comunidade - alunos, pais e professores -, com os dados que apontam o transporte como o terceiro maior gasto da família brasileira.
Segundo ele, a falta do benefício é causa de 40% da evasão escolar no Estado. "O meio-passe trará benefícios não só para os estudantes, mas principalmente para seus pais, que na maioria das vezes são trabalhadores de baixa renda e não têm condições de arcar com o valor abusivo das passagens de ônibus", argumenta.
A estudante da 6ª série, Samantha Gabrielli, 14 anos, mora atrás do Bairro Santa Helena e, para chegar à Escola Estadual Margarida Brochado, só mesmo de ônibus. Ela é uma das que defendem a criação do meio-passe, já que gasta R$ 3 diariamente com transporte. "Só consegui vaga nesta escola, e o jeito é vir de ônibus. E pagar passagem todos os dias pesa muito no fim do mês", disse.
A amiga Cleise Thatiane, 13 anos, também concorda com a manifestação. "Seria um alívio para o bolso dos nossos pais que, além de bancar as despesas com estudo, ainda precisam reservar uma grana para o ônibus", reclama a jovem.
"Visitamos escolas, em todas existe uma grande vontade por parte dos estudantes de participar do movimento e lutar em defesa de seus direitos", relata Luíza Lafetá, vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES).
São jovens como Felipe Diego, 15 anos, aluno do 1º ano da Escola Municipal Luiz Gatti, que lamenta que BH não exista nenhuma política de transporte para estudantes, além de ser a terceira cidade com a tarifa mais cara do país (R$ 2,10), segundo informações da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Palmas, no Tocantins, e Belém, no Pará, têm os valores mais baixos (R$ 1,50) e oferecem desconto de 50% na passagem para estudantes, conforme levantamento feito pela Urbs.
Uma proposta de projeto de lei foi elaborada para tramitar na Câmara, mas não pode ser apresentada enquanto houver outros textos com o mesmo assunto no Legislativo. O documento sugere a criação de um fundo na prefeitura para subsidiar o transporte escolar, além de serem empregadas verbas da União que vêm para o município.
O benefício seria para estudantes de todos os níveis e redes de ensino. Se aprovado pela Câmara e sancionado, o gerente de Contribuições e Estudos Tarifários da BHTrans, Sérgio Luís Ribeiro de Carvalho, informou que a instituição do benefício para os estudantes incidiria no valor da passagem.
Péricles Francisco, para o EstudanteNet
A Estrada vai além do que se vê!
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